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Depois da derrota na semana passada frente ao Arouca, ontem foi a vez do Benfica receber em casa o Moreirense. A equipa de Moreira de Cónegos vinha de duas derrotas em dois jogos para o campeonato. Para este jogo, Rui Vitória fez apenas uma alteração em relação à equipa titular da semana passada. Entrou Victor Andrade e saiu Ola John.

 

Os comandados de Miguel Leal desde cedo mostraram ao que vinham. Não pressionavam as saídas a jogar até a bola chegar perto do meio-campo ou entrar na ala, sendo nesses dois momentos que a pressão era feita, encurtando sempre o espaço. Nos primeiros 10 minutos a intensidade foi baixa, o Benfica a ter a tal posse consentida pelo adversário até chegar a determinadas zonas do terreno, mas depois a não conseguir avançar.

 

Jogando em casa, o Benfica foi assumindo sempre o jogo, tentando recuperar a bola depois de a perder e evitar as tentativas de contra-ataque do Moreirense que jogava apenas no erro. Continuava a haver muito circulação de bola, mas em zonas baixas do terreno e com pouca intensidade. Eram feitos também muitos cruzamentos na procura dos avançados. Os extremos procuravam muito o jogo interior, como tem sido hábito. 

 

Aos 28 minutos, a equipa visitante adianta-se no marcador após jogada de contra-ataque. O Benfica sentiu o golo, a equipa já se mostrava algo nervosa. Continuou a registar-se muita troca de bola, agora com o Moreirense a pressionar ainda menos, mas a equipa continuava a mostrar muito pouco futebol aos seus adeptos. Porém, aos 37 minutos na sequência de um bom movimento de Jonas e Pizzi, o avançado brasileiro tem uma grande oportunidade, mas atira ao lado. Pouco de importante aconteceu no restante tempo até ao intervalo.

 

 

Esta foi uma primeira parte muito fraca. A equipa teve muita bola, mas grande parte dela atrás da primeira linha de pressão do Moreirense. O Benfica contra uma das piores equipas do campeonato, criou um lance de perigo em 45 minutos. Isto é demasiado mau para um candidato ao título. Continuou a haver dificuldade de jogar futebol apoiado no meio-campo ofensivo, linhas muito distantes, falta de apoios ao portador da bola, demasiados cruzamentos e péssimas transições defensivas. O filme visto nos jogos anteriores.

 

Samaris falhou muitos passes na primeira parte, andou perdido em campo. Pizzi também não conseguiu dar muito à equipa, para além da bela jogada que fez com Jonas. Não percebo a insistência de Pizzi a 8, foi provavelmente umas das piores invenções de Jorge Jesus no Benfica, a equipa sofre muito com ele ali. Se no ano passado nos jogos em casa isso nem se notava muito, este ano é em qualquer estádio e contra qualquer equipa.

 

Victor Andrade foi uma aposta falhada. É certo que é irreverente e mexe de vez em quando com o jogo, mas tem de levantar a cabeça e procurar os colegas. O futebol ainda é um desporto colectivo. Jonas desgastou-se muito a baixar entre as linhas para tentar ter bola, mas qualquer treinador já sabe que ele faz isso e tentam sempre fechar esse espaço. Mesmo assim, ainda conseguiu receber algumas vezes, mas acabava depois por ter os apoios longe e poucas linhas de passe, acabando por perder a bola. Mitroglou esteve muito perdido no meio dos centrais. Sem a equipa criar jogo ofensivo e oportunidades, é muito complicado ele mostrar no que é bom, mas mesmo assim, podia de vez em quando tentar envolver-se mais no jogo, já que a bola não chega lá tanto à frente.

 

 

A pressão que o Moreirense fazia. Linha da defesa e do meio-campo a encurtarem espaço para não deixar o Benfica jogar entre linhas, e a pressão a sair quando a bola chegava perto do meio-campo ou entrava na ala.

 

 

Lisandro tenta construir jogo. Tem Jonas a pedir a bola, mas opta por uma linha de passe mais difícil. Nenhum médio compensa a subida do central e após a perda da bola temos uma situação de um para zero.

