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Na 6ª jornada da Liga NOS, o Benfica recebeu em casa o Paços de Ferreira. Para este jogo, Rui Vitória fez entrar a mesma equipa que tinha defrontado o FC do Porto na jornada anterior.
O Benfica entrou a dominar o jogo e a posse de bola. Aos 4 minutos, boa jogada entre Jonas e Gonçalo Guedes, mas Marafona evita o primeiro golo da partida. Pouco tempo depois, através de um remate de longe, Jota leva algum perigo à baliza de Júlio César. Por volta do quarto de hora, voltamos a chegar com perigo à baliza adversária, após boa jogada entre Gaitán e Jonas. Foram 15 minutos iniciais bons do Benfica, a conseguir chegar ao ataque com bola, apesar da boa organização defensiva do Paços de Ferreira.
Se era esperado que Samaris fosse o 8 da equipa e que André Almeida jogasse mais recuado, não era isso que se verificava. Ou jogavam muitas vezes a par, ou era Almeida a estar mais adiantado no terreno. A equipa de Jorge Simão não pressionava muito alto, apenas na entrada do seu meio-campo, tentando tapar os espaços entre linhas. Aos 21 minutos, Jardel faz um mau passe na saída a jogar e o Paços de Ferreira tem uma boa oportunidade para marcar, mas o remate sai um pouco ao lado.
Os minutos iam passando e o Benfica ia tendo cada vez mais dificuldade em chegar com a bola ao ataque. A equipa da capital do móvel começou a subir um pouco mais no terreno e a posse de bola do Benfica era agora mais lenta. O Paços de Ferreira marca aos 32 minutos, mas o golo é bem anulado por fora de jogo.
Perto dos 34 minutos e quando menos Benfica tínhamos no jogo, aparece o melhor jogador do campeonato a marcar um grande golo. Jonas a colocar a bola na gaveta da baliza de Marafona, com um grande remate de pé esquerdo. Pouco tempo depois, o Paços de Ferreira tem um contra-ataque muito perigoso, mas Jota atira ao lado. Aos 39 minutos, Jonas quase marca de novo com um remate de longe, mas desta vez a bola sai ao lado. O jogo chegou ao intervalo com o Benfica a vencer por 1-0.
Esta foi uma 1ª parte boa do Benfica até perto dos 20/25 minutos, depois o jogo da equipa desceu de qualidade. Começou com uma boa posse de bola, dinâmica, com velocidade, a conseguir chegar ao ataque e a criar perigo. Depois, tudo o que foi mencionado desceu de qualidade. O Paços de Ferreira também se apresentou bem organizado no Estádio da Luz, tentando evitar que o Benfica conseguisse chegar perto da sua baliza. Até não se notou tanto como era esperado a falta de capacidade ofensiva dos dois médios.
A defesa esteve a um nível aceitável, tirando a saída a jogar em que Jardel faz um mau passe e o contra-ataque em que não se conseguiu parar Jota. Eliseu e Nélson Semedo subiram pouco na 1ª parte e causaram poucos desequilíbrios. Samaris e André Almeida estiveram também num nível aceitável, mas precisam de coordenar melhor o espaço que deixam entre eles e a defesa e as zonas a que cada um vai.
Gaitán esteve abaixo do nível que se espera dele. Guedes também fez uma aceitável 1ª parte, sem dar muito nas vistas mas fez alguns bons movimentos. Jonas foi mais do mesmo, começam a faltar palavras. É um jogador genial, mas não só com bola. Mitroglou esteve abaixo do que tinha feito nos últimos jogos. Mais preso de movimentos e a participar menos no jogo ofensivo da equipa.
Se nos jogos anteriores o Benfica aparecia a fazer as saídas a jogar apenas com os centrais, desta vez aconteceu algo de diferente. A equipa tinha diversas saídas. Ora apenas com os centrais - como tinha sido hábito -, ora aparecendo um dos médios a fazer de 3º central. Nestes casos, vimos que tanto acontecia o médio meter-se no meio dos centrais, como de aparecer numa das linhas.
Uma boa troca de bola do Benfica. Jonas a receber entre linhas, Mitroglou a vir dar o apoio frontal e André Almeida a virar o jogo para Gaitán.
Porque é fácil o futebol com Jonas. Gonçalo Guedes faz um movimento interior com bola. Jonas sai do meio dos centrais e com uma simples tabela tira 4 adversários do lance.
