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Naquele que era o teste final do Benfica nesta pré-temporada, a equipa comandada por Rui Vitória deslocou-se a França, para defrontar o Olympique de Lyon. Para este jogo houve várias baixas na equipa, com Fejsa, Salvio e Jonas a terem problemas físicos recentes e a não poderem dar o seu contributo à equipa. Rui Vitória fez algumas alterações na equipa, colocando por exemplo Guillermo Celis a titular no meio-campo. Júlio César, André Almeida, Luisão, Victor Lindelöf, Grimaldo, Samaris, Guillermo Celis, Carrillo, Pizzi, Gonçalo Guedes e Mitroglou – foi este o 11 com que iniciámos a partida.
Naquele que era, em teoria, o teste mais exigente para o Benfica 16/17 até agora nesta pré-época, os encarnados defrontaram o Wolfsburg, equipa que na época passada chegou, assim como os comandados de Rui Vitória, aos quartos-de-final da Liga dos Campeões. Para este jogo, Rui Vitória apresentou uma equipa que já começa a estar muito próxima daquela que eventualmente iniciará a época oficial, no jogo da Supertaça. Paulo Lopes, André Almeida, Lisandro, Jardel, Grimaldo, Fejsa, André Horta, Pizzi, Franco Cervi, Guedes e Mitroglou foram os eleitos de Rui Vitória para o 11 titular.
Foi no sul de Portugal que se iniciou a pré-época do Benfica, com a participação na Algarve Football Cup, torneio triangular que incluía ainda as equipas do Vitória de Setúbal e do Derby County. Os comandados de Rui Vitória começaram a época da mesma maneira que a terminaram: levantando um caneco. Depois do empate a 0 contra o Vitória e goleada ao Derby County por 4-0, Luisão ergueu mais uma taça.
Ao contrário da pré-época passada e mesmo estando privado de vários jogadores fundamentais, a equipa encarnada apresentou-se num nível mais alto, mostrando já algumas rotinas interessantes. Também deu para perceber a enorme qualidade individual que este plantel tem para a nossa realidade, principalmente nas posições mais atacantes, onde até podemos afirmar que há qualidade em demasia.
Depois de algum impasse sobre se ficaria ou não no Benfica e já depois de estar a treinar às ordens de Rui Vitória, Óscar Benítez foi hoje oficialmente apresentado como jogador do Sport Lisboa e Benfica. O extremo chega do Lanús, clube que recentemente se sagrou campeão argentino, após bater na final do campeonato o San Lorenzo por 4-0.
Júlio César, Nélson Semedo, Lisandro, Jardel, Sílvio, Fejsa, Samaris, Gaitán, Ola John, Talisca e Jonas. Éderson, Carcela, Diego Lopes, Bilal Ould-Chikh, Mitroglou, Murillo, Pelé, Taarabt, Marçal, e Francisco Vera. De um lado, temos os jogadores que foram titulares na Supertaça, no outro temos os jogadores contratados para esta época. Nomes em comum? Nenhum.
Rui Vitória herdou para o início da corrente época um plantel bicampeão, mas que viu sair o titular do lado direito da defesa, um dos avançados, Lima, e ainda temos o caso de Salvio que sofreu uma grave lesão no joelho. Para juntar a isso, o treinador do Benfica não pôde contar com o capitão Luisão para o jogo da Supertaça. Já durante a época passada, em Janeiro, o Benfica tinha vendido Enzo, e a equipa sentiu-se disso na 2ª volta, não tendo tido até agora um substituto à altura. Resta ver que desde a saída de Enzo, o Benfica tem menos pontos no campeonato que o Porto, mesmo com Jorge Jesus no comando da equipa. O plantel já era de si algo fraco, todos temos a noção disso, com lacunas. Quer se queira quer não, Jorge Jesus nos dois últimos anos conseguiu montar um colectivo extremamente forte e que conseguiu mascarar muitas das lacunas que vários jogadores tinham. Não há que esconder isso, tinha muitos defeitos mas também muitas virtudes, e eu até devo ser uma das pessoas no mundo que menos gosta do agora treinador do Sporting.
Ora bem, a estrutura do Benfica achou por bem dar um avanço de um mês e meio. Para além de não se aperceber que a pré-época tinha sido preparada de um modo amador - assunto que ainda abordarei, mais uma vez -, decidiu que esta equipa só se devia começar a reforçar a sério na semana da Supertaça, mas antes disso decidiu contratar 11 jogadores, e que apenas um tem contado até agora, Carcela. Como se isso não bastasse, ainda deixou sair titulares sem se acautelar a tempo. Destes 11 jogadores que chegaram, muitos nem estão no clube, ou sequer se apresentaram. A estrutura do Benfica tem que perceber que são estes Marçais, estes Pelés, estes Veras, que roubam o lugar a jogadores da formação, não os craques que saem, e não se pode pensar que um Enzo sai e João Teixeira assume logo o lugar. Estamos com quase um mês e meio desde o início dos trabalhos e o Benfica jogou um jogo oficial sem 4 titulares do ano passado – 5 se for contar com Eliseu, mas como foi opção técnica não entra neste lote - e sem nenhum reforço na equipa. Lembrem-se, o campeonato começa esta semana.
