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No verão passado, assisti ao Mundial Sub20 que se realizou na Nova Zelândia. Uma das selecções que mais acompanhei, foi aquela que se viria a sagrar campeã mundial, a Sérvia. Era uma equipa recheada de talentos. Tínhamos na baliza Predrag Rajković - melhor guarda-redes presente na prova - e defesas como Nemanja Antonov, Srđan Babić, Miloš Veljković, Vukašin Jovanović ou Milan Gajić. No meio-campo, um Marko Grujić a quem já se lhe reconhecia talento, apesar de pouco ter mostrado na prova e Nemanja Maksimović, jogador que até já defrontou o Benfica este ano pelo Astana. Mais para a frente de ataque, destacavam-se o diabólico Andrija Živković e Sergej Milinković-Savić. Sempre achei que a grande falha nesta equipa, era a falta de uma boa referência no ataque, já que qualquer um dos avançados que ia rodando, mostrava muito pouco. Um deles, era Ivan Šaponjić, que foi alternando a titularidade com Staniša Mandić. Marcou dois golos na competição, ambos de cabeça e depois de sair do banco de suplentes. Golos bastante importantes, que permitiram a continuidade da equipa na prova.
Ivan Šaponjić chega do FK Partizan, tendo passado antes pelo Zlatar Nova Varoš e Sloboda Užice. Fez a sua estreia na equipa principal a 30 de Novembro de 2013, quando tinha apenas 16 anos. Depois desse jogo, não voltou a jogar mais na equipa A durante a época. Começou a ser regularmente utilizado no plantel sénior a partir de Fevereiro de 2015. Foi somando minutos, mas sem nunca ser um titular indiscutível. Em 42 jogos pelo FK Partizan, soma 11 golos, dos quais 7 são na Liga. Sempre foi presença assídua nas selecções mais jovens e se destacou pelos golos marcados. Fez, em vários escalões, dupla com Luka Jović - jogador apontado ao Benfica -, como por exemplo na fase de qualificação para o Europeu Sub17 em 2014, onde marcou 5 golos. Também esteve bem na qualificação para o Europeu Sub19 de 2015, onde marcou 3 golos. Já é internacional Sub21, depois de ter jogado dois jogos em Novembro do ano passado.
O jovem avançado sérvio é um jogador já bastante desenvolvido fisicamente. Com o seu 1,89 m e os seus 82 kg, tenta usar muito isso em seu proveito durante o jogo, quer seja a ganhar os duelos físicos ou a guardar a bola dos seus adversários. Também tem uma boa impulsão, que alimenta o seu forte jogo de cabeça. É um daqueles daqueles típicos números 9, em que o seu jogo é baseado no que consegue fazer dentro da área e que de resto pouco dá ao futebol da equipa, tendo dificuldades nas restantes vertentes e isto faz com que esteja muito tempo alheado do jogo. Dentro da área, movimenta-se e finaliza bastante bem. Tanto com pé direito - o mais forte - ou pé esquerdo, procura sempre a finalização. Gosta muito de fazer o movimento de pivot, pedindo a bola para a segurar e esperar pelos apoios, mas precisa de não perder tantas vezes a frente, pois mesmo com o seu porte físico, deixa-se antecipar muitas vezes.
Não é dotado de grande técnica, mas também não é tosco. Joga bem em toques curtos, movimentando-se depois para a baliza. Tem muitas dificuldades com a linha de fora de jogo, pois são inúmeras as vezes que é apanhado em posição irregular, precisando de melhorar essa vertente. Também as recepções de bolas não são muitas vezes as melhores, fazendo com que depois o segundo toque já seja feito com mais dificuldade. Sendo a referência ofensiva, não pode perder tantas vezes a bola depois de ser servido pelos colegas, já que isso irá trazer enormes dificuldades para a sua equipa.
O movimento de receber e guardar, mas depois perde várias vezes a frente ou deixa-se antecipar.
Muito espaço para receber e fazer jogar, mas dá de primeira. Quando depois volta a receber, faz um mau passe.
O bom jogo de cabeça que tem, marcando aqui um golo.
Não deixar o defesa ganhar-lhe a frente, dar logo de cabeça para o médio e seguir para a área.
Recuperar a bola com o seu porte físico, depois guardar e entregar ao colega de equipa.
Dar em esforço para o médio e depois muito bem a fazer o movimento nas costas do defesa.
Duas vezes que recebe o passe longo e faz jogar.
Vir dar o apoio frontal, entregando logo o passe curto.
Receber, rodar e progredir com a bola no pé.
Bom movimento, tentando finalizar com o pé esquerdo. Depois volta a recuperar e com uma bela jogada passa pelos defesas e remata à baliza.
Diagonal e tentativa de finalização.
Ivan Šaponjić é um bom finalizador, mas precisa de evoluir muito o resto do seu jogo, deixando de ser tão rudimentar como ainda é. O seu porte físico fará a diferença sempre que jogar com alguém da sua idade, mas subindo um pouco a dificuldade, ele baixará muito de rendimento. Claro que já está a um bom nível mediante a sua idade, pois foi presença assídua na equipa principal do seu clube. Não lhe vejo assim um potencial e talento tão grande como outros jogadores sérvios que chegaram ao Benfica ou que estejam a ser falados como possíveis reforços, mas caso evolua nas muitas coisas que lhe faltam, pode vir a ser uma agradável surpresa.
Do futebol ao hóquei, do basquetebol ao voleibol, uma visão livre, imparcial e plural do Sport Lisboa e Benfica.
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