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Análise ao 3º jogo do Benfica

por R_9, em 27.07.15

 

Naquele que foi o 3º jogo da pré-época, o Benfica defrontou hoje os New York Red Bulls da MLS. Para este jogo, Rui Vitória fez a tal mistura das micro-estruturas que tinha falado antes do encontro com a Fiorentina. Na baliza jogou Ederson, que fez os seus primeiros minutos de águia ao peito. Nélson Semedo foi o dono da lateral direita, enquanto que Sílvio jogou na esquerda, ficando Luisão e Lisandro com a zona central da defesa. A dupla no meio-campo foi composta por Samaris e Pizzi, estando Ola John na ala esquerda e Carcela na direita. Taarabt também fez os seus primeiros minutos de águia ao peito, jogando no apoio a Jonathan Rodríguez. 

 

Se nos jogos anteriores o Benfica jogou com dois avançados, desta vez isso não aconteceu. Taarabt jogou no apoio a Jonathan, mas não tão avançado, e baixando mais para buscar bola.

 

Este adversário do Benfica e apesar de estar a jogar sem muitos titulares, é uma equipa com muito mais andamento, pois estão em competição há muito tempo. Isso notou-se logo no início do jogo, com a pressão muito alta que faziam para evitar que o Benfica conseguisse jogar a partir da sua área.

 

Aos 7 minutos, o Benfica na primeira vez que chega à baliza adversária, adianta-se no marcador. Depois de uma boa basculação de jogo, Nélson Semedo aparece a rematar para corte de um adversário, Pizzi ganha a segunda bola combinando com Carcela e isolado atira para dentro da baliza dos New York Red Bulls.

 

Nestes primeiros 10 minutos, para além de Taarabt estar a jogar mais a número 10 e o Benfica não estar num esquema de dois avançados, outra coisa estava diferente. Os movimentos interiores dos extremos deixaram de existir, e em vez disso, abriam quase sempre na ala. Nenhuma equipa dominava o jogo, mas o Benfica começava a crescer, obrigando o adversário a baixar mais as linhas. Já tinha mais bola, fazia mais circulação e aos 15 minutos Carcela quase marca, mas o guarda-redes adversário evita o golo.

 

Taarabt começava a tentar pegar mais no jogo e jogando simples, apesar de se notar perfeitamente que ainda está com algum peso a mais, e com muita falta de ritmo, o que é normal para quem esteve tanto tempo parado. Pizzi na parte ofensiva fazia jogar a equipa e Nélson Semedo já dava outra largura à lateral direita do Benfica, coisa que tanto faltou nos dois primeiros jogos. Aos 21 minutos e após erro de um jogador adversário, Jonathan aparece isolado, mas permite a defesa ao guarda-redes.

 

O Benfica continuava com mais bola, mas tinha dificuldades em conseguir chegar com ela ao último terço do campo. O processo ofensivo continua com dificuldades. Carcela começava a dar nas vistas, muito forte no 1 para 1, e também agressivo a defender e a atacar.

 

Aos 33 minutos e quando nada o fazia prever, o Benfica sofre o empate. Lisandro e Luisão trocam a bola, e o capitão do Benfica faz um passe muito curto para Ederson que isola um adversário que facilmente empata o jogo.

 

A equipa sentiu o golo e retraiu-se nos minutos seguintes. Deixou de ter tanta bola e recuou no campo. Até ao intervalo pouco mais de interessante houve, tirando o livre dentro da área a favor do Benfica, mas o remate de Pizzi foi cortado por um jogador adversário perto da linha de golo.

 

Depois dos 10 primeiros minutos e até ao empate, o Benfica conseguiu fazer um jogo relativamente bom. Esta primeira parte foi mais uma prova de que Rui Vitória está a tentar transformar uma equipa de explosão e de muita verticalidade ofensiva, em uma equipa de mais posse e segurança com bola, vamos ver se resulta. Claro que vai sempre demorar algum tempo a isto conseguir ser feito. Nélson Semedo só foi uma surpresa nesta primeira parte para quem não o conhecia, esteve bem, apesar de ter sido pouco posto à prova defensivamente, que é onde tem mais dificuldades. Consegue dar outra vida à lateral, e no sistema dos dois jogos anteriores, ainda seria melhor para ele, que tem capacidade para aproveitar toda a ala.

