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Na terça-feira, voltaram as noites de Liga dos Campeões ao Estádio da Luz. Depois da derrota na sexta-feira passada no Clássico, era a vez do Zenit defrontar o Benfica na primeira mão dos Oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Para este jogo, Rui Vitória não fez nenhuma alteração na última equipa titular, relativamente ao último jogo. Júlio César, André Almeida, Victor Lindelöf, Jardel, Eliseu, Samaris, Renato Sanches, Nico Gaitán, Pizzi, Jonas e Mitroglou. A equipa apresentada para este embate europeu.
Desde cedo que o Benfica tomou conta do jogo. O Zenit não pressionava alto, remetendo-se ao seu meio-campo, deixando a nossa equipa sair a jogar e trocar a bola. Não conseguíamos criar grande perigo, mas estávamos mais dinâmicos e mais móveis. Comparando com sexta-feira, os nossos jogadores estavam mais perto uns dos outros e os extremos deixaram de estar abertos na linha, procurando de novo terrenos interiores.
Íamos tendo muita bola, mas sem nenhuma vez conseguirmos chegar ao último terço do terreno com real perigo. A primeira vez que isso acontece, é aos 19 minutos, depois de um bom passe de Samaris para André Almeida que depois assiste Pizzi, mas o médio remata para defesa fácil de Yuri Lodygin.
Com o passar dos minutos, o Zenit foi conseguindo ter um pouco mais de bola, conseguindo até jogar no nosso meio-campo em alguns momentos, sempre num ritmo bastante lento. Aos 29 minutos, depois de um ataque rápido, Jonas com um remate de fora da área atira um pouco ao lado, com a bola a ser desviada ainda por um defesa.
Os minutos iam passando e o que se via não em campo já não era muito agradável. Não conseguíamos furar o bloco adversário, diminuindo muito a qualidade dos movimentos. Jardel leva cartão amarelo aos 35 minutos, depois de uma falta sobre Hulk, juntando-se assim a André Almeida - também já tinha sido amarelado - nos jogadores suspensos para a segunda mão. Do livre, Hulk atira forte, mas ao lado da baliza de Júlio César.
O jogo arrastou-se até ao intervalo com o Benfica a ter mais bola, mas sem nada de relevante acontecer, com 0-0 a ser o resultado no fim dos primeiros 45 minutos.
Até gostei da forma como a equipa se apresentou em campo nos primeiros minutos. Os jogadores tiveram muita mobilidade, fizeram vários movimentos interessantes com trocas posicionais, estando mais próximos e não tão abertos como no último jogo - ainda não percebi porque Rui Vitória fez isso contra o FC Porto. Apesar disso, não conseguimos criar muito perigo, já que o Zenit se fechava bem e faltava sempre algo à nossa equipa, falhando muitas vezes o último passe. Renato, desta vez, esteve mais recuado do que acontece normalmente e foi muitas vezes um jogador a menos no processo ofensivo. Com o passar dos minutos, a equipa perdeu um pouco o discernimento, baixando o ritmo de jogo e não pressionando tanto o Zenit, deixando-os jogar. Começámos a abusar de novo nos cruzamentos de qualquer maneira e feitio e que nada nos trouxeram. Defensivamente, alguma falta de agressividade em vários lances e algumas transições defensivas bastante lentas. O Zenit também não procurou ser muito rápido a atacar e ajudou a que houvesse tempo para nos voltarmos a posicionar.
Júlio César não teve grande trabalho, apenas uma saída aos pés do avançado do Zenit, acabando ali com uma situação de perigo. Os laterais não tiveram muita acutilância ofensiva, principalmente Eliseu, pois tinha Hulk a jogar a extremo direito. André Almeida perdeu vários bolas que podiam ter comprometido e a atacar abusou nos cruzamentos. Eliseu esteve muito bem a defender, comprometendo também num mau passe, onde originou um contra-ataque do Zenit. Victor Lindelöf esteve bem, cortando praticamente tudo o que ali apareceu e fazendo bem a linha. Jardel não comprometeu, mas perdeu a frente para Hulk no lance em que fez falta para amarelo.
