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Análise ao Benfica vs Vitória FC

por R_9, em 21.04.16

 

Terminada a campanha europeia, na segunda-feira voltaram os jogos do campeonato. A 5 jornadas do fim, era o Vitória de Setúbal que visitava o Estádio da Luz, em mais um jogo da Liga NOS. Para este jogo, Rui Vitória apostou na equipa que tem sido mais utilizada nos últimos tempos, com excepção de André Almeida, que foi substituído por Nélson Semedo. Ederson, Nélson Semedo, Victor Lindelöf, Jardel, Eliseu, Fejsa, Renato Sanches, Pizzi, Nico Gaitán, Jonas e Mitroglou, foi a equipa que entrou para este jogo.

 

 

Pior início de jogo era impossível. Aos 14 segundos, André Claro faz o 0-1 e adianta o Vitória no marcador. Reagimos muito bem ao golo, assumindo desde logo as despesas do jogo e tentando chegar rapidamente à baliza adversária. Aos 3 minutos, Jonas está perto de marcar, mas a bola é interceptada por um defesa. Logo de seguida, golo anulado ao avançado brasileiro por posição irregular.

 

Aos 8 minutos, é Mitroglou que cabeceia com muito perigo, mas a bola sai ao lado. Estávamos muito bem no jogo, mostrando muita intensidade e dinâmica em campo. Pressão sempre aos adversários, a defesa a jogar alto, com os centrais a construir na linha de meio-campo sem serem preciso os médios virem buscar tanto atrás, e grande mobilidade dos jogadores da frente. O Vitória utilizava um sistema com 5 defesas, tentando fechar os espaços perto da sua área e limitar as acções de Jonas no corredor central.

 

Ricardo evita o golo a Jardel aos 11 minutos, depois de um bom cabeceamento do central do Benfica num canto batido por Gaitán. Mais um canto e mais uma grande defesa de Ricardo, evitando que Mitroglou, de cabeça, fizesse o empate. O Vitória estava cada vez mais encostado às cordas e cheirava a golo. Grande jogada do nosso ataque aos 14 minutos, mas Jonas não consegue emendar à boca da baliza.

 

Quando o Vitória volta a chegar perto da nossa baliza, quase faz o 0-2. Cruzamento para a área e André Claro fica perto de bisar, mas o cabeceamento sai um pouco ao lado do poste direito da baliza de Ederson, com uma péssima abordagem de Eliseu no lance. Aos 19 minutos, bela jogada de Jonas, mas Ricardo volta a evitar o golo.

 

O Vitória já não conseguia sair para o ataque, pois pressionávamos muito e quando perdíamos a bola, era logo recuperada. Eliseu e Nelsinho tentavam atacar, principalmente o segundo pelo lado direito, pois tinham muito espaço nos corredores, já que Gaitán e Pizzi passavam muito tempo no interior do terreno de jogo.

 

O que tanto se adivinhava acontece aos 19 minutos. Cruzamento de Eliseu, desvio de Gaitán e Jonas aparece a finalizar à boca da baliza, fazendo o 1-1 no jogo. Na jogada seguinte, voltamos a chegar com perigo à baliza de Ricardo, mas o remate de Mitroglou é interceptado por um defesa.

 

Continuávamos com uma grande superioridade no jogo, remetendo o Vitória para o seu último terço. Não foi de estranhar que rapidamente aparecesse o 2-1. Canto de Gaitán aos 24 minutos e Jardel faz o golo de cabeça.

 

Depois da vantagem no marcador, continuámos a dominar a partida, mas já sem aquela busca incessante pelo golo, procurando manter mais a bola e acalmar um pouco mais o ritmo do jogo. Esta tendência era cada vez mais evidente à medida que o jogo avançava.

 

Aos 41 minutos, grande oportunidade para o 3-1, com Pizzi a aparecer isolado na cara de Ricardo. Tenta o chapéu, mas um defesa corta a bola antes de ela entrar na baliza. Nestes últimos minutos, já eram os médios a pegar na bola mais cedo, não se arriscando tanto. A reacção à perda era também mais fraca e o Vitória conseguia sair várias vezes com bola depois de a recuperar.

 

E foi sem mais nada de importante acontecer que chegámos ao intervalo com 2-1 no marcador.

