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Hoje o Benfica fez o seu 2º jogo nesta pré-época, agora contra a Fiorentina. Se pelas palavras de Rui Vitória se esperava que desta vez houvesse uma mistura entre titulares e jogadores que ainda procuram o seu espaço, não foi bem isso que aconteceu. O treinador do Benfica voltou a apresentar uma equipa titular com jogadores quase todos rotinados entre eles, onde a excepção era mesmo Jonathan, que ocupou a vaga de Lima. André Almeida substituiu Sílvio na lateral direita, Fejsa entrou para fazer a dupla de meio-campo com Samaris, enquanto tudo o resto se manteve relativamente ao jogo com o PSG. Com esta pré-época tão curta em jogos, faz sentido Rui Vitória tentar apostar mais nos jogadores que devem jogar na Supertaça, mas mesmo assim, esperava ver outros jogadores também a ter oportunidades.
O Benfica não entrou muito bem no jogo, não conseguia ter muita bola. Nos primeiros 10 minutos, a equipa praticamente só teve bola nos seus defesas, mas sem conseguir sair a jogar, visto a Fiorentina estar a pressionar muito alto a saída do Benfica.
A partir dos 10 minutos, o Benfica começou a ter mais bola, e a conseguir sair a jogar. Com a forma como Talisca e Gaitán vinham buscar interiormente o jogo nas saídas a jogar, o Benfica começou a ultrapassar a pressão dos italianos. Aos 14 minutos, e após a bola sair da defesa, a equipa de Rui Vitória conseguiu construir um bom lance de ataque, onde Jonathan rematou para a defesa do guarda-redes da Fiorentina.
O jogo continuava muito dividido, mas o Benfica já era a equipa com mais bola, apesar de não criar perigo para a baliza contrária. Havia posse, mas havia pouca verticalidade e poucos desequilíbrios causados na defesa contrária.
Assim como no primeiro jogo, o Benfica continuou a vir com os extremos ao meio. Talisca e Gaitán procuraram quase sempre o jogo interior, deixando as alas para os laterais ou para um avançado que lá caísse de vez em quando.
O jogo continuava a arrastar-se, pouco ou nada de perigo se passava. O Benfica a continuar a tentar ter mais bola e a jogar sempre com a bola no pé, não criando perigo, e a Fiorentina a ter menos bola mas a chegar com mais perigo à baliza de Júlio César, tendo dois remates, um deles muito perigoso, mas que saiu ao lado. Apesar dos remates, os italianos não conseguiam entrar na área do Benfica, criando perigo apenas nos remates de fora de área. O jogo começava a tornar-se mais duro também.
Com o passar do tempo, o Benfica conseguiu levar a Fiorentina cada vez para mais longe da baliza de Júlio César. Samaris e Fejsa a fazerem um grande trabalho no meio-campo, principalmente na pressão e na forma como ganhavam por esta altura todas as segundas bolas.
O jogo acabou por chegar ao intervalo empatado a zero.
Esta 1ª parte do Benfica, em termos ofensivos, foi inferior aquilo que a equipa tinha feito frente ao PSG. Em termos defensivos, a equipa esteve muito melhor. Com Fejsa e Samaris no meio-campo, a equipa ganha outra consistência defensiva, principalmente pela capacidade que o sérvio tem em fechar aquele espaço entre a defesa e o meio-campo, e que tantos problemas tinha causado no anterior jogo. Com isso, Jardel já esteve melhor, e não teve tantas dificuldades perante esse espaço. Foi conseguido manter a equipa italiana fora da grande área do Benfica, criando apenas perigo em remates de longe. A nível da pressão, a equipa continuou bem, a pressionar muito alto, e desta vez evitou quase sempre a chegada da bola jogável ao espaço entre a defesa e o meio-campo.