Rui Vitória, tem estado a desiludir-me e muito, não vou mentir. Esperava muito muito mais, porque a jogar assim, nem com Ibrahimovic e Suárez na frente. Não tem conseguido retirar quase nada dos melhores jogadores da equipa, nem fazer com que outros mostrem algo. Há muito de mau que se pode falar do jogo da Supertaça, muitos equívocos, muitas coisas que não se entendem e acima de tudo, um péssimo futebol que o Benfica tem praticado. No entanto, também muita da responsabilidade não se pode culpar exclusivamente a ele. As condições que ele teve até agora foram bastante duvidosas. O fardo que ele herdou é muito grande e pesado. Deveria ter sido acautelada a forma tranquila como a equipa trabalharia. Estar 6 anos com um treinador e depois chegar outro, não é nada fácil, há muita coisa que é preciso mudar. O padrão de exigência dos adeptos é agora, naturalmente, maior para com o treinador. Só esta semana teve direito a um verdadeiro reforço, teve uma pré-época difícil e a equipa chegou a Portugal na semana em que disputaria um título, e que representava muito para os adeptos do Benfica.
«Estivemos 16 dias fora e foi razão para muitos falarem de falta de organização da pré-temporada. Esses têm complexo de clube pequeno»
Esta foi uma das frases que Luís Filipe Vieira disse durante esta semana, e que me tocou particularmente. Não que tenha sido dirigida a mim, claro, sou apenas um simples adepto do Benfica que pensa pela sua cabeça, mas que foi dirigida a todos os que tentam entender algo e pensar pela sua cabeça. O que acha agora o presidente do Benfica depois de ver num jogo oficial, um jogo que estava um troféu em disputa, um jogo que contava bem mais que uma simples taça, ver aos 30 minutos um Samaris ou um Fejsa que já não podiam com o rabo? Isto de se vir falar e bater palmas a tudo é muito bonito, mas sem a exigência e a crítica construtiva, as coisas não melhoram. Para se melhorar, primeiro é preciso perceber que se erra, mas a estrutura do Benfica nunca vai admitir que errou nesta questão, porque precisava daquele dinheiro como de pão para a boca. Três semanas sem nenhum jogo, poucos jogos de pré-época, jogos em condições muito duvidosas para os jogadores, horários muito diferentes dos normalmente praticados, muitas viagens, o chegar a Portugal já na semana de jogo, quando os jogadores precisariam ainda de se voltar a habituar aos novos horários e clima, foi de uma incompetência atroz, ainda para mais quando a equipa viu chegar um novo treinador. E isso teve custos, não para a estrutura do Benfica, mas para a equipa e treinador, como se viu no Domingo.
Os reforços irão chegar naturalmente agora, serão bons jogadores, e isso será quase o começar de uma nova pré-época para o treinador do Benfica, isto na semana do inicio do campeonato. Quem é que ainda não tinha percebido que o Benfica precisava de reforços que entrariam de caras na equipa titular? É preferível comprar pouco e bem, que muito e mal. Preferiria um jogador que fosse titular de caras da equipa, do que todos aqueles nomes que todos os verões vemos chegar à Luz e que pouco contam. A estrutura do Benfica que não pense que por termos sido bicampeões fazem tudo bem, e que não há nada que melhorar. Que não pense que estamos na frente por termos sido bicampeões e os outros é que têm de correr atrás de nós. É preciso exigência, trabalho, não andar a viver de anos anteriores, e não utilizar sempre o mesmo discurso para qualquer situação que aconteça.
Que no fim da época nada disto pese, e que o Benfica ganhe tudo o que ainda há para conquistar internamente, é só o que peço.
O Benfica disputou ontem o último jogo de preparação antes da Supertaça. Rui Vitória disse que a equipa titular iria ser perto daquilo que ia usar no jogo contra o Sporting, mas que não ia ser a mesma. Para este jogo, o Benfica apresentou-se em campo com Júlio César na baliza, André Almeida a lateral direito e Sílvio a lateral esquerdo, com Luisão e Lisandro López a formarem a dupla de centrais. No meio-campo estiveram Fejsa e Pizzi, com Talisca e Gaitán nas alas. A dupla de avançados foi composta por Jonas e Jonathan Rodríguez. As duas principais novidades foi a entrada de Lisandro para o lugar do lesionado Jardel, e de Jonathan para o ataque.
Os primeiros 10 minutos foram divididos. O Benfica a tentar ter bola, mas a não correr riscos a jogar a sair de trás, fazendo posse de bola principalmente quando chegava a zonas de mais segurança. O Monterrey começava a aperceber-se que ia ter espaço para jogar, principalmente no espaço entre a defesa e meio-campo do Benfica e nas costas da defesa.
Aos 13 minutos, Pabón, jogador do Monterrey aparece isolado, mas Júlio César defende. Aos 18 minutos, e após procurar o espaço interior, Talisca remata com perigo, mas a bola passa por cima. Perda de bola de Pizzi aos 21 minutos, e o Monterrey em contra-ataque quase marca, valeu mais uma vez Júlio César.
Pouco de interessante se passava no jogo, até que aos 27 minutos Fejsa recupera muito bem uma bola e avança no terreno. A equipa desdobra-se bem, aparecendo Jonas e Gaitán a combinar, mas Gaitán quando devia ter rematado tenta a assistência e o lance acaba por se perder. Aos 30 minutos o Benfica pressiona muito alto a saída a jogar de um pontapé de baliza do Monterrey, Jonathan consegue recuperar a bola e cruza a área, onde aparece Jonas a cabecear mal.
Aos 33 minutos de jogo, voltamos a ter um jogador do Monterrey isolado, após se desmarcar entre Lisandro e Sílvio, mas acaba por rematar ao lado. Por volta dos 37 minutos, contrariedade na equipa do Benfica. O capitão Luisão sai lesionado, com queixas na zona abdominal, e entra Samaris, recuando Fejsa para central. Perto do intervalo, o Benfica consegue trocar a bola, aparecendo Pizzi a rematar de fora da área, mas a bola vai por cima da barra. O jogo acabou por chegar ao intervalo sem mais nada de interessante acontecer e com o 0-0 no marcador.