 

 

Dos poucos bons movimentos do Benfica na 1ª parte. Jonas a jogar entre linhas, Victor Andrade a fazer o movimento interior para receber a bola. Depois de receber, nem levanta a cabeça, tendo duas boas opções de passe. Virou-se e rematou, perante um mar de pernas de defesas.

 

 

Pizzi perde infantilmente a bola no meio-campo. Samaris faz uma má pressão ao portador da bola e o mesmo faz Pizzi de seguida, deixando um buraco entre a defesa e meio-campo. Os dois são facilmente ultrapassados, Luisão tenta fechar o espaço mas acaba por ser ultrapassado também. Por sorte, o jogador do Moreirense não colocou a bola em nenhuma das duas óptimas linhas de passe que tinha, sofrendo depois falta. 

  

 

Nélson Semedo com bola a sofrer a pressão de dois adversários. Apenas tem uma linha de passe na linha que é Gaitán, mas também tem um adversário por perto. Samaris e Pizzi a assistirem ao lance e ninguém vem dar uma linha de passe naquele espaço todo entre a bola e os avançados.

 

 

Lance do golo do Moreirense. Repare-se na altura do cruzamento de Nélson Semedo. A equipa do Moreirense tem 9 jogadores entre a linha da grande área e a baliza, e o Benfica tem 4. Passados uns segundos, está em superioridade numérica de 3 para 2 no ataque. Lisandro corta a bola para onde não devia, mas é incrível o buraco no meio-campo e o tempo que a equipa demora a fazer a transição defensiva.

 

 

Saída perigosa no pontapé de baliza. Pizzi vem pedir a bola a Júlio César, mas assim que recebe a bola de costas vai ter a pressão de um adversário, e de outros dois que estavam perto. Mal posicionada a equipa, e como se pode ver, o resto da equipa está distante, já que mais nenhum jogador aparece na imagem. Valeu que o jogador do Moreirense fez falta.

 

 

A melhor jogada do Benfica na 1ª parte. Jonas vem buscar a bola e Pizzi vai fazer o seu lugar procurando o espaço entre linhas. Nélson Semedo leva um adversário com ele, Pizzi respeita o movimento de Jonas, entregando-lhe a bola para uma finalização em boa posição.

 

 

Lateral e ala esquerdo a jogarem interiores, sem ninguém abrir. A bola perde-se após Pizzi fazer um mau passe, e Eliseu quase que é multado por excesso de velocidade na recuperação defensiva. Valeu ao Benfica o médio do Moreirense não ter feito feito o passe antes de sofrer a falta de Pizzi. Samaris também pouco se preocupa em recuperar defensivamente.

 

 

Eliseu com a bola na ala no um para um, e nenhum jogador do Benfica se mexe para dar uma linha de passe ou o apoio. Quatro jogadores metidos na área e Pizzi a assistir ao lance uns metros atrás.

 

 

Gaitán recebe a bola. Tem espaço para avançar, mas a preocupação é logo receber e meter na área. Pizzi desmarca-se bem e a bola até poderia entra nele.

 

 

 

Para a 2ª parte, Rui Vitória fez entrar Talisca para a posição de Pizzi e Gonçalo Guedes para o lugar de Victor Andrade. O inicio da 2ª parte foi igual ao fim da 1ª. Moreirense com as linhas mais recuadas a deixar o Benfica jogar à vontade no seu meio-campo e depois a tentar fechar os espaços em zonas mais recuadas do terreno. 

 

A partir dos 60 minutos, começou a notar-se muito cansaço na equipa do Moreirense. Já não conseguiam tapar tão bem os espaços entre linhas, mas o Benfica continuava a fazer muitos cruzamentos em vez de tentar jogar mais apoiado, ainda por cima com o desgaste dos médios adversários a ser cada vez mais notório. Cada vez que a bola entrava no último terço do terreno e chegava à linha, saía cruzamento, muitas vezes sem critério nenhum. Continuava  a haver pouca dinâmica e agressividade - no bom sentido - em campo. Gonçalo Guedes e Talisca pouco vierem dar ao jogo.