Em termos ofensivos, e como já disse, a equipa esteve pior. O Benfica até conseguiu chegar várias vezes com a bola controlada até ao sector avançado, mas depois nada conseguia. Muito poucas ideias e processos ofensivos ainda muito fracos. Jonathan lutou muito, e pressionou muito, mas pareceu um pouco à parte dos restantes, e até acaba por ser algo normal, visto nunca ter tido uma oportunidade como esta. Continuo a achar que caso Rui Vitória continue com esta ideia, o Benfica precisa de contratar um jogador com muita qualidade para jogar ao lado de Jonas. Esta falta de poder ofensivo também é explicado por o Benfica ter jogado com Fejsa e Samaris no meio-campo, que não são jogadores criativos e com muita capacidade de criar desequilíbrios na equipa adversária. Se ganhamos muito em consistência defensiva, perdemos ofensivamente, pois o grego, que é quem mais se liberta para tarefas ofensivas, não tem capacidade criativa de ajudar muito no processo ofensivo. Acabou por fazer alguns bons passes, mas fazer rupturas em progressão, chegar perto da área adversária, de ter verticalidade ofensiva, e de criar perigo para a equipa adversária, não são as suas principais características. Vou passar agora a alguns momentos desta 1ª parte, voltando no fim do jogo a fazer um apanhado.
Foi muito por causa desta pressão que a Fiorentina fez, que o Benfica não conseguiu sair a jogar nos primeiros minutos. Pressão muito alta da equipa italiana. Provavelmente, o Benfica não esperava isto, mas ainda bem que aconteceu. Serviu para a equipa de Rui Vitória se tentar habituar a pressões deste género e só assim com estas dificuldades a equipa vai crescendo.
Uma das coisas em que a equipa não tem estado tão bem, é na sua linha defensiva. Neste lance, vemos Eliseu completamente mal na linha defensiva, muito aberto, com grande espaço entre ele e Jardel, e ainda por cima a colocar os jogadores da Fiorentina em jogo. Por sorte, a bola depois de chegar ao médio centro da equipa italiana não entrou em nenhum dos avançados, que estavam em jogo, e com caminho livre para a baliza.
Mais uma vez, Eliseu a estar mal. Saiu a uma zona onde já estava Fejsa, descompensando a equipa, e o resultado foi aquele buraco que se vê na segunda imagem.
Aqui e como tinha acontecido no primeiro jogo, a procura dos espaços interiores por parte de Talisca e de Gaitán. A primeira imagem é de uma saída a jogar a partir da defesa, e na segunda num ataque em posse. Em ambos os casos, o espaço foi aberto na ala para Eliseu, que acabou por não o aproveitar.
Mais uma saída a jogar do Benfica com Samaris e Jonas a fazerem o movimento de vir buscar a bola ao meio, depois de Fejsa em vez de ir receber a bola como 3º central, foi buscar na linha. A Fiorentina pressiona alto, os médios acompanham Jonas e Samaris, mas a bola consegue entrar no grego depois da tabela com Jonas. Talisca com o seu movimento interior arrasta o lateral, e André Almeida fica com todo o espaço do mundo para o ataque. A bola acabou por se perder e não dar em nada, visto o passe não ter sido muito bom, e André Almeida ter continuado na linha em vez de começar a vir para dentro, onde tinha todo o espaço para levar a bola. Esta foi uma das melhores saídas a jogar do Benfica nestes dois jogos, apesar do risco do passe de Fejsa para o meio.
Temos aqui duas vezes em que o Benfica pressiona a equipa adversária em superioridade numérica. A primeira num lançamento lateral, tentando evitar que a bola saia dali, ocupando todo o espaço. A segunda numa tentativa de sair a jogar dos italianos, e assim que a bola entra na linha, o Benfica tapa todos os espaços.
Outra coisa que o Benfica fez em ambos os jogos, foi obrigar a equipa adversária a bater a bola pelo seu guarda-redes nos pontapés de baliza, evitando que ela saia a jogar.
Por último, a forma como a equipa se posicionou defensivamente quando a bola entrava no meio, e como Fejsa e Samaris, assim que o jogador da Fiorentina recebe a bola de costas, o pressionam e ganham a bola.
Para a 2ª parte, e ao contrário do que tinha acontecido no jogo anterior, voltaram a entrar os mesmos jogadores, não havendo nenhuma substituição.
O jogo voltou ao mesmo, muita pressão, muita luta e poucos lances de perigo. Jogo muito dividido a meio-campo e sem oportunidades de golo. O Benfica continuava a pressionar bem, a fechar quase todos os espaços no caminho para a sua baliza, com boa circulação de bola, mas o jogo ofensivo continuava péssimo.