Esta primeira parte foi quase uma cópia do jogo contra o América. Equipa a ter alguma segurança na posse de bola, principalmente quando conseguia chegar com ela aos médios ou quando a recuperava no meio-campo, mas mesmo assim apenas criou lances de maior perigo com recuperações de bola alta e não em ataque continuado. A posse de bola foi muito lenta, com muito pouco dinamismo e velocidade. As saídas a jogar voltaram a piorar, com a equipa a jogar cada mais longo na frente e arriscar cada vez menos. A defesa foi apanhada com muitas bolas nas costas, principalmente entre Lisandro e Sílvio. Nota-se também cada vez mais um buraco entre o meio-campo e a defesa, mesmo com Fejsa em campo. A defesa não tem estado tão subida como se calhar devia, e tem havido pouco controlo da profundidade.
Rui Vitória continua a insistir em Pizzi a 8, com um meio-campo com dois homens. Se nos jogos em casa e contra equipas mais fracas ele ainda consegue esconder as suas fragilidades naquela posição, em jogos mais a doer, não dá mesmo. André Almeida foi mais do mesmo nesta primeira parte, não conseguindo dar nada ofensivamente à equipa, e Sílvio do lado oposto com tanto corredor para explorar, também não esteve bem. Com o jogo interior de Gaitán, ele tem muito espaço para avançar, mas depois com a necessidade de vir para dentro com a bola, não consegue dar a profundidade desejada. Talisca fez um péssimo jogo, onde apenas num remate de fora de área conseguiu criar perigo. Péssimo a nível do passe e nas restantes acções do jogo. Já se viu, e não é de agora, que Talisca não pode jogar na ala, mesmo passando muito tempo a jogar mais interior. Jonas voltou a fazer um jogo longe do que nos habituou. De Jonathan, o que posso dizer é que o melhor que tem conseguido mostrar é a boa capacidade de pressão que consegue fazer, porque de resto pouco mais. Deve ter tocado umas 10 vezes na bola durante a 1ª parte. Também se viu que Lindelöf pouco conta, com a saída de Luisão o treinador do Benfica preferiu apostar em Fejsa a central do que fazer entrar aquele que será, eventualmente, o 4º central do plantel.
Aqui, o problema da linha defensiva e do espaço entre a defesa e o meio-campo. Jogador do adversário com bola, a preparar-se para fazer um passe longo para as costas da defesa. Luisão e André Almeida a formarem uma linha e depois Lisandro e Sílvio mais atrás. O capitão faz sinal a Lisandro com o braço para eles os dois subirem, mas eles não o fazem, e o Benfica leva com uma bola nas costas. O passe nesta altura ainda não saiu e o jogador do Monterrey já se está a movimentar e a avançar no terreno. Se os jogadores do Benfica estivessem em linha, o avançado do Monterrey estava em fora-de-jogo. Os médios poderiam também ter pressionado mais o portador da bola.
Duas vezes em que a equipa podia tentar sair a jogar e não o tentou, tendo Júlio César batido a bola para a frente.
Temos aqui três exemplos do que é o grande afunilamento do jogo ofensivo do Benfica em posse de bola. Assim, e sem largura nas alas, ou situações de 2 para 1, é muito difícil criar-se perigo. No primeiro lance vemos mesmo André Almeida e Talisca bem no meio do terreno, e nem um jogador aberto na ala para depois de tentar bascular o jogo para cá.
O jogo interior dos médios ala em praticamente todas as tentativas de sair a jogar, deixando as alas para os laterais.
Jogada simples de saída a jogar do Monterrey, que consegue entrar com a bola na ala. Fejsa vai dobrar André Almeida na ala, ficando um enorme buraco no meio-campo, com Pizzi muito longe e André Almeida a não tentar rapidamente fechar o espaço de Fejsa. O Monterrey desdobra-se bem e aparece com um jogador solto à entrada da área, que remata com muito perigo quase sem oposição. Só quase no momento do remate, Pizzi chega perto e nenhum defesa do Benfica saiu para tentar estorvar o jogador adversário. Sobre este lance, José Calado, comentador da BTV, descreveu-o como muito bom por parte do Benfica.
Médio do Monterrey a avançar com a bola sem grande pressão por parte dos jogadores do Benfica, Sílvio muito aberto na ala e com muito espaço entre ele e Lisandro. Bola fácil entre o lateral e central, diagonal do jogador da equipa mexicana que se isola.
A pressão alta que a equipa do Benfica faz sempre que o guarda-redes adversário tem a bola, tentando sempre obrigar a que ele jogue longo na frente.
Uma coisa que tem mudado no Benfica, é o número de jogadores que defendem e que estão atrás da bola. Nesta jogada, podemos ver os 11 jogadores do Benfica atrás da linha da bola.
Mais uma vez, a equipa do Benfica a pressionar com vários jogadores muito perto da bola, mas a defesa do Benfica muito longe do meio-campo e baixa no terreno, assim como desalinhada.
Para a 2ª parte, não houve substituições, tendo entrado a mesma equipa que tinha acabado a 1ª parte. Aos 48 minutos, e após recuperar uma bola, Lisandro preocupa-se mais em colocar a mão na cara do adversário do que em bater a bola e acabar com o lance, tendo o árbitro marcado falta. Livre lateral, ninguém do Benfica ataca a bola e aparece o jogador da equipa mexicana a fazer o primeiro golo da partida. Logo de seguida o Benfica quase empata, com um jogador adversário perto de fazer auto-golo, mas a bola vai ao poste.