 

 

O começo do jogo foi o pior que se podia imaginar, com um golo sofrido logo na primeira jogada do encontro. Depois apareceu uma resposta à bicampeão. Foram dos melhores 25/30 minutos da época, onde apareceu uma grande qualidade em praticamente todos os momentos. Centrais a tentar criar muito alto, os médios sem virem buscar bola e dando linhas de passe mais à frente, muita criação de jogadas, com o aparecimento de muitas bolas em zona de finalização. Os jogadores da frente com uma mobilidade e dinâmica muito forte, conseguindo colocar a cabeça em água aos adversários, nunca estando parados no mesmo local. Trocas de bola muito rápidas, jogadores sempre a dar solução ao colega, muitos elementos em processo ofensivo com os laterais sempre a subir no terreno. Quando a bola era perdida, reagíamos muito fortemente e o Vitória não conseguia praticamente ter a sua posse, já que a perdia poucos segundos depois de a recuperar. Os últimos 15 minutos já foram bem diferentes. Mais lentos, menos dinâmica, menos risco e todos os bons indicadores a descerem qualitativamente, com um jogo num ritmo mais pausado e com pouca verticalidade da nossa parte.

 

Ederson nada podia fazer no golo, de resto não teve mais trabalho. Eliseu e Nelsinho tentaram atacar e aproveitar todo o espaço livre que tinham no corredor. Não estiveram mal nesse balanceamento ofensivo, mas poderiam ter desequilibrado um pouco mais. Defensivamente, Eliseu a não estar muito bem. Abordagem muito má no lance em que André Claro atirou ao lado, de cabeça, onde mais uma vez deixou que um adversário conseguisse entrar no espaço entre ele e Jardel. Nelsinho não foi muito colocado à prova nas tarefas defensivas. Jardel e Victor Lindelöf estiveram bem, sem terem grande trabalho. Sempre subidos e a arriscarem muitas vezes nas subidas com bola, principalmente o central sueco.

 

Fejsa continuou mais uma vez bem. Como tivemos muita bola, não é uma grande mais-valia na construção e criação de jogo, mas percebe muito bem os tempos de reacção à bola, as coberturas ofensivas e que espaços tem de fechar, ganhando muitas bolas. Renato esteve bastante avançado no terreno, estando muitas vezes perto de Jonas. Algumas más decisões com bola, mas foi empurrando a equipa e dando sempre solução de passe a quem tinha a posse do esférico, chegando perto. Gaitán e Pizzi com os movimentos interiores que eles tão bem fazem e que dificultam imensamente as tarefas dos defesas adversários. Pizzi não pode ser perdulário daquela maneira, como aconteceu na tentativa de chapéu a Ricardo. Gaitán bem com duas assistências para golo.

 

Jonas e Mitroglou estiveram sempre com marcação cerrada. Jonas sempre que baixava, um central vinha com ele, mas só até certo ponto, o que fazia com que ele depois conseguisse receber e criar jogo. Movimentou-se muito bem e tentou dar sempre solução aos colegas. Mitroglou esteve um pouco mais fixo, permitindo a Jonas sair mais vezes e segurando dois dos centrais. Esteve perto de marcar de cabeça por algumas vezes, mas acabou por não concretizar.

 

 

 

 

 

 


 

 

 


 

 

 


 

 

 

 

 

 

 


 

 

 


 

 

 


 

 

 


 

 

 


 

 

 


 

 

 


 

 

 


 

 

 


 

 

 


 

 

 


 

 

 


 

 

 


 

 

 


 

 

 


 

 

 


 

 

 


 

 

 


 

 

 


 

 

 


 

 

 


 

 

 

 

Rui Vitória não fez qualquer alteração ao intervalo. Os primeiros minutos da segunda parte foram uma continuação daquilo que o final da primeira nos tinha dado. Benfica a dominar, mas uma posse de bola mais contida, com menos velocidade e mais longe da baliza adversária. Jonas tinha agora marcação ainda mais cerrada, com um dos centrais a sair sempre com ele, para qualquer zona.

 

Aos 53 minutos, o Vitória cria algum perigo, mas Jardel faz um grande corte, evitando a finalização de Arnold. Íamos perdendo cada vez mais bolas, muito devido a maus passes, alguns sem grande pressão, o que fazia com que a bola nunca chegasse perto da baliza de Ricardo.

 

Por esta altura, a equipa mais perigosa em campo era mesmo o Vitória. Não conseguíamos ter bola no ataque, perdíamos imensas bolas e mesmo defensivamente já se abriam muitas brechas. Rui Vitória aos 60 minutos mexe pela primeira vez na equipa. Sai Gaitán e entra Carcela.