 

Aos 68 minutos, boa jogada do Benfica. Nico Gaitán a avançar com a bola, dá no apoio frontal de Mitroglou que entrega de primeira a Jonas, que acaba por atirar por cima. Passados alguns segundos, Mitroglou após cruzamento de Gaitán cabeceia para uma grande defesa de Stefanovic, embatendo a bola depois na trave. Rui Vitória faz a última substituição aos 73 minutos. Sai Eliseu e entra Raúl Jiménez, passando Gaitán a fazer a ala esquerda toda.

 

Na primeira vez que toca na bola, o avançado mexicano empata o jogo. Grande cruzamento de Gaitán, e um belo cabeceamento de Jiménez. Pouco mais de um minuto depois, o Benfica volta a marcar. Nélson Semedo desequilibra e entrega a bola a Mitroglou que segura de costas para a baliza, entregando depois para Samaris, que de fora da área remata para o 2-1.

 

Com a vantagem, a equipa tentou serenar mais o jogo, mas notava-se muito nervosismo. Aos 84 minutos, depois de um lançamento de linha lateral, o Moreirense empata o jogo em fora-de-jogo. O Benfica reagiu rápido e um minuto depois volta a adiantar-se no marcador. Cruzamento de Gaitán na esquerda e Jonas aparece a finalizar de primeira para o fundo das redes. Nada de mais importante aconteceu até ao apito final, acabando o jogo com a vitória do Benfica por 3-2.

 

 

O 2º tempo até o adversário começar a ceder fisicamente e a abrir espaços, voltou a ser o deserto de ideias que foi a 1ª parte. Demasiados cruzamentos, poucos apoios e um futebol que não é nada agradável à vista. A partir do momento da quebra física, as individualidades do Benfica fizeram a diferença. 

 

Rui Vitória acabou por ganhar a aposta na 3ª substituição. Talisca e Guedes que entraram ao intervalo, não acrescentaram muito, mas o avançado mexicano fez a diferença na área. O Moreirense estava de rastos, não atacou quase nenhuma vez. Gaitán conseguiu fazer o corredor todo pois não precisava de defender. Mitroglou melhorou bastante na 2ª parte, deixou de estar tão estático e passou a vir buscar bola e a movimentar-se mais. Jonas marcou o golo que tanto merecia, é um enorme jogador e um grande homem.

 

Nélson Semedo também desequilibrou pelo seu flanco. A defesa acabou por quase não ser posta à prova, o Benfica teve quase a totalidade da bola na 2ª parte e nem em contra-ataque a equipa do Moreirense conseguiu sair.

 

 

Jogo interior de Gaitán que dá para Talisca. Apoio frontal de Jonas que pede bola para depois entregar em Gaitán que faz um movimento de entrada pela defesa contrária, mas Talisca prefere fazer isto.

 

 

Gaitán a sair bem do drible, mas mais uma vez a primeira preocupação é fazer o cruzamento. Nem vê que assim que sai do drible e antes de cruzar, tem duas boas linhas de passe fora da área.

 

 

Depois de um pontapé do guarda-redes do Arouca, é este o espaço entre a defesa e o meio-campo.

 

 

O golo do empate. Muito bem Jiménez a vir dar o apoio e a partir em velocidade para a área. Assim que entra na área, faz o movimento para atacar o 1º poste, ganhando a frente do lance ao defesa e marcando o golo.

 

 

Lance do 2º golo do Benfica. Nélson Semedo desequilibra na linha, colocando depois a bola no apoio frontal de Mitroglou que recebe bem e protege do defesa. O avançado grego encontra depois Samaris na entrada da área, que remata para o fundo das redes. Repare-se na reacção de desagrado de Rui Vitória quando Nélson Semedo ultrapassa o adversário e vai para dentro, e não colocando a bola na linha como ele pedia. Felizmente que o lateral direito do Benfica fez este movimento, desequilibrando a equipa adversária e não fez o que o treinador queria.

 

 

Abordagem patética de Lisandro no lance do golo do empate. Nem corta a bola nem evita o choque com o adversário. 

 

 

Lance do 3-2. Jogadores do Moreirense já não acompanham os avançados do Benfica, que por sua vez estão em superioridade numérica e se movimentam bem na área. Jonas finaliza de primeira.

