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Análise ao Benfica vs Feirense

por R_9, em 05.10.16

 

Depois da derrota em Nápoles, o Benfica voltava a virar agulhas para a Liga NOS. Perante um Estádio da Luz lotado, a equipa de Rui Vitória recebeu o Feirense de José Mota. Rui Vitória fez algumas alterações na equipa para este jogo, comparativamente ao 11 que tinha defrontado o Nápoles. Ederson voltou à baliza, Luisão substituiu Lisandro no centro da defesa, Pizzi ficou com a posição 8, Gonçalo Guedes jogou nas costas de Mitroglou e Salvio no corredor direito. Ederson, Nelsinho, Luisão, Lindelöf, Grimaldo, Fejsa, Pizzi, Salvio, Carrillo, Gonçalo Guedes e Mitroglou - foi esta a equipa titular.

 

O jogo não começou muito bem para o Benfica e aos 2 minutos de jogo o Feirense está muito próximo de marcar, mas a bola, felizmente, sai ao lado numa grande oportunidade de golo. Nos minutos iniciais o Benfica demonstrou dificuldade em furar o bloco defensivo do Feirense, contudo, aos 6 minutos, depois de uma subida de Lindelöfe de uma boa combinação no ataque, Mitroglou vê o golo ser negado quase em cima da linha de golo.

 

Depois daquela oportunidade, o Benfica, nos minutos seguintes, voltou a demonstrar muita dificuldade em furar o bloco contrário. Os jogadores estavam mal posicionados em campo, com poucas linhas de passe, a fazerem uma circulação de bola bem lenta e onde chegava a uma altura que a bola tinha de ser jogada para trás, já que não havia linhas de passe para dar continuidade para a frente. O Feirense depois de ter feito alguma pressão inicial, desceu as linhas nos minutos seguintes, deixando o Benfica trocar a bola em zonas médias e recuadas.

 

A baliza do Feirense volta a passar por um momento de aperto aos 18 minutos. Cruzamento de Grimaldo e Salvio quase marca de cabeça, mas Peçanha, com uma bela estirada, evita que a bola entre na sua baliza. A equipa do Benfica continuava a demonstrar dificuldades em ligar as fases do jogo, raramente conseguindo passar da construção para a criação e da criação para a finalização, com qualidade. Também muito raramente conseguíamos alguma situação de superioridade numérica em organização ofensiva. Toda a lentidão e pouca dinâmica, ajudava o Feirense a fechar-se com mais eficácia.

 

Aos 31 minutos, boa oportunidade para o Benfica. Transição ofensiva muito rápida com Mitroglou a tentar receber dentro da área e a bola a sobrar para Salvio, que em boa posição atira ao lado da baliza. O golo do Benfica surge aos 35 minutos, num lance caricato. Lançamento lateral longo de Salvio para a área e Luís Aurélio a tentar aliviar a bola coloca-a dentro da sua baliza, dando assim vantagem ao Benfica no marcador.

 

O jogo não mudou muito depois do golo. O Feirense praticamente não atacava, remetendo-se ao seu meio-campo e tentando as transições depois. O Benfica com bola em organização ofensiva, continuava com dificuldades em criar lances de perigo.

 

Já muito perto do intervalo, e aproveitando um mau passe do Benfica na construção, o Feirense volta a conseguir chegar perto da baliza encarnada, estando em situação de igualdade numérica na área, mas Ederson defende à primeira e depois Luisão corta para canto.

 

Não houve tempo para mais e o Benfica chegou ao intervalo com uma vantagem de 1-0 no marcador.

 

 

Não se pode dizer que esta tenha sido uma grande primeira parte do Benfica. A equipa a ter muita bola, mas a não saber o que fazer com ela. Posicionamentos mal definidos, espaços sem serem ocupados, falta de linhas de passe e a dinâmica colocada em campo a ser muito pouca. Jogadores muito abertos e fora do bloco do Feirense o que facilitava a vida aos comandados de José Mota que nem defendiam com muita qualidade. Uma ou outra boa combinação e oportunidade criada, mas muito pouco para tamanha diferença de qualidade individual. Defensivamente, tentativa de ter a linha sempre subida e de encurtar os espaços, o que muita vez fui conseguido. Contudo, existiram algumas falhas no alinhamentos dos 4 defesas e erros individuais. A reacção à perda não esteve tão forte como em outros jogos, também porque Pizzi não é forte nesse aspecto.