O jogo continuava aquilo que foi na 1ª parte, com a diferença de que o Benfica não conseguia pressionar tanto e começava a haver ainda mais espaço entre os sectores. A equipa começava a mostrar também muito cansaço. Aos 56 minutos Pizzi tenta cortar uma bola de carrinho, mas acaba por tocar com a mão na bola, sendo assinalada grande penalidade. Funes Mori faz o 2-0 para os mexicanos. Logo de seguida, Rui Vitória faz entrar Lindelöf, Nélson Semedo, Carcela e Nélson Oliveira, para os lugares de André Almeida, Pizzi, Talisca e Jonathan. Lindelöf foi para central, Nélson Semedo para lateral direito, Samaris e Fejsa formaram a dupla de meio-campo, Carcela a médio direito e Nélson Oliveira a fazer dupla com Jonas na frente. Nélson Semedo mostrou mais em termos ofensivos em 30 segundos, que André Almeida na pré-época toda.
O jogo acalmou muito, ambas as equipas baixaram a pressão, deixando jogar mais o adversário. Samaris era o único que continuava em rotação mais alta. Nada de importante se passou em quase toda esta segunda parte. Jogo em ritmo baixo, jogadores a passo e um mau futebol. Rui Vitória aos 78 minutos tirou Jonas e lançou Nuno Santos, passando Gaitán a apoiar Nélson Oliveira no ataque. Os 80 minutos, os mexicanos fazem o 3-0 no marcador, que foi o resultado final.
Esta 2ª parte foi terrível para o Benfica, como o próprio resultado indica. Equipa completamente desligada entre si, cada um quase a jogar como se não houvesse nada trabalhado, nada de jogadas delineadas, três golos sofridos, passividade defensiva e ofensiva, tudo horrível. Se na 1ª parte Júlio César conseguiu evitar os golos, nesta nada conseguiu fazer. O cansaço e as condições justificam algo, mas não tudo.
Mais uma vez, Nélson Semedo mostrou em meia hora que consegue ser o lateral que mais dá ao jogo do Benfica. Não consigo entender como é que Rui Vitória coloca André Almeida a lateral, sabendo que lhe vai dar o corredor todo para atacar, visto Talisca estar a jogar mais dentro. Não entendo também porque Gaitán fez o jogo todo, acabando mesmo por se agarrar à coxa perto do fim. Os minutos que se dão aos jogadores também me fazem alguma confusão. Por exemplo, Djuricic mostrou algo quando jogou, mas não voltou a ter minutos
Sim, é o mesmo lance nas duas imagens, com um passe do guarda-redes mexicano para o seu médio, que recebe a bola e roda, e veja-se o buraco que há no meio-campo do Benfica.
Os dois médios ala do Benfica, um ao lado do outro.
Nélson Semedo entrou e conseguiu criar desequilíbrios na equipa adversária, ou pelo menos tentou.
Se o que se esperava era que a equipa fosse em crescendo com os jogos que ia fazendo, o que se verificou foi o oposto nesta pré-época. A humidade, o horário, o cansaço, o calor, não explicam tudo isto. Não vou mentir, estou muito desiludido com o que vi em campo nestes últimos jogos. Leio muito que nos anos anteriores também aconteceu o mesmo, e depois a equipa ganhou, mas infelizmente nem sempre a regra é essa. Há que ser também exigente e saber ver as coisas, e o que se viu em campo foi péssimo. As coisas podem perfeitamente mudar, que isto é apenas a pré-época, mas os sinais foram maus e nem o mais confiante adepto do Benfica terá gostado do que viu nestes jogos.
O problema nem é tanto os resultados, é a falta de ideias que se vê em campo. Não vi evolução nenhuma no jogo do Benfica desde o primeiro jogo e isso é o que me preocupa. O Benfica está há 263 minutos sem marcar um golo, e desde que Jonas fez o 2-1 frente ao PSG, em 408 minutos a partir desse momento, a equipa marcou um golo.
Vejo Rui Vitória sem saber o que fazer e perdido. Por um lado deve ter as suas ideias para tentar dar aquilo que ele quer para este Benfica, mas por outro existe a história que vem de trás, e o que herdou do seu antecessor. Não consegui ainda perceber o que Rui Vitória quer para este Benfica, para além de mais posse de bola e segurança. O que muita gente pede é que o Benfica jogue em 4x4x2 e que essa táctica é que é boa, mas não é fácil colocar aquele modelo em prática, porque quer se queira ou não, Jorge Jesus conseguiu construir algo de muito bom e forte. Se o treinador do Benfica não pensa dessa maneira, tem de seguir as suas ideias. As pessoas têm de perceber que não há tácticas melhores, nem tácticas piores, o que é importante é a dinâmica dos jogadores em campo e o que eles conseguem construir e dinamizar. Não é por se ter dois avançados ou três que a equipa vai passar a marcar mais ou menos golos. O Benfica ganhou dois campeonatos seguidos a jogar em 4x4x2, mas também perdeu 3 seguidos para um 4x2x3x1. Não estou a defender nenhuma táctica, o que eu defendo é a qualidade, os bons métodos, bom colectivo, bons processos de trabalho, bom modelo de jogo, boas dinâmicas em campo, e isso sim, é o que traz sucesso.
Esta pré-época mostrou também que o Benfica precisa urgentemente de verdadeiros reforços, daqueles que entrem de caras na equipa titular. E com o que se viu, se calhar são precisos mais do que o que se esperava, e é obrigatório ir ao mercado. Em relação ao planeamento da pré-época, Rui Vitória não tem culpa de ter sido horrível, mas em relação a isso já falámos em outros artigos.
A única coisa boa, é que tenho a certeza absoluta que na Supertaça a equipa não vai conseguir fazer pior que a imagem que deixou nesta digressão e vai melhorar. Venha de lá essa Supertaça e que a equipa esteja a guardar para os jogos oficiais tudo aquilo que não mostrou nesta pré-época, e isso é o que eu, e todos nós desejamos.
