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Depois da paragem de 15 dias, o Benfica recebeu o Belenenses no Estádio da Luz, na 4ª jornada da Liga NOS. Para este jogo, Rui Vitória fez 3 alterações relativamente ao último 11 titular. Jardel, Talisca e Gonçalo Guedes, entraram para os lugares de Lisandro, Pizzi e Victor Andrade. A entrada de Talisca e de Guedes era algo previsto. Acreditava-se que Lisandro poderia continuar a fazer dupla com Luisão, mas foi Jardel que voltou à equipa, depois de recuperar da lesão.
O Benfica entrou a pressionar muito a equipa do Belenenses e a tentar dominar o jogo. Na 1ª vez que chega à baliza contrária, Mitroglou marca de cabeça, após cruzamento de Jonas. Depois do golo, as coisas continuaram da mesma maneira. Benfica a ter muita bola e a pressionar muito assim que a perdia. A circulação de bola era feita com progressão no terreno. A equipa de Sá Pinto poucas dificuldades criava, estava perdida em campo e a pressionar pouco.
Aos 17 minutos, Jonas faz o 2º golo da partida, depois de um bela jogada de ataque. Boa circulação, jogadores a movimentarem-se bem, com Gaitán a ir à linha para cruzar uma bola que acaba por chegar aos pés de Jonas, que atira para o fundo das redes. Eram os melhores momentos do Benfica de Rui Vitória. A equipa parecia outra e dava gosto estar a assistir ao futebol praticado. Facilmente a bola passava jogável para os médios e atacantes. A equipa movimentava-se bem, procurava os espaços e os apoios, jogando de pé para pé. As boas jogadas e lances de perigo sucediam-se. A defesa ia controlando qualquer tentativa de ataque contrário.
Após uma perda de bola de Gaitán aos 35 minutos, o Belenenses remata, mas a bola sai longe da baliza de Júlio César. Por esta altura, já se notava um pouco de levantar do pé por parte do Benfica. Já se trocava a bola com mais calma e se deixava o adversário jogar em zonas recuadas do terreno. O intervalo aproximava-se, mas não chegou sem antes Jonas fazer o 3-0 após um canto.
Esta foi uma grande 1ª parte do Benfica. Não só pelo resultado, mas também pelo futebol praticado. Equipa muito personalizada e adulta. Muita bola, boa dinâmica ofensiva, pressão eficaz e agressiva na tentativa de recuperação da bola. O Belenenses pouco fez, mas há muito mérito do Benfica.
A defesa apareceu em muito melhor plano para este jogo. A linha defensiva esteve muito mais certa - ainda não totalmente -, subindo e descendo em bloco de uma forma mais eficiente. Nas bolas paradas, a defesa à zona também cumpriu muito bem. Laterais a subir e a dar sempre mais caudal ofensivo à equipa. Onde a defesa esteve pior, foi em lances fáceis de resolver, onde faltou alguma tranquilidade, apesar de nunca ter sido criado grande perigo. Samaris e Talisca entenderam-se bem no meio-campo. Ainda falharam alguns passes, que precisam de sair bem para o jogo da equipa fluir.
A frente de ataque esteve muito bem. Gaitán a mostrar o fantástico jogador que é. Evitou fazer cruzamentos atrás de cruzamentos com pouco critério, procurando mais os apoios para depois a bola continuar a rolar. Guedes também fez uma boa primeira parte, boas diagonais e bom entendimento com Nélson Semedo. Mitroglou apareceu diferente. Muito mais participativo no jogo da equipa, não ficando tão estático e procurando vir dar apoio e fazer jogar. Dentro da área é o que se sabe, um jogador muito forte. Jonas é Jonas, não sei que dizer mais. É passar estes 45 minutos só a olhar para ele e perceber o jogador fantástico que é. Faz tudo bem.
Três minutos de jogo bastaram para perceber que a linha defensiva ia estar melhor do que em jogos anteriores. Samaris e Talisca a saírem os dois ao mesmo homem e ao mesmo tempo, deixando ali um espaço vazio.
O lance do 1º golo. O poder físico de Mitroglou e a dificuldade que é marcar o avançado grego na área. Assim que ele faz o movimento, o defesa do adversário não consegue sequer chegar perto ou incomodar.
Um dos exemplos para perceber que o Benfica tem abdicado quase na totalidade de sair a jogar com o 3º central.
Pressão muito alta por parte do Benfica, sempre a evitar ao máximo que o Belenenses conseguisse sair a jogar.
Aqui demonstrada a maior agressividade do Benfica quando perdia a bola.