 

De bola parada, conseguimos de novo criar perigo. Livre de Pizzi aos 63 minutos, Jardel toca de cabeça para Fejsa que obriga Ricardo a mais uma boa intervenção. Mitroglou de cabeça após cruzamento de Carcela, cria algum perigo para baliza de Ricardo. Rui Vitória pouco tempo depois fez a segunda alteração, fazendo entrar Samaris para o lugar de Fejsa.

 

Entre os 72 e 75 minutos, conseguidos estar a um nível bem melhor em campo, com a bola sempre a rondar a baliza de Ricardo. Dessa pressão, resultou mais um canto, onde Jardel voltou a ganhar nas alturas, mas desta vez a bola saiu por cima do travessão. Depois desses minutos de maior qualidade, voltámos ao mesmo. As linhas começaram a descer, passes falhados e o Vitória a ter cada vez mais bola.

 

Rui Vitória esgota as substituições aos 82 minutos, com a entrada de Raúl para o lugar de Mitroglou. Havia já jogadores muito cansados no Benfica. Onde se notava mais esse cansaço era em Pizzi. Não acertava um passe e acumulava más decisões. Praticamente já não conseguia acelerar o jogo ou correr às solicitações dos colegas.

 

Carcela, aos 88 minutos, consegue levar a bola de novo à baliza de Ricardo, mas o guarda-redes do Vitória defende facilmente o remate do extremo marroquino. O jogo aproximava-se do fim. O Vitória tinha alguma bola, mas não conseguia criar perigo para Ederson. Já que a equipa sadina não conseguia, Pizzi decidiu ajudar. Péssimo passe a isolar o jogador do Vitória na cara de Ederson, mas o guarda-redes do Benfica sai bem e na recarga a bola sai ao lado. Foi um momento de enorme tensão.

 

Não houve tempo para mais e o jogo chegou ao fim com uma vitória do Benfica por 2-1. 

 

 

Esta segunda parte foi péssima da nossa parte e com uma vantagem de apenas um golo, sujeitámo-nos a um grande amargo de boca e quase que isso aconteceu perto do final. Este segundo tempo foi a continuação dos últimos 10 minutos da primeira parte, só que ainda pior. Tudo muito lento, sem pressão aos adversários, sem reagir à perda da bola e com a abertura de espaços perigosos para o Vitória trocar a bola. Poucas vezes conseguimos chegar a zonas de finalização com bola no pé, sendo que para o esférico lá chegar, a dinâmica e mobilidade eram quase inexistentes. Bola sempre trocada a passo, com poucas linhas de passe para quem a possuía e dificuldades em criar algo. Inúmeros passes falhados, alguns sem pressão por parte do adversário. Foi notório o desaparecimento completo de alguns jogadores no jogo.

 

Ederson esteve muito bem. Grande saída no final a corrigir o erro de Pizzi, segurando os 3 pontos. Eliseu e Nelsinho pioraram no jogo. Já não subiram tanto e defensivamente mostraram algumas falhas. Jardel e Victor Lindelöf continuaram em grande, não há muito a dizer dos dois. Merecem todos os elogios, como aqueles que Lewandowski proferiu.

 

Fejsa já não conseguiu fechar todos os espaços que normalmente fecha, mas também eram em maior número. Pareceu algo cansado e também já não chegava tanto à frente na pressão. Renato, nesta segunda parte, não esteve tão avançado no terreno e teve menos bola, o que lhe trouxe um maior número de tarefas defensivas onde ele continua a facilitar muitas vezes. Algumas arrancadas com bola a tentar esticar um pouco mais a equipa. Gaitán desapareceu do jogo na segunda parte, acabando por ser substituído rapidamente por Carcela. Pizzi fez um dos piores 45 minutos da época. Nem quando jogava a 8 - onde é muito sofrível - me lembro de o ver produzir tão pouco. Acumulou más decisões e nos últimos 20 minutos não deve ter acertado um passe, sendo aquele último lance uma inacreditável má decisão. Estava muito cansado, já nem conseguia pensar direito. Ajusta-se muito aquela expressão que se utiliza no futebol: "se lhe tapassem a boca, explodia".

 

Jonas teve ainda mais marcação. Como Quim Machado tão bem explicou, na primeira parte os centrais só o marcavam até certa zona, o que lhe permitia depois receber quando baixava mais. Mas nesta segunda parte, o marcador já vinha com ele sempre, o que não lhe permitiu receber a bola tantas vezes. Também tivemos menos bola na frente, o que lhe dificultou a vida. Mitroglou também desapareceu um pouco, tendo muito pouca bola nas zonas que ele pisa. Não me pareceu estar totalmente recuperado das dificuldades físicas que o afastaram do último jogo.