Hoje o Benfica fez o seu 2º jogo nesta pré-época, agora contra a Fiorentina. Se pelas palavras de Rui Vitória se esperava que desta vez houvesse uma mistura entre titulares e jogadores que ainda procuram o seu espaço, não foi bem isso que aconteceu. O treinador do Benfica voltou a apresentar uma equipa titular com jogadores quase todos rotinados entre eles, onde a excepção era mesmo Jonathan, que ocupou a vaga de Lima. André Almeida substituiu Sílvio na lateral direita, Fejsa entrou para fazer a dupla de meio-campo com Samaris, enquanto tudo o resto se manteve relativamente ao jogo com o PSG. Com esta pré-época tão curta em jogos, faz sentido Rui Vitória tentar apostar mais nos jogadores que devem jogar na Supertaça, mas mesmo assim, esperava ver outros jogadores também a ter oportunidades.
O Benfica não entrou muito bem no jogo, não conseguia ter muita bola. Nos primeiros 10 minutos, a equipa praticamente só teve bola nos seus defesas, mas sem conseguir sair a jogar, visto a Fiorentina estar a pressionar muito alto a saída do Benfica.
A partir dos 10 minutos, o Benfica começou a ter mais bola, e a conseguir sair a jogar. Com a forma como Talisca e Gaitán vinham buscar interiormente o jogo nas saídas a jogar, o Benfica começou a ultrapassar a pressão dos italianos. Aos 14 minutos, e após a bola sair da defesa, a equipa de Rui Vitória conseguiu construir um bom lance de ataque, onde Jonathan rematou para a defesa do guarda-redes da Fiorentina.
O jogo continuava muito dividido, mas o Benfica já era a equipa com mais bola, apesar de não criar perigo para a baliza contrária. Havia posse, mas havia pouca verticalidade e poucos desequilíbrios causados na defesa contrária.
Assim como no primeiro jogo, o Benfica continuou a vir com os extremos ao meio. Talisca e Gaitán procuraram quase sempre o jogo interior, deixando as alas para os laterais ou para um avançado que lá caísse de vez em quando.
O jogo continuava a arrastar-se, pouco ou nada de perigo se passava. O Benfica a continuar a tentar ter mais bola e a jogar sempre com a bola no pé, não criando perigo, e a Fiorentina a ter menos bola mas a chegar com mais perigo à baliza de Júlio César, tendo dois remates, um deles muito perigoso, mas que saiu ao lado. Apesar dos remates, os italianos não conseguiam entrar na área do Benfica, criando perigo apenas nos remates de fora de área. O jogo começava a tornar-se mais duro também.
Com o passar do tempo, o Benfica conseguiu levar a Fiorentina cada vez para mais longe da baliza de Júlio César. Samaris e Fejsa a fazerem um grande trabalho no meio-campo, principalmente na pressão e na forma como ganhavam por esta altura todas as segundas bolas.
O jogo acabou por chegar ao intervalo empatado a zero.
Esta 1ª parte do Benfica, em termos ofensivos, foi inferior aquilo que a equipa tinha feito frente ao PSG. Em termos defensivos, a equipa esteve muito melhor. Com Fejsa e Samaris no meio-campo, a equipa ganha outra consistência defensiva, principalmente pela capacidade que o sérvio tem em fechar aquele espaço entre a defesa e o meio-campo, e que tantos problemas tinha causado no anterior jogo. Com isso, Jardel já esteve melhor, e não teve tantas dificuldades perante esse espaço. Foi conseguido manter a equipa italiana fora da grande área do Benfica, criando apenas perigo em remates de longe. A nível da pressão, a equipa continuou bem, a pressionar muito alto, e desta vez evitou quase sempre a chegada da bola jogável ao espaço entre a defesa e o meio-campo.
Em termos ofensivos, e como já disse, a equipa esteve pior. O Benfica até conseguiu chegar várias vezes com a bola controlada até ao sector avançado, mas depois nada conseguia. Muito poucas ideias e processos ofensivos ainda muito fracos. Jonathan lutou muito, e pressionou muito, mas pareceu um pouco à parte dos restantes, e até acaba por ser algo normal, visto nunca ter tido uma oportunidade como esta. Continuo a achar que caso Rui Vitória continue com esta ideia, o Benfica precisa de contratar um jogador com muita qualidade para jogar ao lado de Jonas. Esta falta de poder ofensivo também é explicado por o Benfica ter jogado com Fejsa e Samaris no meio-campo, que não são jogadores criativos e com muita capacidade de criar desequilíbrios na equipa adversária. Se ganhamos muito em consistência defensiva, perdemos ofensivamente, pois o grego, que é quem mais se liberta para tarefas ofensivas, não tem capacidade criativa de ajudar muito no processo ofensivo. Acabou por fazer alguns bons passes, mas fazer rupturas em progressão, chegar perto da área adversária, de ter verticalidade ofensiva, e de criar perigo para a equipa adversária, não são as suas principais características. Vou passar agora a alguns momentos desta 1ª parte, voltando no fim do jogo a fazer um apanhado.
Foi muito por causa desta pressão que a Fiorentina fez, que o Benfica não conseguiu sair a jogar nos primeiros minutos. Pressão muito alta da equipa italiana. Provavelmente, o Benfica não esperava isto, mas ainda bem que aconteceu. Serviu para a equipa de Rui Vitória se tentar habituar a pressões deste género e só assim com estas dificuldades a equipa vai crescendo.
Uma das coisas em que a equipa não tem estado tão bem, é na sua linha defensiva. Neste lance, vemos Eliseu completamente mal na linha defensiva, muito aberto, com grande espaço entre ele e Jardel, e ainda por cima a colocar os jogadores da Fiorentina em jogo. Por sorte, a bola depois de chegar ao médio centro da equipa italiana não entrou em nenhum dos avançados, que estavam em jogo, e com caminho livre para a baliza.