 

Os dois médios centro estiveram menos efectivos na pressão e recuperação de bolas, apesar de a equipa não ter pressionado tanto. Pizzi tem muitas dificuldades sem bola e quando Samaris decide subir e pressionar mais à frente, essa dificuldade ainda é maior. Em termos ofensivos, a equipa ganha muito com ele a 8, mas perde em outras coisas, o que com equipas de melhor valia pode custar caro. Taarabt mostrou que está ainda mal fisicamente, precisa de tempo. Aguentou ainda 30 minutos a um ritmo aceitável, jogando simples e procurando o espaço e bola, mas depois desapareceu até ao intervalo. Ola John nem vale a pena comentar, foi péssimo, mais uma vez. Carcela também a cumprir os requisitos, enquanto Jonathan Rodríguez continua esforçado, mas aquela vontade enorme de marcar e mostrar serviço às vezes prejudica-o. Tem de jogar mais de cabeça levantada e procurar os colegas.

 

Esta foi a pressão muito alta que o Benfica encontrou nos primeiros 10 minutos de jogo, e com isso não conseguiu sair do seu meio-campo defensivo. Outra coisa que tenho notado nos jogos do Benfica, é que durante os 10 primeiros minutos de jogo a equipa arrisca pouco a sair a jogar, não tentando muito as saídas e preferindo jogar mais directo. Depois sim, tenta assentar o jogo e partir com a bola jogável de trás.

 

 

Se nos outros jogos isso aconteceu muito, esta foi das poucas vezes que o Benfica pressionou tão alto e em superioridade numérica do lado da bola. Para este jogo Rui Vitória baixou a pressão que se fazia em campo.

 

 

Se nos primeiros dois jogos os extremos procuram quase sempre fazer movimentos interiores, nesta primeira parte essa situação quase não ocorreu. Benfica com bola ao centro, e Ola John e Carcela bem abertos nas alas. 

 

 

Esta foi uma recuperação de bola, em que Taarabt e Jonathan partiram para o ataque. Como podemos ver na primeira imagem, os restantes jogadores estavam um pouco longe dos dois jogadores mais avançados do Benfica, mas mesmo assim só depois de Jonathan chegar perto da área contrária e já depois de perder a bola, é que vemos jogadores do Benfica a chegar relativamente perto do local. A equipa tem de ser mais rápida a sair para o ataque, e ajudar nestas transições. Com a bola, Jonathan e Taarabt conseguiram percorrer mais espaço  que os restantes jogadores o fizeram sem bola, mas estavam numa situação de 2 para 5 e o lance não deu em nada. Os jogadores adversários foram muito rápidos a recuperar, ao contrário do tempo que demoraram os jogadores do Benfica a avançar no terreno.

 

 

Esta foi uma situação que ia custar caro ao Benfica na 2ª parte. O espaço na frente da defesa está muito desprotegido, mas ninguém sai ao homem, deixando ele ir avançando com a bola sem oposição.

 

 

Muito estranhamente neste jogo, o Benfica não utilizou nenhuma vez na 1ª parte a saída a jogar em que se coloca um médio a fazer de 3º central. Esta situação é um exemplo em que a equipa sobe e nem tentam essa saída a jogar, e isso aconteceu muitas vezes. Ou se saía a jogar apenas com os dois centrais, ou se batia a bola. 

 

 

Nélson Semedo é o lateral do plantel que mais capacidade tem para dar largura à equipa e que melhor sobe no terreno, dando sempre mais uma opção. Este é um belo exemplo do que ele pode fazer.

 

 

Nélson Semedo, numa situação em que me deu um déjà vu com o anterior lateral direito do Benfica. 

 

 

Para a segunda parte, Rui Vitória fez duas alterações. Saíram Ola John e Taarabt e entraram Gonçalo Guedes e Djuricic. Ambos foram fazer os lugares em que estavam os jogadores que saíram ao intervalo. 

 

O Benfica entrou bem nos primeiros minutos. A ter mais bola, a pressionar a equipa adversária e com Djuricic a pedir muito jogo para fazer jogar os colegas. 

 

Aos 51 minutos e após uma bela transição ofensiva de Gonçalo Guedes, Pizzi e Djuricic, Jonathan recebe a bola e remata para uma grande defesa do guarda-redes adversário. Aos 56 minutos e quando nada o fazia prever, o New York Red Bulls adianta-se no marcador. O avançado da equipa americana domina a bola e entrega a um dos médios, ninguém sai ao jogador que está à entrada da área, que por sua vez domina e com todo o tempo remata para um belo golo. 

 

Na resposta, o Benfica quase marca. Djuricic tabela com Carcela, mas o remate do sérvio é defendido para canto. Pouco depois, Carcela volta a fazer uma bela jogada, entregando a Jonathan que remata por cima, quando podia levantar a cabeça e tentar servir um colega. Por volta dos 66 minutos, Rui Vitória faz entrar Talisca, Gaitán e Jonas, para os lugares de Pizzi, Carcela e Jonathan. Talisca foi para número 8, fazendo com Samaris a dupla de médios-centro. Jonas na frente de ataque e Gaitán numa das alas.