Gaitán vem da esquerda para a direita. Com isso, um dos médios adversários acompanha a sua movimentação, deixando ali o espaço aberto no meio. Samaris, com um belo passe, faz entrar a bola em Jonas, que serve a diagonal de Gonçalo Guedes. Boa jogada e bons movimentos.
O lance do 2º golo. Futebol apoiado, com movimentações e só depois do desequilíbrio feito, aparece o cruzamento.
Lançamento lateral, jogador adversário recebe de costas e logo os centrais a chegarem à frente para encurtar o espaço. Dá para perceber que Jardel dá sinal a Eliseu, pois o lateral devia ter acompanhado a subida, em vez de estar ali a passo.
A boa troca de bola do Benfica, com Mitroglou a sair de perto da área para se vir envolver muito bem com os colegas.
Vimos Luisão a sair muitas vezes da sua zona para pressionar. Este é um bom exemplo. O capitão do Benfica sai para fechar aquele espaço e pressionar o jogador do Belenenses que recebe a bola de costas. Samaris, muito bem, vai compensar a subida do central, assim como Talisca na frente da defesa. A linha mantem-se eficaz, colocando o extremo adversário em fora de jogo.
A qualidade da movimentação de Jonas na área.
Finalmente, vimos algo trabalhado nas bolas paradas da equipa. Canto atrasado para Nélson Semedo, que coloca a bola ao 2º poste, para onde se movimentam os dois centrais.
Benfica voltou a defender as bolas paradas com muita gente. Neste livre, temos um jogador na barreira e os restantes 9 jogadores de campo na área. Parece ser para manter.
Bola na linha, defesa a subir em bloco. Jogador adversário recebe a bola sozinho no meio - bola descoberta - a defesa recua logo em bloco.
Para a 2ª parte, não houve qualquer alteração na equipa do Benfica. O Belenenses, aos 50 minutos, incomodou Júlio César pela 1ª vez. Bola nas costas e Luís Leal a rematar para defesa apertada do guarda-redes encarnado.
Por volta dos 53 minutos de jogo, o Benfica volta a marcar. Boa jogada do Benfica, Gaitán a quebrar os rins ao lateral do adversário, chegando depois a bola a Mitroglou, que encosta para o 4-0. Continuava o bom futebol da 1ª parte. O que disse sobre o que se passou antes do intervalo, era o mesmo que se passava em campo na 2ª parte. Aos 60 minutos, momento de magia no Estádio da Luz. Brilhante jogada entre Jonas e Gaitán, onde o jogador argentino faz o 5-0. O tempo para saborear este golo foi muito pouco, já que aos 63 minutos Talisca faz o 6-0, com um grande remate do meio da rua.
Rui Vitória mexe pela primeira vez na equipa aos 66 minutos. Mitroglou é substituído por Raúl Jiménez. O futebol continuava muito vistoso. Com um resultado destes, os jogadores tinham a confiança em alta e as coisas saíam ainda com maior naturalidade. Eram grandes momentos de futebol que se viam no Estádio da Luz, com os jogadores a abrirem completamente o livro.
Aos 72 minutos, o treinador do Benfica volta a mexer na equipa. Sai Gaitán e entra Nuno Santos. O ritmo de jogo estava a baixar nitidamente. O Benfica já tentava descansar tendo a posse de bola, não sendo tão vertical. A última substituição acontece aos 77 minutos, saindo Jonas e entrando Pizzi. Talisca foi colocar-se mais perto de Jiménez.
Pouco de mais importante aconteceu até ao final do jogo. Os jogadores do Benfica foram aguardando o final do jogo. Apesar de terem feito vários ataques, já era mais em descompressão. Belenenses também pouco incomodou e o jogo acabou mesmo com 6-0 no marcador.
Não há muito para dizer da 2ª parte que não foi dito na 1ª. Pouca coisa mudou, a equipa continuou em grande nível. O Belenenses apenas criou uma situação de real perigo.
Rui Vitória mexeu bem na equipa. Deu descanso a jogadores que precisavam, poupando-os assim para os próximos jogos. A defesa continuou a portar-se de maneira positiva, o meio-campo a dar muita consistência à equipa e a frente de ataque a brilhar no relvado. Os jogadores que entraram cumpriram.
Talisca e Samaris abordam mal o lance, permitindo que o jogador do Belenenses ganhe muito espaço. A defesa vai recuando, até que Jardel e Eliseu aproveitam o adiantamento da bola para sair e acabar com o lance.
O único lance de real perigo do Belenenses. Desatenção do Benfica e bola nas costas da defesa.