 

Ederson cumpriu sempre que foi chamado. Com ele na baliza a defesa está mais segura relativamente ao espaço que deixa nas costas, já que o guardião brasileiro é muito mais rápido a sair. Grimaldo tentou dar o que nos tem habituado ofensivamente (e que é muito), mas sentiu-se muitas vezes desapoiado e perante vários adversários. Defensivamente teve uma ou outra falha no posicionamento sem bola. Nelsinho não subiu tanto como Grimaldo e defensivamente foi cumprindo. Luisão entrou para comandar a defesa e a linha defensiva. Tentou jogar em alto, mas nem sempre a ler bem os lances em que devia subir. No resto cumpriu bem e fez alguns bons cortes. Lindelöf não está habituado a jogar com Luisão e isso notou-se em alguns lances. Também estava habituado, esta época, a comandar a linha defensiva, o que neste jogo já não aconteceu. Deu para perceber que por vezes tem uma percepção diferente do quanto e quando deve subir comparativamente ao capitão. Com bola esteve muito bem, ou não fosse ele o melhor central do campeonato nesse aspecto.

 

Fejsa não esteve ao nível que tem habituado esta época. Nota-se algum cansaço e nem sempre aborda bem os lances. No entanto, várias recuperações de bola e espaços fechados. Pizzi voltou a ser o 8 da equipa. Não foi aquele motor que se esperava, tendo algumas dificuldades em fazer jogar, mas também muitas vezes não havia ninguém para entregar. Não subiu muito no terreno e esteve grande parte do tempo fora do bloco adversário. Carrillo voltou a não encher o olho. Um ou outro bom apontamento, mas longe do que esperamos dele. Salvio esteve em duas ocasiões criadas pelo Benfica, onde apareceu a finalizar, mas de resto não conseguiu muito mais.

 

Guedes com menos espaço a ter mais dificuldades, não tendo possibilidades em atacar a profundidade. Também se sentiu desapoiado, estando rodeado de jogadores adversários. Mitroglou teve pouca bola para finalizar, mas esteve perto de marcar e movimentou-se bem na área.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Rui Vitória não fez qualquer alteração na equipa ao intervalo, fazendo entrar o mesmo 11 em campo. Logo ao 2º minuto de jogo, livre de Pizzi para a área e Luisão a cabecear um pouco por cima da baliza de Peçanha. Pouco tempo depois, mais um livre perigoso, mas que Peçanha defende bem o cruzamento/remate de Grimaldo. O Benfica entrava melhor para este 2º tempo. Quem volta a estar perto de marcar é Salvio, depois de uma segunda bola num canto, mas o esférico embate nas malhas laterais da baliza de Peçanha.

 

O Feirense depois de minutos em que praticamente não teve bola, cria de novo perigo aos 52 minutos, aproveitando um mau passe de Lindelöf. Contudo, o cabeceamento sai por cima da baliza de Ederson. A equipa do Benfica voltou a acalmar depois o jogo, tentando ter a posse, mas sem conseguir criar muitos lances. Iam valendo as arrancadas de alguns jogadores como Nelsinho, que aos 58 minutos foi travado em falta bem perto da linha da grande área. Grimaldo bateu o livre, mas Peçanha voltou a dizer presente.

 

Na resposta ao livre anterior, o Feirense chega de novo à baliza de Ederson, mas o remate de Vitor Bruno sai por cima da baliza. Se o primeiro golo do Benfica tinha sido caricato, o 2º não lhe ficou nada atrás. Defesa do Feirense tenta aliviar o esférico, mas bate em Salvio que tentou a intercepção e vai para dentro da baliza de Peçanha, fazendo assim o 2-0 no marcador aos 61 minutos.