 

 

O modelo de jogo continua muito fraco, as ideias são poucas e as que há não são muito boas. O Benfica na 1ª parte contra o Moreirense em casa - uma das equipas mais fracas do campeonato - teve uma (!!) ocasião de golo. É muito pouco para uma equipa que luta pelo título. Como o modelo continua fraco, notam-se ainda mais as fragilidades de alguns jogadores e cada erro individual é uma aflição para a equipa, mesmo contra o Moreirense. 

 

Acabámos por ganhar o jogo porque temos grandes individualidades, jogadores na frente acima da média e que resolvem muitas vezes quando o adversário tem um nível mais baixo. Quando a dificuldade subir de nível, o problema será muito maior, pois aí esses jogadores já não farão tanta diferença. Nesses jogos também não veremos o adversário a claudicar fisicamente a partir dos 60 minutos.

 

Continua o problema no meio-campo. Pizzi não pode ser solução para um meio-campo a 2, e lá está, com os problemas que o colectivo tem, ainda se nota mais. A equipa faz demasiados cruzamentos, até foi dessa maneira que o jogo se resolveu, mas alguém acredita que é essa a solução para ganhar todos os jogos até ao fim da época? Fizemos 27 cruzamentos durante o jogo, um número que faz inveja a qualquer equipa onde o Peter Crouch seja titular. A equipa pouco jogo dá aos seus avançados, pouco jogo ofensivo cria, poucas vezes chega com a bola controlada ao sector atacante. Se contra um adversário fraco como este é assim, é melhor nem pensar como será contra alguém mais forte. O Benfica tem a melhor frente de ataque em Portugal, jogue qual dos avançados jogar, é preciso criar jogo e soluções para eles finalizarem. Não será sempre com o chuveirinho que as coisas se vão resolver.

 

Qualquer treinador do campeonato sabe como anular este Benfica. Alternar entre a pressão alta e a pressão no meio-campo, não deixar Jonas receber a bola entre linhas, e lançar dezenas de bolas para as costas da defesa. Só a fazer isto, em 3 jogos, adversários de nível muito inferior, criaram inúmeros problemas ao Benfica. A transição defensiva e organização defensiva está no nível de uma equipa do CNS, e estou a ser simpático. Isso precisa de ser muito e bem trabalhado, que contra outras equipas pode ser o descalabro.

 

Também não percebo porque se joga com o Ola John a titular quando ele fazia pouco por merecer. Depois ele faz 45 minutos bons contra o Arouca, sai ao intervalo e no jogo seguinte nem joga. A titular joga o Victor Andrade, um jogador que nem a pré-época fez com a equipa e que acaba por sair ao intervalo. Para a 2ª parte entra Gonçalo Guedes, mais um jogador que tinha tido poucos minutos. Que confiança é que Rui Vitória tem nas suas decisões iniciais quando faz isto em 2 jogos seguidos? Pois. Nenhuma.

 

Samaris foi o jogador do Benfica que foi ao flash interview, entre outras coisas, disse: "Não conseguimos na 1ª parte procurar tão bem o jogo directo com os nossos avançados". Estou a tentar convencer-me desde ontem, que aquele "jogo directo" tenha sido um problema de português e não as ordens que a equipa tem para fazer o jogo todo.

 

Rui Vitória diz que o Benfica teve muita posse de bola, muitos remates, mas de que serve isso quando a equipa joga um futebol tão pobre e passa o jogo a bombear bolas? Isso é o que diria qualquer pessoa que chegasse, olhasse para as estatísticas e não presenciado o jogo. A equipa fez um bom jogo só por causa do domínio das estatísticas? Não. Que se aproveite esta paragem para trabalhar algo, mas trabalhar a sério, e não o que se vê em campo. É preciso muito mais, os problemas são muitos e as soluções apresentadas em campo são poucas. Temos também dois dias para contratar dois reforços que entrem de caras na equipa titular.

 

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publicado às 18:09


5 comentários

De Pesaresi a 31.08.2015 às 20:08

mas como marcámos 2 golos com cruzamentos... bom, resultou, próximo jogo chegamos aos 50 cruzamentos num jogo.

De R_9 a 02.09.2015 às 01:09

É provável. Os cruzamentos até podem resultar, mas em jogadas pensadas com desequilíbrios feitos e depois o cruzamento a partir da linha, com os avançados em boa posição. O que é feito é uma coisa completamente diferente e rudimentar.

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