Gaitán a partir o defesa no lance do 4º golo. Depois a bola vai ter com Mitroglou que encosta para o golo.
Lance do 5º golo do Benfica, com os dois melhores jogadores do campeonato em destaque. Não são necessários comentários. É apreciar o momento.
A bomba de Talisca.
Samaris tem mostrado qualidade nos passes longos. Boas aberturas neste jogo, sendo esta um bom exemplo.
Como tem sido habitual, nos lançamentos de linha lateral o Benfica tentar encurtar ao máximo o campo. Podemos ver no inicio do lance, os 10 jogadores de campo do Benfica estão todos colocados para lá da metade do campo. Jogador recebe a bola de costas, defesa sobe em bloco. Quando o passe é feito, estão já os jogadores adversários em fora de jogo.
É um prazer, Jonas e Gaitán.
Os movimentos para o interior que Nélson Semedo tem feito. A cada jogo que passa, aparecem em maior número.
Este foi um grande jogo. De muito longe, o melhor da era Rui Vitória. Notou-se muita evolução no que a equipa fazia em campo e nas suas ideias. O Belenenses apresentou-se muito mal no Estádio da Luz, com falhas gritantes a vários níveis, no entanto nada disso ofusca a qualidade de jogo que os jogadores encarnados apresentaram.
Nesta equipa, existiram várias mudanças relativamente aos jogos anteriores que a tornaram melhor. Melhor consistência defensiva, com um melhor controlo da profundidade e a linha muito mais certa. Muito mais agressivos na recuperação da bola. Maior dinâmica em campo. Futebol apoiado, mais vertical, com muitos apoios para o portador da bola. Cruzamentos continuaram acontecer, mas a equipa procurou primeiro desequilibrar equipa adversária e depois sim, cruzar para a área. Eu não sou contra os cruzamentos - até porque não faz sentido uma equipa com estes cabeceadores não o fazer -, só não acho que se devam fazer cruzamentos em qualquer que seja a situação. Defendo sim, o que foi feito neste jogo. A equipa também já merecia marcar um golo cedo, para depois jogar com outra tranquilidade.
Nas minhas análises, muita gente me dizia que batia sem razão no Lisandro e que ele não tinha falhas como as que apontava. Penso que neste jogo ficou clara a diferença entre ele e Jardel. Em termos posicionais, são diferenças de qualidade gritantes e que mudam muito a forma como a defesa se movimenta. Jardel acabou por falhar em coisas mais básicas, como cortes que eram fáceis e que complicou um pouco. Dá para ver que ele e Luisão se entendem quase de olhos fechados. Rui Vitória teve de tomar uma difícil decisão, que na teoria não foi justa, mas penso que foi o melhor para a equipa. Ambos os laterais atacaram bastante durante o jogo, com Nélson Semedo em mais evidência. Fazem vários movimentos interiores e isso parece-me que é uma coisa que tem estado a ser trabalhada.
Talisca fez o melhor jogo com a camisola do Benfica a jogar naquela posição. As facilidades em campo foram muitas, mas o brasileiro fez mesmo um bom jogo naquela posição. Veremos se é para manter contra adversários de maior qualidade nos próximos jogos. Samaris também esteve melhor, tem é de perceber que nem sempre pode ir a todas as bolas, pois descompensa a equipa.
Mitroglou mostrou o grande jogador que é. Que ninguém tenha dúvidas disso. Conseguiu envolver-se mais no jogo da equipa. Veio tabelar e dar apoios aos colegas. Dentro da área é o que se sabe, um bicho. Movimenta-se muito bem, é extremamente difícil de marcar e finaliza muito bem. Guedes também esteve bem, menos exuberante que os companheiros de ataque, mas com bom entendimento com Nélson Semedo. É um jogador inteligente, percebe que nem sempre pode ir na iniciativa individual e joga com a cabeça levantada. Sobre Jonas e Gaitán não vale a pena comentar, os lances falam por si.
Rui Vitória e os jogadores estão de parabéns pelo que fizeram neste jogo. Esperamos todos que isto seja para continuar, já que já os sinais dados foram bons. Ainda há coisas que precisam de ser melhoradas, não está tudo bem, como é óbvio. É continuar a trabalhar e mostrar evolução de jogo para jogo.
Nota: Na última análise, falei de um movimento de descontentamento de Rui Vitória para com Nélson Semedo. Se naquela imagem isso parecia óbvio, visto de outra câmara as coisas já parecem diferentes, apesar de ele pedir a bola na linha. Deixo-lhe aqui as minhas desculpas.
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