Aos 56 minutos a Fiorentina quase marca. Eliseu sai a Joaquín que recebe o passe na linha, e apesar de depois a bola vir para o meio, o jogador do Benfica ficou bem aberto na linha. A bola entra no enorme espaço entre Jardel e Eliseu, e o jogador da Fiorentina atira à trave.
Um minuto depois, o Benfica tem uma grande oportunidade. Assim como aconteceu na 1ª parte, o médio da Fiorentina recebe a bola de costas no meio-campo, e três jogadores do Benfica fazem logo a pressão, obrigando ao erro. Jonas recupera e após excelente jogada, atira ao lado.
Aos 58 minutos, Rui Vitória mexe pela primeira vez na sua equipa. Entram Sílvio, Pizzi e Ola John, e saem Eliseu, Talisca e Samaris.
As substituições nada alteraram na equipa, o jogo continuou igual, os mesmos defeitos e as mesmas virtudes, até que aos 66 minutos Luisão leva o segundo amarelo e é expulso. A partir deste momento e como é obvio, o jogo mudou, deixando o Benfica de ter as mesmas armas do adversário, tentando não sofrer e atacando muito menos, mas não deixando a Fiorentina criar muito perigo. O jogo arrastou-se até final, ainda entrando Cristante, Nélson Oliveira, Carcela e Lisandro. Nas grandes penalidades, o Benfica acabou por perder por 4-5.
Este foi mais um jogo com aspectos positivos e negativos. Mais uma vez, digo que o Benfica precisa de reforços, principalmente nas laterais. Nesta forma de jogar, e mesmo que seja noutra forma, estes não dão garantias. Sílvio pode servir para a esquerda, mas depois tem a tendência de vir para o meio. Neste jogo foi ainda mais evidente a falta que laterais ofensivos fizeram ao jogo da equipa. Eliseu não pode ser titular no Benfica.
A equipa melhorou muito defensivamente, apesar da linha da defesa ter tido algumas falhas. A inclusão de Fejsa no 11 inicial foi muito importante para isso acontecer. O sérvio consegue ter um grande raio de acção, fechando muito espaço e recuperando muitas bolas. Esta dupla de meio-campo é muito forte defensivamente e na pressão, mas depois o Benfica perde muito quando o jogo passa para a parte ofensiva. Com os extremos a vir buscar jogo dentro, e os laterais a não ajudarem no processo ofensivo, o Benfica tem muitas dificuldades em criar perigo e em chegar à baliza contrária. Apesar da pressão dos italianos, a equipa já mostrou qualidade e ideias a sair com a bola a jogar desde a sua defesa. Também, quando viram que não dava, não inventaram para não cometerem erros. A posse de bola esteve mais segura durante este jogo, mas menos vertical, principalmente desde o meio-campo para a frente.
Acho que Talisca poderia render mais se jogasse perto do Jonas na frente de ataque, pois acredito que quanto mais perto da baliza adversária, mais solto e a pensar menos, mais rende. Jonathan não fez um mau jogo, fez muita pressão e mostrou alguns dotes, mas com a equipa a ter pouca bola junto dele, não deu para ver muito mais que isto. Gaitán continua a mostrar que não pode sair do Benfica.
Se esta dupla de médios for para manter, Rui Vitória terá de pensar em colocar ali no meio um jogador mais cerebral na frente de Fejsa e Samaris, alguém que pense mais o jogo e consiga levar a equipa para a frente. Nenhum destes dois médios consegue isso, e Jonas tem ainda mais a tendência de se afastar da baliza para ter mais bola. Pensava que Rui Vitória ia fazer alterações tácticas mediante aquilo que o jogo lhe estaria a dar nestes dois jogos, ou mudar algo com as substituições, mas continuou sempre com a mesma forma de jogar, o que me desiludiu. Acho que não deve estar agarrado a nada, só porque resultou bem anteriormente. Se não se sente à vontade com um 4x4x2, só tem de experimentar outras coisas.
Para acabar, dizer que não consigo perceber como é que Ola John continua a ter oportunidades e outros jogadores não as têm, mas isso só Rui Vitória pode explicar. Que venha o próximo jogo.
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