Mais uma vez, Eliseu a estar mal. Saiu a uma zona onde já estava Fejsa, descompensando a equipa, e o resultado foi aquele buraco que se vê na segunda imagem.
Aqui e como tinha acontecido no primeiro jogo, a procura dos espaços interiores por parte de Talisca e de Gaitán. A primeira imagem é de uma saída a jogar a partir da defesa, e na segunda num ataque em posse. Em ambos os casos, o espaço foi aberto na ala para Eliseu, que acabou por não o aproveitar.
Mais uma saída a jogar do Benfica com Samaris e Jonas a fazerem o movimento de vir buscar a bola ao meio, depois de Fejsa em vez de ir receber a bola como 3º central, foi buscar na linha. A Fiorentina pressiona alto, os médios acompanham Jonas e Samaris, mas a bola consegue entrar no grego depois da tabela com Jonas. Talisca com o seu movimento interior arrasta o lateral, e André Almeida fica com todo o espaço do mundo para o ataque. A bola acabou por se perder e não dar em nada, visto o passe não ter sido muito bom, e André Almeida ter continuado na linha em vez de começar a vir para dentro, onde tinha todo o espaço para levar a bola. Esta foi uma das melhores saídas a jogar do Benfica nestes dois jogos, apesar do risco do passe de Fejsa para o meio.
Temos aqui duas vezes em que o Benfica pressiona a equipa adversária em superioridade numérica. A primeira num lançamento lateral, tentando evitar que a bola saia dali, ocupando todo o espaço. A segunda numa tentativa de sair a jogar dos italianos, e assim que a bola entra na linha, o Benfica tapa todos os espaços.
Outra coisa que o Benfica fez em ambos os jogos, foi obrigar a equipa adversária a bater a bola pelo seu guarda-redes nos pontapés de baliza, evitando que ela saia a jogar.
Por último, a forma como a equipa se posicionou defensivamente quando a bola entrava no meio, e como Fejsa e Samaris, assim que o jogador da Fiorentina recebe a bola de costas, o pressionam e ganham a bola.
Para a 2ª parte, e ao contrário do que tinha acontecido no jogo anterior, voltaram a entrar os mesmos jogadores, não havendo nenhuma substituição.
O jogo voltou ao mesmo, muita pressão, muita luta e poucos lances de perigo. Jogo muito dividido a meio-campo e sem oportunidades de golo. O Benfica continuava a pressionar bem, a fechar quase todos os espaços no caminho para a sua baliza, com boa circulação de bola, mas o jogo ofensivo continuava péssimo.
Aos 56 minutos a Fiorentina quase marca. Eliseu sai a Joaquín que recebe o passe na linha, e apesar de depois a bola vir para o meio, o jogador do Benfica ficou bem aberto na linha. A bola entra no enorme espaço entre Jardel e Eliseu, e o jogador da Fiorentina atira à trave.
Um minuto depois, o Benfica tem uma grande oportunidade. Assim como aconteceu na 1ª parte, o médio da Fiorentina recebe a bola de costas no meio-campo, e três jogadores do Benfica fazem logo a pressão, obrigando ao erro. Jonas recupera e após excelente jogada, atira ao lado.
Aos 58 minutos, Rui Vitória mexe pela primeira vez na sua equipa. Entram Sílvio, Pizzi e Ola John, e saem Eliseu, Talisca e Samaris.
As substituições nada alteraram na equipa, o jogo continuou igual, os mesmos defeitos e as mesmas virtudes, até que aos 66 minutos Luisão leva o segundo amarelo e é expulso. A partir deste momento e como é obvio, o jogo mudou, deixando o Benfica de ter as mesmas armas do adversário, tentando não sofrer e atacando muito menos, mas não deixando a Fiorentina criar muito perigo. O jogo arrastou-se até final, ainda entrando Cristante, Nélson Oliveira, Carcela e Lisandro. Nas grandes penalidades, o Benfica acabou por perder por 4-5.
Este foi mais um jogo com aspectos positivos e negativos. Mais uma vez, digo que o Benfica precisa de reforços, principalmente nas laterais. Nesta forma de jogar, e mesmo que seja noutra forma, estes não dão garantias. Sílvio pode servir para a esquerda, mas depois tem a tendência de vir para o meio. Neste jogo foi ainda mais evidente a falta que laterais ofensivos fizeram ao jogo da equipa. Eliseu não pode ser titular no Benfica.
A equipa melhorou muito defensivamente, apesar da linha da defesa ter tido algumas falhas. A inclusão de Fejsa no 11 inicial foi muito importante para isso acontecer. O sérvio consegue ter um grande raio de acção, fechando muito espaço e recuperando muitas bolas. Esta dupla de meio-campo é muito forte defensivamente e na pressão, mas depois o Benfica perde muito quando o jogo passa para a parte ofensiva. Com os extremos a vir buscar jogo dentro, e os laterais a não ajudarem no processo ofensivo, o Benfica tem muitas dificuldades em criar perigo e em chegar à baliza contrária. Apesar da pressão dos italianos, a equipa já mostrou qualidade e ideias a sair com a bola a jogar desde a sua defesa. Também, quando viram que não dava, não inventaram para não cometerem erros. A posse de bola esteve mais segura durante este jogo, mas menos vertical, principalmente desde o meio-campo para a frente.
Acho que Talisca poderia render mais se jogasse perto do Jonas na frente de ataque, pois acredito que quanto mais perto da baliza adversária, mais solto e a pensar menos, mais rende. Jonathan não fez um mau jogo, fez muita pressão e mostrou alguns dotes, mas com a equipa a ter pouca bola junto dele, não deu para ver muito mais que isto. Gaitán continua a mostrar que não pode sair do Benfica.