Samaris, esteve mais calmo que o normal, fazendo várias contenções e não entrando à maluca. Já noutros lances, voltou a ter abordagens dignas de um iniciado. Renato esteve mais recuado que o normal, tendo que construir mais a partir de trás e não estar constantemente no meio-campo adversário. Tem de melhorar o seu posicionamento e ter mais atenção à parte defensiva. Pizzi e Gaitán, andaram mais por terrenos interiores, mas não conseguiram desequilibrar muito. Alguns bons movimentos, mas depois o passe muitas vezes saiu mal. No um para um, Gaitán teve mais dificuldades em desequilibrar.
Jonas esteve bem, fez muitos movimentos para dar linhas de passe e fez jogar. Faltou mais bola em zonas de finalização. Mitroglou não esteve tanto em jogo. Já durante a primeira parte parecia cansado.
Para a segunda parte, nenhuma alteração na equipa. Apesar do Benfica continuar por cima, o Zenit nos minutos iniciais tentou subir mais as linhas e atacar. Witsel, aos 51 minutos, remata para defesa atenta de Júlio César. Logo de seguida, Witsel volta a tentar o golo, mas o cabeceamento sai fraco para a defesa de Júlio César. Temos um contra ataque em superioridade numérica depois de um canto a favor do Zenit, mas Mitroglou perde a bola já na área adversária.
Rui Vitória mexe pela primeira vez na equipa aos 63 minutos, fazendo entrar Raúl para o lugar de Mitroglou. A grande oportunidade do Benfica no jogo até então, aparece aos 69 minutos. Cruzamento de Raúl, toque de cabeça de Jonas para Gaitán e o jogador argentino a tirar o adversário do lance, rematando depois para defesa de Yuri Lodygin. Na recarga, atira por cima.
Rui Vitória volta a mexer aos 71 minutos, fazendo entrar Carcela para o lugar de Pizzi. Jardel aparece em boa posição para finalizar, mas o remate sai ao lado, depois de uma assistência de Victor Lindelöf.
O Zenit já demonstrava muito cansaço, não saindo praticamente do seu meio-campo e dando quase toda a posse de bola ao Benfica, fechando-se bem atrás. Apesar do domínio, não conseguíamos criar muito, nem arranjar espaços para furar a defesa russa.
Eliseu tenta de longe aos 82 minutos, mas Yuri Lodygin segura fácil o remate do lateral português. Os minutos iam passando e apesar de jogar muito tempo no meio-campo adversário, a nossa equipa não conseguia arranjar grandes soluções para marcar.
Aos 90 minutos, falta de Criscito sobre André Almeida, que vale o segundo amarelo ao defesa italiano do Zenit. Do livre, chega a grande explosão de alegria no Estádio da Luz. Cruzamento de Gaitán e Jonas a fazer o 1-0.
No último minuto de jogo, Samaris atira de fora da área para boa defesa de Yuri Lodygin. Logo de seguida, André Almeida recupera bem uma bola, mas Javi Garcia consegue fazer o corte antes do lateral do Benfica fazer o passe.
E foi com o 1-0 no marcador que chegou ao fim esta primeira mão.
Nesta segunda parte já não entrámos tão bem. O Zenit conseguiu criar algumas situações no nosso meio-campo e apareceu a querer demonstrar algo mais. Contudo, duraram pouco as baterias da equipa russa, pois com o passar do tempo foram mostrando grande desgaste físico e nos últimos minutos já não conseguiam sair do seu meio-campo. Apesar de algumas oportunidades que conseguimos, não acho que estivemos bem no processo ofensivo. Mais uma vez, com demasiados cruzamentos e algo receosos de colocar mais gente a atacar, mesmo o Zenit estando muito recuado. Deu muitas vezes a ideia de estarmos muito preocupados em não sofrer um golo.
Júlio César fez uma boa defesa a remate de Witsel, dizendo presente quando foi chamado. Eliseu continuou o bom trabalho defensivo perante Hulk, sem se aventurar muito no ataque. André Almeida foi mais do mesmo, algumas dificuldades em lances que foi ultrapassado no um para um, mas a subir várias vezes no seu flanco. Depois, em 90% das vezes, acaba por fazer cruzamentos sem qualquer critério. Jardel e Victor Lindelöf estiveram bem na segunda parte. Cortaram tudo o que apareceu por ali, estando quase sempre subidos no terreno e a formar bem a linha defensiva.