 

Rui Vitória mexe pela primeira vez na equipa aos 65 minutos, fazendo entrar Franco Cervi para o lugar de Carrillo. Já havia muito mais espaço para o Benfica jogar, pois o Feirense já se fechava com muito menos qualidade e subia um pouco mais a pressão, o que deixava zonas completamente descobertas e situações onde os jogadores virtuosos do Benfica podiam aproveitar as situações de 1x1, com mais facilidade. Mesmo assim, a equipa encarnada tinha dificuldades em aproveitar os espaços, perdendo várias bolas e tomando más decisões. O Feirense também não conseguia aproveitar essas perdas e rapidamente perdia o esférico.

 

O 3-0 aparece aos 70 minutos. Cruzamento de Nelsinho e Cervi, de cabeça, a dizer que sim aos esférico, e a colocá-lo dentro da baliza de Peçanha. O jogo estava agora completamente resolvido. O Feirense não incomodava e abria cada vez mais espaços. O Benfica trocava a bola como queria e, com os espaços abertos, a qualquer momento poderia aparecer o 4º golo. Nelsinho esteve mais liberto no corredor e a desequilibrar mais neste 2º tempo, assim como Cervi entrou e esteve sempre com o dedo colocado no R1.

 

Aproveitando o que estava a ser o jogo, Rui Vitória faz descansar Mitroglou e dá assim mais minutos ao menino José Gomes, fazendo-o entrar aos 78 minutos de jogo. Aos 84 minutos é a vez de Zivkovic se estrear de águia ao peito, substituindo Gonçalo Guedes. Cervi passou para junto de Zé Gomes e o extremo sérvio entrou para o lado esquerdo do ataque.

 

O jogo caminhava tranquilamente para o final, com o Benfica a gerir o ritmo e a posse de bola. Aos 86 minutos, o Feirense dá um ar da sua graça, mas Ederson consegue defender por instinto o remate do avançado da equipa de Santa Maria da Feira, evitando assim o golo.

 

José Gomes tem uma iniciativa individual aos 88 minutos, partindo para cima do defesa e rematando depois ao lado, não conseguindo ainda o golo que procurava. Logo na jogada seguinte é Zivkovic que oferece o golo ao jovem avançado, mas ele não consegue finalizar a perde o lance. Os espaços eram muitos para o Benfica neste final de jogo.

 

91 minutos de jogo e Grimaldo obriga Peçanha a uma enorme intervenção, evitando (por alguns instantes) o golo ao lateral espanhol. Na sequência do canto, Zivkovic sofre falta aos 92 minutos. Grimaldo com uma execução fantástica, fixa o resultado final em 4-0.

 

 

Nesta 2ª parte o resultado avolumou-se. Não acho que o Benfica tenha feito um excelente segundo tempo como já li. Até o Feirense se começar a abrir, as dificuldades foram quase as mesmas, mesmo fazendo de novo uma ou outra boa combinação em ataque planeado. A partir dos golos e do espaço que começou a haver em campo, aí sim, os jogadores do Benfica já tiveram oportunidade de brilhar e que até poderia ter acontecido mais vezes, tais eram por vezes os espaços que existiam para serem aproveitados. Defensivamente, a defesa muito subida de novo e com uma ou outra falha individual e no alinhamento. Algumas situações de igualdade numérica em zonas de finalização a acontecerem também.

 

Ederson voltou a estar bem na baliza, evitando até um golo perto do final. Grimaldo com menos trabalho defensivo e a continuar a subir no corredor. Execução perfeita no livre. Nelsinho subiu mais neste segundo tempo, tendo feito uma assistência para o terceiro golo. No centro da defesa um ou outro erro individual, mas pouco mais que isso.

 

A 2ª parte de Fejsa foi praticamente nivelada pelo mesmo que a 1ª, tendo menos trabalho, já que o Benfica tinha quase a posse de bola toda. Pizzi teve mais liberdade, aparecendo mais perto da baliza adversária e tentando, a partir dessas zonas, criar jogo ofensivo. Carrillo esteve melhor neste 2º tempo, apesar de não a um nível que se espera dele. A combinar melhor, mais activo em campo e mais dinâmico. Salvio com o espaço que se abriu, desequilibrou muito naquele corredor. Uma ou outra má decisão, mas conseguiu várias vezes livrar-se dos adversários directos.

