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Finalmente terminou a novela em torno de Andrija Živković. Foi em Dezembro de 2013 que começou a ser apontado como possível reforço do Benfica, tendo ele na altura 17 anos. Agora, a poucos dias de fazer 20 anos, chega a custo 0 à Luz, já que o seu vínculo com o Partizan terminou recentemente. Claro que nunca será custo 0, porque a comissão a pagar será alta.
Živković é um “velho conhecido” de quem gosta de acompanhar os escalões jovens internacionais e o Scouting. Desde muito cedo que é apontado como um jovem com enorme potencial e que iria dar muito que falar. Estreou-se pela equipa principal do Partizan em Abril de 2013, com apenas 16 anos. Assinou depois o seu primeiro contrato profissional e, desde aí, foi muito utilizado no seu clube, tendo saído do Partizan com quase 100 jogos realizados. É o mais jovem capitão de sempre do clube e que deixou de ser opção a partir de Janeiro, quando se recusou a renovar o contrato.
Tem passagens por todos os escalões jovens da Sérvia, sendo já internacional A e o mais novo de sempre a conseguir uma internacionalização na Selecção daquele país. Conheci mais a fundo Živković no Mundial Sub20, que se realizou no passado Verão na Nova Zelândia. Daquela equipa, que se sagrou campeã mundial após bater o Brasil no prolongamento da final, fazia também parte Ivan Šaponjić, jogador que também pertence aos quadros do Benfica. Živković acabou por não receber nenhum prémio individual, mas foi sem sombra de dúvidas, aos 18 anos, um dos melhores jogadores da competição - para muitos o melhor. Na retina, ficará o jogo contra o Uruguai, onde tudo passava por ele, desequilibrando inacreditavelmente a equipa adversária em lances de 1x1 - apesar de algumas perdas de bola - e diagonais para dentro, sendo alvo de marcações muito cerradas.
O jovem jogador sérvio pode actuar a extremo em qualquer das faixas, ou servir como bengala ao ponta de lança, mas é no lado direito que rende mais. Com o seu fantástico pé esquerdo é temível nas diagonais para dentro com bola, onde é muitas vezes imparável, tentando depois o remate ou até servir um companheiro. Com um centro de gravidade baixo, é ágil e veloz, sendo que no 1x1 é muito forte e não tem qualquer receio em arriscar, tendo um drible curto muito bom e eficaz. Raramente está em situações dessas, já que as equipas adversárias tomam muitas precauções nesse aspecto, colocando junto a ele mais que um defesa para tentar impedir os seus movimentos. Não teme essas situações e consegue muitas vezes ultrapassar os adversários. Também faz uso do pé direito, apesar do esquerdo ser o mais forte.
Tem uma excelente relação com a bola e é muito dotado tecnicamente. Também é forte nas recepções, preparando logo a bola para dar seguimento ao lance e orientando-a para aquilo que quer fazer. Faz muitos cruzamentos depois de sair do drible, mas por vezes sem grande critério. Gosta de jogar em toques curtos, combinando com os colegas de equipa, sendo que aparece também no espaço interior a dar solução. Aparece bem em zonas de finalização, e tenta muitas vezes o remate, porém precisa de melhorar a sua compostura e ser mais eficaz, já que assim aumentará o número de golos, pois consegue muitas vezes, quase sozinho, arranjar situações de finalização. Falta-lhe também perceber quando deve ou não deve largar a bola, quando já fixou vários adversários e a vantagem está noutro lado e não tentar resolver tudo sozinho. Demonstra uma boa visão de jogo, e apesar de nem sempre tomar a melhor opção, é costume colocar os colegas de equipa em situação privilegiada para finalizar.
É muito forte e rápido nas transições ofensivas, conduzindo bem o esférico e criando dificuldades aos adversários com a bola colada ao pé. Já na transição defensiva e na reacção à perda, não é muito forte, nem é muito adepto de defender, apesar de algumas vezes demonstrar que é capaz de o fazer e saber que espaços fechar. Não tem um bom jogo de cabeça e raramente consegue ganhar um duelo aéreo. É, contudo, uma boa opção para bater os lances de bola parada – quer cantos, livres indirectos, livres directos ou até lançamentos longos para a área.
Não é um jogador com um feitio fácil. Já apresenta um nível de maturidade elevado para a idade e com boa percepção daquilo que é o jogo, não tendo medo de assumir nada ou de jogar em qualquer campo carregando a equipa, mas envolve-se várias vezes em quezílias desnecessárias com os adversários (ferve em pouca água) e se as coisas não lhe estiverem a correr bem a ele, ou à equipa, tende a ser pior. Muitas vezes, até com os companheiros de equipa reclama, precisando de crescer nesse aspecto. Isso retira-lhe muitas vezes o foco no jogo.
Alguns lances individuais e toques de qualidade. Uns em que consegue passar pelos adversários e outros onde acaba por perder. Quando encontra um situação de 1x1, normalmente sai fácil, mas raramente os adversários o deixam nessa situação.
Movimentos típicos em que está aberto e depois de receber vem para o interior com bola, onde opta muitas vezes pelo pontapé, sendo que também tenta por vezes as combinações.
Nem sempre está aberto na ala. Também gosta de vir buscar bola ao interior e depois a partir daí continuar a jogada.
Combinações com os colegas em toques curtos.
Aqui, a fixar o adversário e depois entrega quando chega o lateral.
Em transição ofensiva é muito rápido. Conduz e aguarda pela chegada do lateral.
As falhas que por vezes ainda demonstra na finalização.
A conduzir a bola para o interior em transição ofensiva, tentando depois combinar com o colega, mas a bola é interceptada as duas vezes.
Bom passe longo.
Recebe a bola através de um passe longo e ela fica ali logo junto a ele. Tira um adversário da frente, mas depois perde para a ajuda que chega.
Entrega a bola no apoio frontal e procura dar depois solução.
A defender dentro, sendo depois logo a primeira solução quando a equipa recupera para sair em transição.
Quando quer, o que nem sempre acontece, acompanha as subidas do lateral contrário.
Aproxima, arrastando o marcador directo e foge logo para as costas.
Movimento em que se cola quase à linha para ter espaço e receber a bola.
É uma opção credível para bater os cantos e outras bolas paradas ofensivas.
O mau feitio que muitas vezes demonstra.
Gosto muito de Živković, sempre gostei desde que o conheço, e chegar nestes moldes, ainda é melhor. Mas aqui surge outra questão: o número de jogadores que temos para as alas. Carrillo, Salvio, Carcela, Gonçalo Guedes, Franco Cervi, Pizzi e o próprio Živković, é demasiada gente. E se olharmos para este lote, vemos que grande parte deles rendem mais do lado direito, o que torna esta questão ainda mais difícil. Destes nomes, penso que alguém irá sair, e apenas um não chegará. A qualidade é sempre necessária, mas em demasia também não será benéfico para Rui Vitória gerir, já que não irão existir oportunidades para todos. Quanto a Živković, tem tudo para brilhar. É um daqueles jogadores especiais e que nasceu com um dom.
Do futebol ao hóquei, do basquetebol ao voleibol, uma visão livre, imparcial e plural do Sport Lisboa e Benfica.
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