Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Na passada terça-feira, o Benfica recebeu o Nápoles na derradeira jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões. O resultado acabou por não ser o melhor, já que a equipa italiana acabou por vencer por duas bolas a uma, mas devido à vitória do Dinamo de Kiev frente ao Besiktas, o Benfica apurou-se para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões, ficando no 2º lugar do grupo B.
Este não é o melhor momento vivido pela equipa de Rui Vitória. Não foram apenas os últimos resultados que têm deixado a desejar, mas também as exibições. Neste jogo isso foi ainda foi mais notório e a equipa do Nápoles colocou a nu muitas das fragilidades do Benfica, dominando e vencendo o jogo com inteira justiça.
Neste jogo os problemas foram muitos. Foi uma defesa tremendamente insegura: problemas na linha defensiva, confusões no equilíbrio defensivo, mistura de referências individuais com referências zonais, uma construção de jogo muito débil, assim como um ataque posicional que deixou muito a desejar.
A dupla de ataque nunca se conseguiu entender e tentou procurar sempre a profundidade, não houve ligação de jogo entre o sector intermédio e o sector atacante - estando muitas vezes os dois avançados (ou até eles os dois e mais um ou outro colega de equipa) no mesmo espaço. Depois Salvio, na direita, continua a acumular más decisões colectivas, cada vez que ele toca na bola, e isso aumenta-me, a cada jogo que passa, os níveis de desespero.
Depois, a equipa nunca conseguiu contrariar os movimentos do Nápoles, transmitindo a imagem de que não estavam preparados para aquilo que os comandados de Sarri apresentaram: o domínio foi total, e percebeu-se que o treinador italiano estudou bem o Benfica. Desde o lado que preferiam atacar, ao lateral que mais projectavam, o jogador do meio-campo que tentavam desposicionar, ou os cruzamentos atrasados… tudo estava bem pensado e trabalhado. Mesmo a partir do banco, nenhuma solução foi encontrada pelo treinador do Benfica para alterar algo em campo. Vi muita gente preocupada e a criticar o discurso de Rui Vitória na flash interview mas, na minha opinião, ainda mais preocupante foi a forma como, no banco, assistiu a tudo sem fazer qualquer ajuste ou mudança.
Agora vem aí mais um duro teste amanhã para o Benfica, recebendo o Sporting no Estádio da Luz, isto depois de duas derrotas seguidas.
Penso que Rui Vitória tem gerido mal a equipa e tem feito escolhas que não se percebem. Não entendo porque Jardel anda entre a bancada e o banco de suplentes, quando é o melhor central do campeonato (apesar de dar pouco com bola) e faz com Lindelöf uma dupla muito forte. Enquanto isso, vemos Luisão a arrastar-se em campo, a fazer várias coisas mal feitas, a descompensar a equipa e a obrigar Lindelöf (que também não tem estado muito bem) a esforços extra, como no jogo com o Nápoles em que teve de vir do outro lado para fechar Luisão, que não conseguiu acompanhar Mertens, e teve de parar. Jardel até poderia nem ter entrado logo a titular, mas já deveria ter minutos.
Outra questão é a constante titularidade de Salvio. O extremo tem sido um jogador que tem prejudicado muito mais a equipa do que a tem beneficiado. Em sua defesa, aparece gente a mostrar números (alguns deles do fantasy da Champions League, o que é uma barbaridade) tentando mostrar que afinal está tudo bem. E onde estão todas as inúmeras decisões erradas dele ao longo do jogo? Todas as vezes que a tomada de decisão é a pior? Todas as vezes que ele decide ir em situações de desvantagem numérica? Pois, não estão. E o argentino a partir de uma certa altura deixa de ser o maior culpado, já que faz todos os jogos a mesma coisa e continua por lá. Na cabeça dele deve estar a fazer bem, por isso o cenário não muda de jogo para jogo.
Gosto de Gonçalo Guedes, mas ele ainda demonstra muitas dificuldades em ligar os sectores, em ser o jogador que é preciso em muitos momentos de jogo e ainda tem muito a aprender. Em jogos como o Nápoles, onde há menos espaço, isso ainda se torna pior. Raúl também continua a entender pouco do jogo. Não percebe a posição que cada momento do jogo pede, onde tem de estar, que solução tem de dar, e quando joga como homem mais adiantado, acaba várias vezes por atrapalhar quem joga atrás deles. Guedes e Mitroglou são uma dupla que acaba por se entender melhor. No meio-campo, Pizzi em jogos como contra o Nápoles notam-se as enormes fragilidades defensivas que tem num meio-campo a 2, sem que se consiga fazer algo para proteger a equipa disso. Os jogadores da frente não pressionam, os alas apenas se preocupam com os corredores laterais e isso desequilibra muito a equipa e faz com que haja problemas naquela zona do campo. Ao termos menos bola e com a maior qualidade do lado contrário, naturalmente que os problemas são maiores.
Claro que este problema não é apenas dos jogadores, já que o ataque posicional do Benfica deixa muito a desejar. Se contra equipas pequenas a enorme diferença de qualidade ajuda e muito, contra equipas mais fortes a história já é diferente. A juntar a isto, somam-se as inúmeras baixas por lesão. Depois não é apenas as lesões que aparecem, mas também o tempo de recuperação. E, também referir que são demasiadas lesões musculares a aparecer por esta altura, por isso, eventualmente, haverá ali alguma coisa a não ser bem-feita ao nível da preparação ou recuperação.
Grimaldo foi, de muito longe, o melhor jogador do Benfica no arranque de época e continua de baixa, não se sabendo quando recupera. A lesão de Eliseu, deixa apenas André Almeida como opção para a lateral esquerda, o que é um problema. Se defensivamente ele acaba por cumprir muitas vezes (apesar de contra o Nápoles ter feito um mau jogo), ofensivamente não dá praticamente nada, o que causa problemas. Tanto o Marítimo como o Nápoles, praticamente nunca faziam grandes ajustes defensivos quando ele recebia a bola na largura, porque sabem que não vai conseguir criar quase nada dali, vindo para dentro com o seu pé direito ou jogando em segurança, não existindo ali qualquer desequilíbrio. E a equipa ressente-se disso.
Para o jogo de Domingo não sei se Rui Vitória vai mudar algo na equipa (gostava que sim, mas tenho ideia que mexerá no máximo em uma peça). Como já disse, penso que tem gerido mal a equipa e a cada jogo isso nota-se mais. Há muitas lesões, mas, por exemplo, neste último jogo, o Benfica tinha Jardel, Rafa, Carrillo e Mitroglou no banco, estando Zivkovic e Danilo (um grande mistério) sem serem convocados. Nada mau. Só as ausências não justificam o mau futebol, já que se exige bem mais da equipa.
O objectivo para esta fase foi cumprido, e isso acaba por ser de louvar. Agora é virar a página e Domingo ganhar o derby, mostrando outra qualidade em campo e quem é o tricampeão.
Por fim, e apesar de custar, naturalmente, a muitos adeptos do Benfica perceber isto, foi um prazer assistir ao futebol que Sarri trouxe até à Luz. Uma equipa fabulosa, que sabe o que fazer em todos os momentos e que tem o génio italiano por detrás de tudo aquilo. Não tem títulos na carreira, mas para mim é um dos melhores do mundo. Treinador fabuloso.
Do futebol ao hóquei, do basquetebol ao voleibol, uma visão livre, imparcial e plural do Sport Lisboa e Benfica.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.