Se esta dupla de médios for para manter, Rui Vitória terá de pensar em colocar ali no meio um jogador mais cerebral na frente de Fejsa e Samaris, alguém que pense mais o jogo e consiga levar a equipa para a frente. Nenhum destes dois médios consegue isso, e Jonas tem ainda mais a tendência de se afastar da baliza para ter mais bola. Pensava que Rui Vitória ia fazer alterações tácticas mediante aquilo que o jogo lhe estaria a dar nestes dois jogos, ou mudar algo com as substituições, mas continuou sempre com a mesma forma de jogar, o que me desiludiu. Acho que não deve estar agarrado a nada, só porque resultou bem anteriormente. Se não se sente à vontade com um 4x4x2, só tem de experimentar outras coisas.
Para acabar, dizer que não consigo perceber como é que Ola John continua a ter oportunidades e outros jogadores não as têm, mas isso só Rui Vitória pode explicar. Que venha o próximo jogo.
Durante as últimas épocas, discutiu-se muito um suposto fim de ciclo no futebol português e uma consequente passagem de testemunho na hegemonia do mesmo. Creio que a generalidade dos benfiquistas concordarão comigo se disser que é demasiado cedo para concluir essa passagem de testemunho, mas não posso dizer o mesmo em relação ao fim de ciclo. O fim de ciclo é um dado adquirido. O Benfica, com os sucessos das últimas épocas, causou um efeito de tal forma negativo na moral do FCP que a fórmula que esteve na base de décadas de sucesso parece ser já coisa do passado. Cada acto da nova gestão desportiva se traduz na assunção de que já não se consegue derrotar o Benfica usando a estratégia de sempre. O FCP da "estrutura", o exemplo europeu de gestão desportiva, que comprava barato para vender caro, que dominava o mercado nacional, que construía equipas à volta dos símbolos da sua mística, é coisa do passado, acabou. O Benfica ainda não consumou um novo paradigma, mas consumou o fim do anterior. O principal rival é hoje um clube vergado à força das circunstâncias, obrigado a seguir um rumo que talvez nem os próprios dirigentes saibam muito bem qual é e muito menos saberão os seus adeptos. Ganhando ou perdendo, o clube mudou drasticamente, restando apenas saber com que consequências para o seu futuro. É que o dinheiro está a aparecer de algum lugar e quem lá o coloca não ficou rico por caridade.
Maxi Pereira é um excelente exemplo da mudança, por todas as razões, e tão pouco é preciso falar da idade. Em primeiro lugar, é um jogador que valeria sempre mais no Benfica do que valerá no FCP, por tudo o que os adeptos acreditavam que ele significava, por ser sub-capitão, ter margem para errar e consequentemente jogar com um almofada de confiança que em nenhum outro clube poderia ter. O Benfica seria o único clube que aceitaría vê-lo envelhecer com dignidade, sem o tratar como mercadoria ao primeiro sinal de falta de pernas. Em segundo lugar, nem mesmo no Benfica justificaría o salário que irá receber no rival.
Mas claro que o FCP não olhou para as coisas desse modo apenas, percebeu que a força desta acção estaría mais do ponto de vista da nossa destruição do que da sua construção. É uma jogada que procura resultados pela negativa, não pela positiva. Gastar-se-à muito para ganhar algo que será sempre inferior àquilo que o rival perderá. Mais do que uma contratação, é uma tentativa de enfraquecimento do rival. Deste ponto de vista, nem é algo novo, já que viver em função da rivalidade com o Benfica, sempre caracterizou os portistas - daí que quando o clube ganha, não se se celebre o portismo, com genuina alegria, mas se celebre acima de tudo o ódio, a negação, do Benfica, dos mouros, da capital, do centralismo - mas ceder ao ponto de contratar um dos jogadores mais atacados pelos adeptos e pela própria máquina de propaganda do clube, um jogador que poucas semanas antes aconselhou os azuis a lembrarem-se da forma menos clara como têm ganho os seus campeonatos, mostra bem o grau de desespero a que se chegou e o quão irrelevante a famosa mística se tornou para os responsáveis do clube.
E com isto, queria sobretudo chegar aqui: o Benfica parece seguir o seu rumo sem ceder a este tipo de postura, não alimentando o clima de guerrilha. Pecou em não ter retirado de imediato a sua proposta de contrato quando Maxi decidiu aproveitar a fraqueza dos benfiquistas com a ferida chamada Jesus ainda aberta e fazer chantagem nos jornais com uma possível ida para os rivais. Tirando isso, a postura tem sido basicamente inatacável. O Benfica tem-se mostrado convicto nos seus objectivos, no seu rumo e nos seus métodos, que, por sua vez, nada têm a ver com ataques aos rivais ou retribuições de alfinetadas. Esta pré-época tem sido um ataque feroz ao Benfica, a meu ver pior que o verão quente de 93, porque é um ataque que vem de ambos os lados, mas temo-nos aguentado como se exige a um clube com a nossa dimensão. O Benfica deve ser isso, vivendo pela positiva, com a preocupação primária de se construir e não destruir os outros , com um rumo claro que jamais coloque em causa a independência e sustentabilidade futura do clube. Pelo Benfica de hoje e de amanhã. A nossa força não é a de sermos os mais ricos, nunca foi. É que, como diria um tal de Cosme Damião, "No imediato o dinheiro vence a dedicação. No futuro, a dedicação goleia o dinheiro". O primeiro passo para voltarmos a ser o Benfica nos relvados é sermos o Benfica fora deles. Assim tem sido e que assim continue.