 

Carcela tentou dar mais dinâmica e velocidade à frente de ataque, ajudando também mais Eliseu, mas não se viu muito. Samaris entrou para dar um pouco mais de força ao meio-campo, mas mesmo estando fresco, acabou por não se notar muito a sua entrada. Raúl não teve tempo para muito.

 

 

 

 

 

 


 

 

 


 

 

 


 

 

 


 

 

 


 

 

 


 

 

 


 

 

 


 

 

 


 

 

 


 

 

 


 

 

 


 

 

 

Neste jogo brincámos um bocado com a sorte e ainda trememos nos últimos 10 minutos. A equipa foi completamente abaixo depois da primeira meia hora e quase que desapareceu totalmente do jogo. Fisicamente notou-se ali jogadores em claro défice, sendo Pizzi o expoente máximo. Outros, não me pareciam estar completamente recuperados, como Kostas Mitroglou. Infelizmente, Rui Vitória só tinha 3 substituições para fazer, já que precisava de umas 6. Poderia ter mexido de outra forma, com outras substituições, mas como é óbvio, não tenho as informações sobre as condições físicas dos jogadores e se estavam totalmente recuperados, estando apenas a supor mediante o que vi em campo.

 

Não sei o que se passa com Nelsinho. Desde que voltou de lesão, parece outro jogador, muito longe do que tinha mostrado no início de época e do que eu sei que é capaz de fazer. Não sei se são questões de confiança, questões físicas ou outra coisa qualquer, mas é com pena que não o vejo em grande forma para este final de época. Já li muita gente a dizer que afinal ele é isto e que o início de época foi só um engano, mas discordo completamente. Tem imensa qualidade. Contudo, o lugar nesta fase final é claramente de André Almeida.

 

Quem está muito bem, são os dois centrais e Ederson - Jardel foi mesmo para mim o melhor em campo. Júlio César deve estar quase a regressar, mas não me parece que volte directamente para a baliza, sendo que Ederson continuará a ser o titular por toda a segurança que tem demonstrado. Jardel e Victor Lindelöf estão em grande forma e entendem-se de uma forma fantástica. Pelas suas qualidades, conseguem acabar com muitos dos problemas que surgem no nosso processo defensivo, devido a falhas que eles não têm culpa. Jogam o mesmo jogo, movimentam-se quase de forma perfeita, sem terem de estar a olhar um para o outro. As falhas são poucas, mas é impossível não existirem, muitas vezes por questões de centímetros. O central sueco fez mais um belo jogo, e mesmo com Luisão já recuperado, penso que Rui Vitória não deve mexer na dupla que melhor tem estado durante esta época e com dois jogadores em tão boa forma.

 

Estes dias de descanso até Domingo vão fazer bem a alguns jogadores. É notório o cansaço, mas ainda é pior quando temos vários que não estão a 100%, nem pouco mais ou menos, o que nos traz muitos problemas em campo. Pizzi foi imensamente criticado, e percebo perfeitamente, pois aquela decisão foi horrível e poderia ter custado uma vitória importantíssima e até um campeonato. É uma decisão que está completamente ligada ao enorme cansaço do jogador, o que era visível. O que não tem justificação é a forma patética com que tentou fazer o chapéu a Ricardo no final da primeira parte. E já não é a primeira, nem a segunda, nem a terceira vez. De resto, continuo a achar que ele é uma das chaves do nosso processo ofensivo e de como estamos formatados para o procurar depois de recuperar a bola. Estando em boas condições físicas, não vejo razão para sair da equipa. Tem de perceber que não pode ser tão displicente e não querer ser o artista, tendo de ser mais eficaz.

 

Domingo, um jogo muito difícil em Vila do Conde. Precisará de aparecer em campo o Benfica dos primeiros 25/30 minutos deste jogo para vencer a partida, já que a jogar daquela maneira, muito dificilmente alguém nos consegue travar, Se for o Benfica do restante jogo contra o Vitória de Setúbal, muito dificilmente sairemos do Estádio dos Arcos com uma vitória. Claro que o que mais conta são os 3 pontos, mas com mais qualidade de processos estaremos próximos de uma vitória.

 

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publicado às 18:12



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