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Depois da saborosa vitória no derby, na quarta-feira o Benfica deslocou-se à Rússia para tentar o apuramento para os quartos-de-final da Liga dos Campeões. Na bagagem, a nossa equipa levava uma vantagem de 1-0, mas também fomos para a Rússia com muitas ausências na defesa. Jardel e André Almeida castigados não puderam ajudar a equipa, assim como Luisão, Lisandro e Júlio César que continuam lesionados. Ederson, Nélson Semedo, Samaris, Victor Lindelöf, Eliseu, Fejsa, Renato Sanches, Pizzi, Gaitán, Jonas e Mitroglou. Foi com esta equipa que nos apresentámos em campo.
Tal como eu esperava, mediante o que tinha acontecido algumas vezes durante a pré-época, foi Samaris que se colocou a central ao lado de Victor Lindelöf e Fejsa a médio. Entrámos bem no jogo, a ter mais posse de bola, tentando jogar a um ritmo calmo. De livre, Jonas aos 5 minutos não está longe de marcar, mas Yuri Lodigin faz uma boa defesa. Numa desconcentração da nossa defesa aos 7 minutos, depois de um livre rapidamente marcado, o Zenit está muito perto de marcar, mas o remate acaba por sair ao lado.
Com o passar do tempo, fomos dando um pouco mais bola ao Zenit. Os nossos dois médios ala várias vezes recuados a defender e a defesa um pouco mais profunda que o normal quando não tínhamos bola. Sempre que esticávamos na frente e perdíamos a bola, havia a tentativa de uma pressão rápida, caso fosse lance para tal.
Renato Sanches, por volta dos 20 minutos, está perto de marcar, mas o remate de fora da área sai um pouco ao lado. Pouco depois, é o Zenit que está perto de inaugurar o marcador, mas Ederson é muito rápido a sair e evita o golo.
O jogo estava muito lento, com ambas as equipas a tentarem não arriscar muito. A nossa equipa dava mais a iniciativa ao Zenit, mas a equipa russa era extremamente lenta de processos. Aos 31 minutos, contra-ataque do Benfica com Nelsinho a atirar para defesa de Yuri Lodigin. Hulk, de livre, perto dos 38 minutos, causa algum perigo, mas a bola sai ao lado depois de bater na barreira.
O jogo ia-se aproximando rapidamente do Intervalo. Continuava o ritmo lento e com nenhuma das equipas a arriscar muito. O Zenit tinha mais bola, mas era bastante consentida pelo Benfica, sendo que a pressão só era feita caso eles entrassem com bola no nosso meio-campo. O Zenit não arranjava muitas soluções, colocando alguma gente na frente, mas depois sem arranjar maneira da bola lá chegar em condições, sendo que era trocada de pé para pé muito lenta.
E foi com o 0-0 no marcador que chegámos ao fim dos primeiros 45 minutos.
Mais uma vez, o Benfica voltou a entrar bem num jogo que se previa de grande dificuldade. Não nos apresentámos logo com as linhas baixas e a dar o domínio total do jogo ao Zenit, indo pressionar muitas vezes a defesa contrária. O Zenit não nos conseguiu de inicio encostar cá atrás nem pressionou muito, tendo dificuldades também em chegar com a bola controlada perto da nossa defesa. Claro que nunca entrámos em grandes loucuras, tentando ter segurança com bola e não arriscar muito. Com o passar do tempo, fomos recuando um pouco mais as linhas, sem cair em grande exagero, dando também mais bola ao adversário. Apesar da falta de entrosamento na defesa, devido às mudanças, foi razoável o entendimento entre os 4, sendo que pecaram em algumas desconcentrações. Nunca arriscámos muito no ataque, sendo que os dois médios muito raramente chegavam na frente e os laterais também não arriscavam subir muito.
Ederson voltou a estar bem, dando continuidade ao último jogo. Saída muito rápida a evitar o golo do Zenit a meio da primeira parte. Eliseu e Nelsinho praticamente não subiram no terreno, sendo que estiveram mais focados na questão defensiva. O Zenit atacou mais pelo lado direito da nossa defesa, ao contrário do que seria de esperar. Victor Lindelöf e Samaris até se entenderam relativamente bem, apesar de alguns desajustes na forma como subiam e desciam mediante os lances, o que é natural. Samaris teve aí alguns problemas, compensando depois.