Samaris voltou a ser o que tinha feito na primeira parte, mas mesmo assim, fez um jogo melhor que contra o FC Porto, apesar de várias más abordagens. Renato quando se soltou, conseguiu algumas vezes carregar um pouco a equipa e quando esteve perto da bola, pressionou muito os adversários. Sem bola, é que precisa ainda de melhorar. Demonstrou também um enorme pulmão e grande raio de acção, aparecendo em muitos lugares, Tem uma condição física invejável. Gaitán subiu de produção e poderia ter marcado golo naquela jogada, mas ainda longe do que nos habituou. Pizzi não esteve como nos tem habituado em 2016, aparecendo uns furos abaixo. Apesar disso, continua a dar muitas soluções à equipa.
Jonas marcou e fez por merecer o golo. Nem precisava de marcar para ser uma grande exibição. A qualidade de movimentos e a forma como percebe o jogo é notável. Mitroglou pouco se notou até sair. Raúl entrou para pressionar mais a defesa contrária, tentando aproveitar o desgaste que já demonstravam e fez um bom trabalho nesse aspecto. Carcela não se notou muito, uma ou outra iniciativa individual, mas pouco mais.
A equipa do Benfica foi muito pragmática no jogo. Se calhar, exigia-se um pouco mais de volume ofensivo, mas também existiu o medo de sofrer. É uma vitória na Liga dos Campeões nos Oitavos-de-final, por isso, Rui Vitória está de parabéns. Foi pena não conseguirmos demonstrar um pouco mais quando o Zenit rebentou por completo, já que havia espaço para jogar e eles já não conseguiam sair para a frente. Infelizmente, nem nessa altura, o volume ofensivo foi muito grande, onde acreditámos muito na sorte de mandar cruzamentos para a área. No entanto, acabou por ser uma vitória justa da equipa que mais a procurou.
Defensivamente, estivemos melhor, principalmente o quarteto defensivo, apesar de ainda existirem algumas falhas. Já não apareceram os espaços ao meio e foram quase sempre fechados. Curioso que desde que Victor Lindelöf entrou na equipa, ele e Jardel têm sido a dupla com mais acerto em fazer a linha e que mais subidos têm jogado. Só nos jogos contra o Porto e Zenit, conseguimos tirar 15 foras de jogo aos adversários. Depois, nos duelos individuais, também melhoraram do jogo de sexta para este. Pena que a questão das coberturas do meio-campo não funcionem muitas vezes, o que abre ali vários espaços. Ainda há ali muita coisa para melhorar no processo defensivo.
Neste jogo, viu-se que a equipa ficou mais consistente a jogar de forma mais curta e apoiada, em vez de ser com constantes esticões na frente e muito larga. Acho que contra o Porto, se tivéssemos jogado mais desta forma, controlaríamos melhor o jogo, tendo os sectores mais próximos, não abrindo sempre os alas e os laterais. Para nós, é fundamental ter bola, pois sem ela temos muita dificuldade em tapar os espaços.
Com o Zenit a não pressionar alto em quase nenhuma situação, foi logo uma questão de alivio para nós, conseguindo assim sair a jogar com tranquilidade. Há que melhorar as bolas paradas. Será que Rui Vitória só conhece aquele livre e os cantos de enviar a bola lá para cima? É que já toda a gente sabe o que vamos fazer nos livres. É penoso em quase 8 meses de época, passarmos os jogos sempre a ver o mesmo lance trabalhado para os livres.
Não há muito mais para analisar ou dizer. Na segunda-mão, a história vai ser diferente. O Zenit vai ter de assumir o jogo e procurar a vitória, atacando e pressionando mais. Vai ser um grande teste, ainda por cima com várias ausências. Até lá, ainda temos jogos importantes para jogar internamente, começando já pelo de sábado frente ao Paços de Ferreira, onde a vitória é obrigatória.
Do futebol ao hóquei, do basquetebol ao voleibol, uma visão livre, imparcial e plural do Sport Lisboa e Benfica.
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