Lance de ataque do Paços de Ferreira. André Almeida a fazer a pressão e Samaris na mesma linha que ele. O médio grego não tenta ocupar o espaço mais à sua direita, mesmo quando o jogador adversário que tem bola faz o movimento para jogar para aquele lado. Quando se apercebe da movimentação do outro médio, já é tarde, permitindo a tabela. Luisão ainda ameaçou sair naquele espaço e Nélson Semedo foi ultrapassado pela movimentação do extremo.
Como já disse, André Almeida apareceu muitas mais vezes que Samaris em zonas adiantados do terreno.
Neste lance, mostro a jogada que Gonçalo Guedes deveria ter feito. Era só dar de primeira em Jonas que dá o apoio frontal e rodar para ir buscar depois o passe do colega de equipa, mas o jovem extremo decidiu mal.
Péssima decisão de Eliseu e falta de um médio para aparecer no meio a pedir a bola. Era mais seguro dar em Jardel e depois a bola ser rodada para o outro lado.
André Almeida.
Samaris com bola. Gonçalo Guedes faz a diagonal levando o lateral, aparecendo muito forte Nélson Semedo na direita, onde entra o bom passe do médio grego. Lateral sai a Nélson Semedo e Guedes fica sozinho para receber.
Boa compensação de André Almeida a Nélson Semedo, com a equipa a descer rápido e a controlar o espaço nas costas.
Como tirar 3 adversários do lance com uma tabela.
O entendimento nas transições ofensivas precisa de ser melhorado. Este é o típico lance que acontece muitas vezes.
Samaris a entrar à queima na linha, sítio que lhe é sempre favorável, podendo fazer a contenção e não deixar o adversário avançar. Com isso, foi ultrapassado e depois André Almeida volta a recuperar muito bem.
Equipa a demorar muito a sair em transição ofensiva.
O melhor jogador do campeonato.
Jogadores do Benfica a entrarem à queima e a serem ultrapassados por uma tabela, onde até estavam em superioridade numérica. Depois não existiu velocidade para acompanhar o jogador adversário.
A tal jogada que o Benfica faz muitas vezes. Gaitán abre bem na linha e Mitroglou vem chegar perto, arrastando o central e abrindo o espaço no meio do terreno. Gaitán dá de primeira para o avançado grego, fazendo logo o movimento de entrada no espaço, onde esperará a tabela de primeira. Neste caso, até foi Gaitán e Eliseu a fazer o mesmo movimento, mas infelizmente Mitroglou não conseguiu fazer o passe.
Rui Vitória não mexeu na equipa e entrou o mesmo 11 em campo depois do intervalo. Os primeiros 10 minutos da 2ª parte foram os piores do Benfica no jogo. A equipa entrou muito apática, a ver jogar e com muita lentidão. Aos 59 minutos e após uma boa saída do Benfica para o ataque, Mitroglou aparece na cara de Marafona, mas o guarda-redes do Paços defende a bola para canto. Pouco tempo depois, o avançado grego é substituído, entrando Raúl Jiménez.
Com o passar dos minutos, o Benfica ia melhorando, voltando a ser aquela equipa dos primeiros 20 minutos de jogo. Já dominava outra vez. A posse de bola era feita com mais velocidade e conseguia chegar à baliza adversária. Tudo isto é traduzido no golo de Gonçalo Guedes aos 67 minutos, após assistência de Gaitán.
Os minutos passavam e era o melhor Benfica no jogo, já com um Paços mais desorganizado. Jonas quase bisa aos 70 minutos, após desviar um remate de Gonçalo Guedes. Jiménez entrou bem no jogo, mexendo com a equipa. Pouco depois, Jonas faz mesmo o 3-0, após assistência de Gonçalo Guedes.
Carcela faz a sua estreia no Estádio da Luz aos 78 minutos. O extremo marroquino entra para o lugar de Gonçalo Guedes. Rui Vitória mexe de novo aos 81 minutos. Entra Talisca e sai Samaris. O jogo já se arrastava para o fim. O Benfica tentava pausar o jogo, procurando guardar a bola com mais segurança.
Júlio César evita o golo do Paços aos 84 minutos, com uma defesa atenta. Luisão quase marca aos 86 minutos, mas a bola vai ao poste, depois de um canto marcado por Gaitán. Nada de mais importante aconteceu, e o Benfica venceu o jogo por 3-0.