Fejsa foi um monstro no meio-campo, fazendo inúmeras recuperações de bola e também a fechar quase sempre bem os espaços. Renato não se aventurou tanto no ataque, dando continuidade ao que tem acontecido em jogos anteriores. Alguma falta de critério com bola e depois quando lhe falta uma referência a defender, tem dificuldades no posicionamento. Junto à bola, fez várias vezes boas pressões e quase marcou num grande remate de longe. Gaitán e Pizzi também tiveram a seu cargo muitas tarefas defensivas, tentando anular as subidas dos laterais contrários e ajudando Eliseu e Nelsinho. No ataque, fizeram os diversos movimentos interiores que nos têm habituado, mas sentiram muitas vezes a falta de apoio dos médios e laterais.
Jonas e Mitroglou tentaram diversos movimentos na frente, principalmente nas costas dos laterais, mas foi um jogo onde a equipa não teve um grande caudal ofensivo e claro que eles se ressentem disso. Menos bola e menos apoios por perto. Boa pressão várias vezes aos defesas do Zenit nas saídas.
Rui Vitória não fez qualquer alteração na equipa ao intervalo. Como aconteceu em Alvalade, fizemos 5 bons minutos no inicio da segunda parte, mas aos poucos começámos a baixar as linhas, ficando o Zenit por cima no jogo. A equipa da casa tem uma grande oportunidade aos 60 minutos depois de um canto, mas o jogador russo não consegue emendar com qualidade à boca da baliza, indo a bola ter com Ederson. Logo de seguida, nova grande oportunidade para a equipa da casa, mas Artem Dzyuba em boa posição atira por cima.
O jogo estava agora a um ritmo mais alto, com o Zenit a pressionar e arriscar mais. Apesar desse maior domínio da equipa da casa, a grande oportunidade do jogo para o Benfica até então, aparece aos 63 minutos, mas Jonas não consegue bater Yuri Lodigin.
Rui Vitória mexeu pela primeira vez na equipa aos 67 minutos, fazendo entrar Raúl para o lugar de Mitroglou. O empate na eliminatória acontece dois minutos da primeira substituição no Benfica. Passe longo de Danny para Yuri Zhirkov que parece fazer falta sobre Nelsinho. O árbitro manda seguir e depois o jogador russo assiste Hulk para o 1-0.
Logo de seguida, estamos muito perto de empatar o jogo, mas o cabeceamento de Victor Lindelöf é brilhantemente defendido por Yuri Lodigin. A segunda alteração na nossa equipa aparece aos 73 minutos, com a saída de Pizzi e entrada de Salvio.
Depois do golo, subimos as linhas e tentámos pressionar mais o Zenit, não estando os jogadores só remetidas ao nosso meio-campo defensivo. A equipa da casa já não tinha tanto bola, tendo também de recuar as linhas e jogando muitas vezes longo na frente.
Ederson evita o 2-0 aos 81, com uma bela saída a Artem Dzyuba que estava na cara do guarda-redes brasileiro. Numa altura em que o Zenit tinha voltado a ter mais bola, acontece a grande explosão de alegria para o Benfica. Grande remate de Raúl, Yuri Lodigin faz uma brilhante defesa e Gaitán depois só tem de empurrar para o empate e para aquilo que era praticamente o fecho da eliminatória, já que o Zenit teria de marcar 2 golos em 4 minutos mais compensação.
Como é natural, o Zenit tentou tudo nos últimos minutos, colocando muita gente na frente e jogando directo. A nossa defesa lá ia resolvendo os problemas, apesar de alguns calafrios que ainda aconteceram. Rui Vitória esgota as substituições aos 92 minutos, fazendo entrar Talisca para o lugar de Jonas.
Durante os minutos de compensação, conseguimos afastar mais o Zenit da nossa baliza, tendo inclusive feito o 1-2 por Talisca no último lance do jogo, com um remate de pé direito.
Nesta segunda parte baixámos mais as linhas e tivemos mais dificuldades em conseguir fechar os espaços no nosso meio-campo. Quanta menos bola temos e mais recuados jogamos, mais é difícil para nós defender, porque temos problemas a fechar algumas zonas criticas do campo. Já não pressionámos tanto as saídas a jogar, baixando o bloco cada vez que a bola era perdida. Médios ala recuados e os dois avançados também a descerem no terreno. O Zenit também não procurou muitas vezes os espaços entre linhas, o que nos facilitou muitas vezes as coisas, jogando com muita gente por fora. Depois do empate na eliminatória, mudámos um pouco a postura, subindo e pressionando mais. Existiram depois oportunidades para ambas as equipas, mas felizmente conseguimos resolver a passagem com o golo de Gaitán.
Ederson foi mais uma vez decisivo. Grande defesa a evitar o 2-0, já depois dos 80 minutos. Nelsinho fica marcado pelo lance do golo do Zenit, mas não o condeno. Tentou dominar e sair a jogar, parecendo-me que sofreu falta. De resto, sentiu mais dificuldades a fechar o seu corredor, assim como Eliseu do lado contrário. Os dois centrais tiveram mais dificuldades, já que existiram mais lances e mais jogadores perto deles. Algumas dificuldades de entendimento entre os dois e abertura de espaços no corredor central. Também fizeram cortes providenciais em alguns lances.