Se Maxi decidiu tornar-se no maior traidor da história do Benfica, odiado para sempre pelos benfiquistas e visto por todos como não mais do que um qualquer mercenário, outros jogadores souberam deixar a sua marca no coração dos benfiquistas... até ao fim dos tempos e mais além:
Pablo Aimar, um dos jogadores mais elegantes da história do futebol, pendurou as pantufas. Porque era de pantufas que jogava. Quando recebia com a ponta do pé aquelas bolas longas vindas das suas costas, como se de um passe de 5 metros de tratasse, como fez naquele maravilhoso golo à Académica. Quando conduzia a bola gesticulando para os colegas ao mesmo tempo que bailava em frente aos adversários para os tirar do caminho, como naquele brilhante golo ao Paços de Ferreira. Quando brincava aos cabritos, recepções e golos sem deixar a bola cair, como naquela memorável noite com o Setúbal na Luz. Quando reinventava o significado dos passes de letra, com aquele toque de bola só dele, como fez em Guimarães. Tenho orgulho em dizer que comprei a camisola com o nome e número de Aimar quando na altura se dizia que poderia estar de saída do Benfica. Para mim não importava, porque Aimar, esse sim, é o protótipo daquilo que considero o jogador à Benfica: abnegado, dedicado, corajoso, talentoso e leal. Como Coentrão, como Paneira, como Rui Costa, como teria sido Bernardo, se o tivessem deixado. Não chega correr muito e ser viril para ser um jogador à Benfica. Pelo menos para mim.
Mais raro do que o talento de Aimar, só a humildade com que vivia esse talento, genuinamente. Depois de Rui Costa na minha adolescência e juventude, Aimar é provavelmente a minha maior paixão futebolística, o jogador que mais admirei, que mais me fez sonhar ser um determinado jogador do Benfica, que mais me tornou de novo menino. Jogador de um carisma difícil de explicar, Aimar era simplicidade e classe, humildade e categoria. E tudo isso, Aimar foi-o no Benfica, clube pelo qual sempre demonstrou uma admiração profunda e sincera. O único consolo, meu e de tantos benfiquistas, será vê-lo servir o Benfica fora das quatro linhas. Porque sabemos que será altamente competente seja qual for a área que agarrar? Não, porque é dos nossos e estará perto. Porque é o Aimar, mais do que um jogador à Benfica, uma figura à Benfica.
Arrancou hoje oficialmente a época do Sport Lisboa e Benfica. Segundo a BTV, apresentaram-se 23 jogadores no Seixal no dia de hoje. Nico Gaitán teve um problema no voo, mas irá chegar ainda hoje. Mais tarde, 13 jogadores irão apresentar-se, devido a terem estado ao serviço das suas selecções e assim iniciar mais tarde os trabalhos. A lista dos 24 – vamos incluir o Nico Gaitán - é a seguinte:
Guarda-redes: Júlio César, Paulo Lopes e Éderson;
Defesas: Luisão, Lisandro Lopez, Sílvio, Jardel, André Almeida, César, Nélson Semedo, Marçal;
Médios: Cristante, Talisca, João Teixeira, Guzzo, Salvio, Carcela, Nico Gaitán e Taarabt;
Avançados: Derley, Nélson Oliveira, Lima, Jonas e Rui Fonte.
O nome dos 13 jogadores que se apresentarão mais tarde, são: Eliseu, Pizzi, Ola John, Jonathan Rodríguez, Murillo, Samaris, Mukhtar, Rúben Amorim, Fejsa, Victor Lindelöf , Nuno Santos, Flip Djuričić e Gonçalo Guedes.
Olhando para estes nomes todos, o que salta à vista é que são ainda demasiados jogadores, que provavelmente terá de ser diminuído para perto de metade, visto o plantel ir ser, supostamente, de 20 jogadores mais 5 oriundos da formação.
Dos jogadores que não se apresentaram, nem foram referidos como se irem apresentar mais tarde, dá para perceber que faltam os nomes de três jogadores que foram contratados, Diego Lopes, Pelé e Francisco Vera. Isto deve querer dizer que estes jogadores não vão fazer a pré-época com o Benfica.
Depois também é de estranhar que dos jogadores que irão chegar mais tarde, Rúben Amorim e Ola John não estiveram ao serviço das suas selecções, e essa foi a justificação que se deu para o grupo de 13 jogadores chegar mais tarde.
Também dá para perceber muitos nomes que o Benfica tem com contrato e que não vão contar para esta época. Jogadores como Tiago, Candeias, Sidnei, Djaló, Fariña, Kevin Friesenbichler, Ivan Cavaleiro, Fábio Cardoso, Hélder Costa, Rochinha e Bruno Varela, deverão mesmo rumar para outras paragens, visto nenhum deles se ter apresentado na equipa principal, nem na lista dos que se apresentarão mais tarde, nem na lista da equipa B.
Como já referimos, muitos destes 37 jogadores terão de sair do Benfica, já que o plantel vai ser reduzido e ainda irá haver algumas contratações. Marçal ou Eliseu, um deles deverá sair, visto não acreditarmos que qualquer um deles dê garantias para a época toda. Derley, Rui Fonte, Nélson Oliveira e Murillo, dificilmente ficarão no plantel. Depois no meio-campo muitos jogadores deverão sair, visto haver muitos nomes para poucos lugares.
Os jogadores da formaçao que vão lutar por um lugar na equipa principal são Nélson Semedo, Victor Lindelöf, João Teixeira, Guzzo, Gonçalo Guedes e Nuno Santos.
* Este artigo foi escrito com base naquilo que foi trasmitido oficialmente na BTV, não tendo o nosso blog resposabilidades caso algumas informações não estejam certas.
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