O Benfica entrou muito mal na 2ª parte, mas depois acordou e voltou a colocar em campo um futebol agradável. A entrada de Jiménez foi importante, o avançado entrou muito bem e veio mexer com o jogo da equipa e com a organização defensiva do Paços de Ferreira. A equipa chegou várias vezes à baliza adversária, fez boas jogadas e causou muitos desequilíbrios com uma posse de bola rápida e dinâmica.
A defesa esteve bem nesta 2ª parte, controlando quase tudo o que havia para controlar. Os laterais subiram mais no terreno, o que ajudou ao jogo ofensivo da equipa. Samaris e André Almeida mantiveram o nível da 1ª parte, com André Almeida a fazer um belo jogo. Gaitán não foi o que nos tem habituado, mas desequilibrou nas jogadas dos dois golos. Guedes também esteve bem, a marcar o golo que tanto procurava e numa boa assistência para o golo de Jonas.
Jonas é o normal, não há muito a dizer. É um enorme jogador e que aos 81 minutos andava a correr numa transição defensiva como se tivesse 18 anos. Mitroglou fez um mau jogo. Pareceu muito preso e falhou a oportunidade de marcar o seu habitual golo da ordem. Carcela teve pouco tempo para se mostrar mas entrou com vontade em campo.
Para os lances desta 2ª parte, apresentamos uma novidade ns nossas análises.
Os lances em análise da 2ª parte.
Depois de uma derrota na jornada anterior, este seria sempre um jogo difícil. Os maus resultados mexem sempre com uma equipa e era muito importante a vitória neste jogo, ainda para mais com o empate do FC Porto na 6ª feira. Esperava que Rui Vitória fosse colocar alguém mais ofensivo a 8, mas ele apostou outra vez na dupla André Almeida e Samaris. Ganhou a aposta para este jogo, já que corresponderam bem, apesar de se notar em várias situações que nenhum deles consegue dar ofensivamente à equipa aquilo que o jogo muitas vezes pede. É natural, são jogadores mais defensivos. Creio que o treinador do Benfica tentou também ganhar mais rotinas entre os dois, já preparando o jogo da Liga dos Campeões, onde esta dupla deve ser de novo titular.
Uma coisa que tem estado mal, é que a equipa entra sempre mal para a 2ª parte. São normalmente os piores minutos do Benfica em campo e demoram sempre muito a voltar a entrar no jogo. Penso que Rui Vitória com o jogo resolvido, deveria ter dado descanso a Jonas e Gaitán, por exemplo. São dois dos jogadores mais desgastados da equipa, são também os dois melhores e é importante gerir bem a condição física deles.
A defesa ganha cada vez mais rotinas, parece-me que estão encontrados definitivamente os jogadores que jogarão mais vezes ao longo da época. Ainda há erros que precisam de ser corrigidos e que poderão custar muito caro contra jogadores de outro calibre. Os defesas parecem ter cada vez mais referências individuais e não de zona. Vamos ver se resulta. Com Jardel, a equipa ganha muitas coisas, não é por acaso que desde que chegou, Júlio César deixou de levar com jogadores isolados na sua cara - tirando Aboubakar e André André - já que a profundidade é melhor controlada. Contudo, tem de ter mais cuidado nas saídas a jogar. Já se sabe que tecnicamente não é bom, e falhas como a que teve neste jogo não podem acontecer.
Samaris continua a ter várias más abordagens ao lances, como lhe tenho apontado em muitos jogos. Ainda não percebeu que não pode ir a todas as bolas, nem fazer desarmes em todos os lances, sendo que é preferível ficar mais em contenção para tapar os espaços. Precisa de se entender melhor com André Almeida na ocupação de espaços. Gonçalo Guedes precisa ainda de crescer muito na tomada de decisão e em perceber o que deve fazer em cada situação. Onde está mais adulto é na recuperação defensiva. Com os erros irá aprender. Jiménez entrou muito bem, é um jogador diferente de Mitroglou. O Benfica tem três grandes avançados, jogue quem jogar a equipa estará sempre bem servida. Veremos se o avançado mexicano vai ter oportunidade de ser titular no jogo da Liga dos Campeões.
Segue-se agora um jogo muito difícil. O Atlético Madrid tem uma grande equipa e é o favorito no grupo. Apesar de não ser nem de perto nem de longe o favorito, espero um bom Benfica a apresentar-se na capital espanhola.
Do futebol ao hóquei, do basquetebol ao voleibol, uma visão livre, imparcial e plural do Sport Lisboa e Benfica.
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