Fejsa continuou a ser o que tinha sido no primeiro tempo, embora mais recuado no terreno, mas a ler sempre bem o jogo. Renato também não mudou muito, estando também mais recuado. Pizzi e Gaitán ainda atacaram menos nesta segunda parte, passando mais tempo a fechar o seu corredor. Algumas arrancadas de ambos e movimentos para outras zonas, onde depois tentaram dar mais soluções. Gaitán acabou por resolver a eliminatória com aquele golo.
Mitroglou parece-me que voltou a "rebentar" por volta dos 60 minutos, ainda para mais a ter de jogar muito sem bola e fazer várias desmarcações nas costas. Jonas tentou sempre fechar o corredor central e procurar o espaço entre linhas, mas era difícil com a equipa mais recuada. Ainda teve uma bola oportunidade, mas não conseguiu finalizar.
Raúl entrou para tentar pressionar mais a defesa contrária e procurar os espaços nas costas de um Zenit mais ofensivo. Grande pontapé no golo do empate. Merecia golo. Salvio entrou para dar mais verticalidade ao nosso jogo, mas ainda se nota que está com muita falta de ritmo. Talisca, entrou e marcou.
Com esta vitória, o Benfica está nos quartos-de-final da Liga dos Campeões e isto só pode ser motivo de orgulho para todos os adeptos. Rui Vitória e os jogadores estão de parabéns com este feito. Apesar de termos apanhado um Zenit muito longe do que poderia render e com um futebol bem fraco para a qualidade dos jogadores que tem em campo, temos muito mérito na qualificação. Ainda para mais com tantas baixas. Em minha opinião, é aqui que o Benfica deve estar todos os anos. Na Europa dos grandes, a lutar pela qualificação para as fases mais adiantadas na prova. Os oitavos-de-final deveriam ser uma obrigação sempre, os quartos-de-final já é mais do que cumprir o objectivo. É aqui que a história do Benfica se fez. Na Europa dos grandes. Isto está longe de ser um atirar de algo a Jorge Jesus só porque ele foi para o Sporting, mas é algo que sempre defendi durante estes anos. Poderíamos ir parar à Liga Europa ou nem isso, mas tínhamos de lutar por fazer o melhor possível na Liga dos Campeões e o passar da fase de grupos teria de estar sempre presente como um dos objectivos para a época.
Acho que a equipa esteve melhor neste jogo que contra o Sporting, apesar de nunca ter atingido o nível que apresentou em Alvalade entre os 10 e 30 minutos, mas na globalidade acabou por ser um jogo um pouco mais conseguido. Não interessava muito a qualidade da exibição, pois queríamos era passar esta eliminatória. Voltámos a demonstrar alguns problemas defensivos, que foram agravados pela falta de rotinas na nossa defesa. Concordo com a ideia que defendemos pior quando baixamos o bloco, e deixamos de fazer pressão média/alta dando assim mais iniciativa ao adversário. Quanto menos bola temos e menos a procuramos, mais dificuldades temos em fechar determinadas zonas do campo. É o que tenho vindo sempre a defender por aqui.
Ter Fejsa na frente da nossa defesa, é logo uma melhoria em muitas coisas. Sabe muito do jogo e dos terrenos que ocupa. Tanto no fechar de espaços, como quando deve fazer contenção ou pressionar, coberturas defensivas e ofensivas, leitura de jogo e tempo de entrada à bola. Tem é muitos espaços para tapar e por vezes tem de correr mais do que aquilo que seria necessário, já que Renato muitas vezes se esquece.
Já li muito que Samaris poderia dar um excelente central mediante o jogo que fez, mas não sou grande adepto dessa ideia. Palavra para Ederson que entrou muito bem na equipa, não tremendo até ao momento. Também uma palavra para o enorme trabalho de Hugo Oliveira com os guarda-redes do Benfica.
Não há muito mais a falar e analisar deste jogo. Disse antes da eliminatória que achava o Zenit favorito, mas esta equipa de André Vilas Boas joga pouco para tanta a qualidade individual que tem. Não esperava encontrar um Zenit assim, sem de maneira alguma estar a tentar tirar mérito à nossa equipa, como é óbvio.
Agora vem o Tondela e não podemos facilitar. Não entrar já em euforias e jogo a jogo lutar pelos 3 pontos, que ainda nada está ganho. Nunca imaginei estar nesta situação em Março, mediante o futebol medíocre que jogámos durante muito tempo, mas o futebol dá muitas voltas. E esta foi das boas.
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