 

Assim que entra, Gaitán após combinar com Sílvio, assiste Djuricic que cabeceia muito fraco quando podia fazer melhor. Por esta altura, o Benfica dominava o jogo. Tinha mais bola e a equipa adversária quase não passava do meio-campo, perdendo muito rapidamente a bola quando a tinham. Jonas apesar de estar a jogar sem nenhum avançado junto a ele, jogava como um falso 9, fugindo muitas vezes das zonas de finalização para tentar ter mais bola. 

 

Muita bola do Benfica por esta altura do jogo, mas com muitas dificuldades em entrar em zonas de finalização. Com as substituições, os extremos do Benfica começaram também a vir mais para dentro, procurando mais jogo interior. Talisca ainda dá menos consistência ao meio-campo jogando naquela posição, e com o desgaste que Samaris já tinha, começou também a haver mais espaço entre a defesa e o meio-campo. 

 

Rui Vitória voltou a mexer na equipa aos 81 minutos, fazendo entrar Marçal para o lugar de Sílvio e João Teixeira para o lugar de Luisão. Com isto, Samaris desceu para central, assumindo João Teixeira a posição do grego. Aos 83 minutos e após uma grande jogada de Djuricic, o sérvio entrega a bola para Marçal que atira incrivelmente por cima. Perto do fim, Gonçalo Guedes é servido por Talisca, e após uma grande arrancada é travado em falta quando já entrava dentro da área. Livre muito perigoso, mas um jogador dos New York Red Bulls corta o remate de Talisca quase em cima da linha de golo. 

 

O jogo caminhou para o final, e o Benfica acabou por não conseguir chegar ao empate. 

 

 Nestes 3 primeiros jogos, o Benfica tem tido alguns problemas em fazer bem a linha defensiva. 

 

 

Nesta imagem, podemos ver os tais movimentos interiores que Gaitán e Guedes começaram a fazer desde que Rui Vitória mexeu na equipa. Jonas foge da zona do avançado e está na linha a pedir bola. Neste momento do jogo, estão os 10 jogadores de campo do Benfica num relativo curto espaço.

 

 

Aqui é visível o espaço que a certa altura começou a haver entre a defesa e o meio-campo. 

 

 

Este jogo acabou por trazer um resultado muito injusto para o Benfica, que fez por ganhar o jogo. As vitórias não são o mais importante da pré-época, mas quer se queira ou não, acabam sempre por dar mais moral e confiança aos jogadores.

 

Neste jogo finalmente tivemos a oportunidade de ver melhor alguns jogadores que talvez já mereciam mais tempo de jogo. Nélson Semedo, como já disse, esteve bem. Espero que se aposte mais nele e não se tenha receio, apesar de ainda ter várias lacunas. Carcela foi outro jogador que também deu nas vistas. Muito forte no um para um e muito rápido, mas é claramente um jogador para estar aberto no corredor e aí explorar as suas qualidades. Djuricic também mostrou vontade de fazer por merecer um lugar no plantel, vamos ver se é para continuar. 

 

Como já disse, este Benfica está diferente, está mais cerebral e menos explosivo. A equipa quer mais bola, e ter mais segurança, mas tem tido muita dificuldade em termos ofensivos. Essa segurança da posse de bola tem crescido ao longo dos jogos disputados, e está melhor. Os processos no ataque são ainda fracos, não se vê muita coisa boa a sair dali, e acabam quase sempre por ser rasgos de alguns jogadores a desequilibrar. É preciso ainda muito trabalho nessa vertente. A linha defensiva continua com alguns problemas, precisando de ser muito mais certa. A equipa tem tentado ocupar melhor o espaço desde o primeiro jogo. Sílvio desiludiu-me um pouco, esperava um jogo mais conseguido da parte dele. Pizzi é o que disse na 1ª parte, muito bom com a bola, e mau sem bola. Para este jogo e até às substituições a equipa jogou de forma diferente, mais aberta. Só Rui Vitória também pode explicar porque neste jogo se deixou de se sair a jogar com os 3 centrais.

 

Ainda há muito trabalho pela frente, há algumas coisas boas que se vê, mas ainda muito melhorar também, o tempo é cada vez menor e a Supertaça está cada vez mais próxima. Do que vi nestes três jogos, a equipa que mais segurança me dá, seria: Júlio César, Nélson Semedo, Luisão, Jardel, Sílvio, Fejsa, Samaris, Gaitán, Carcela, Talisca e Jonas. 

 

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publicado às 17:22



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