 

Gonçalo Guedes esteve de novo algo afastado do jogo. Teve apoios mais próximos, mostrou mobilidade, mas mesmo assim sem fazer um grande jogo. Também Mitroglou não fez um grande jogo. Quando joga duas vezes na mesma semana, isso nota-se logo no avançado grego. Teve também pouca bola no último terço para finalizar.

 

Cervi entrou muito forte e com a dinâmica que o caracteriza. Muito rápido a atacar os espaços e a criar desequilíbrios. José Gomes deu descanso a Mitroglou e tentou o golo que tanto procura. Sem ter medo de ter a bola, baixou várias vezes para dar apoios aos colegas. Zivkovic teve pouco tempo, fazendo uma ou outra boa arrancada. Na esquerda não renderá metade do que rende na direita.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Execução perfeita do melhor jogador do campeonato até ao momento.

 

 

Com o empate do Sporting, em Guimarães, este jogo com o Feirense ganhava uma maior importância, já que a vitória abria 3 pontos de distância para os adversários directos. O Benfica não vacilou e conseguiu a vitória, reagindo assim também ao desaire europeu a meio da semana, em Nápoles.

 

A exibição não foi de grande qualidade como se viu, mas este Benfica tem uma dinâmica de vitória muito grande. A jogar muito bem ou muito mal, a equipa consegue quase sempre os 3 pontos. Isto foi algo que se ganhou nos últimos anos, o clube passou a ser ganhador e vencedor e o espírito da vitória está agora bem presente. Acredito (pois sofri muito disso durante vários anos) que seja desesperante para os adversários ver uma equipa que a jogar muito ou pouco, com a equipa ou não na máxima força, consegue sair quase sempre com a vitória.

 

Sobre o jogo, a 1ª parte foi de um nível bastante baixo. Os posicionamentos em campo na organização ofensiva foram muito maus em diversos casos, os jogadores no ataque eram muito poucos e a falta de soluções para os jogadores com bola era desesperante para quem assistia. A juntar a isto, uma lentidão enorme e uma grande falta de dinâmica. Na 2ª parte com o passar do tempo as coisas lá melhoraram.

 

Luisão voltou à titularidade, mas apesar de ter cumprido, espero que, quando Jardel regressar, o lugar seja novamente do 33. Ele e Lindelöf são os melhores centrais do Benfica. Por falar em defesa, penso que com tanta qualidade que alguns dos nossos defesas demonstram com bola, a nossa construção de jogo tem de ser bem melhor e isso teima em não acontecer. Ederson cumpriu e penso que a baliza nas provas mais importantes tem de ser dele.

 

Finalmente tivemos Zivkovic a estrear-se de águia ao peito. O talento dele é imenso e acredito que mais tarde ou mais cedo será um jogador muito importante para a equipa. Contudo, penso que para mostrar tudo o que vale, tem de jogar no corredor direito, onde as suas capacidades são demonstradas de forma mais vincada. Neste jogo assistimos também ao regresso de Pizzi à posição 8. Com ele ali, a equipa ganha criatividade, ganha maior capacidade de passe e de gerir os ritmos de jogo, mas perde na reacção à perda e em termos defensivos. Num meio-campo a 2, ele sofre muito ali, mesmo tendo Fejsa por trás. Num meio-campo a 3 as coisas já seriam bem diferentes. O que o prejudica também, é a distância entre linhas que há na organização ofensiva do Benfica em muitos momentos, o que dificulta a ligação entre sectores. Em jogos como este, onde a equipa irá ter muito mais bola e dominar completamente, creio que Rui Vitória pensará sempre nele como solução para aquela posição.

 

Não há muito a acrescentar sobre este jogo. Agora é pensar em recuperar vários jogadores durante esta paragem, continuar a inserir outros na equipa que nos podem dar muito e elevar assim o nível exibicional, já que a qualidade individual para isso é imensa. Para já, líderes isolados da Liga, mesmo com vários jogadores de fora. Apesar de o futebol jogado não ser de enorme qualidade, é de salientar este facto.

 

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publicado às 21:52



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