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O Benfica iniciou ontem o caminho que todos esperamos que acabe com o tricampeonato. O adversário foi o Estoril, que veio jogar ao Estádio da Luz. Para este jogo, Rui Vitória fez algumas alterações na equipa que tinha defrontado o Sporting na Supertaça, como podemos ver na imagem acima. Surpreendente a saída de Samaris do 11, mas entre ele e Fejsa, num meio-campo a 2, só um pode jogar e a escolha caiu no sérvio.
Os primeiros 10 minutos de jogo foram muito divididos, muita luta e pressão das duas equipas. O Benfica tentava sair a jogar, mas tinha dificuldades em ultrapassar a linha do Estoril. A circulação de bola era feita muito baixa no terreno.
Mais 10 minutos de jogo, e mais do mesmo. Muita luta, muita correria, e pouco futebol, com nenhuma oportunidade para qualquer equipa. Dificuldades do Benfica em chegar perto da área contrária com a bola controlada.
Aos 22 minutos a primeira ocasião de golo para o Benfica. Grande cruzamento de Gaitán, mas Jonas atira de cabeça ao lado. Menos de um minuto depois, grande cruzamento de Jonas, bola teleguiada para o pé esquerdo de Mitroglou, mas o grego acerta mal na bola. Aos 25 minutos, golo bem anulado ao avançado grego, após grande passe de Gaitán.
Nova chegada do Benfica à área contrária aos 31 minutos. Cruzamento de Nélson Semedo que Mitroglou recebe, mas o remate é desviado por um adversário para canto. Aos 40 minutos, a grande oportunidade do Benfica na 1ª parte. Gaitán ganha a bola de cabeça e Luisão completamente cara a cara como o guarda-redes atira a bola à barra.
O jogo caminhava tranquilamente para o intervalo, sem nada de muito interessante acontecer, até que aos 46 minutos e após uma infantilidade inacreditável do Benfica, um jogador do Estoril se isola, mas Júlio César evita o golo com uma grande defesa. O jogo foi para o intervalo empatado a zero.
Esta não foi uma primeira parte muito bem conseguida pela equipa do Benfica em termos de futebol jogado. Júlio César esteve muito bem, como nos tem habituado desde que chegou. A equipa continuou a não conseguir chegar muitas vezes perto da baliza adversária com a bola controlada, e os lances de perigo nasceram de lances de cruzamentos ainda longe da área ou de bolas após os lances de bola parada. A posse de bola foi feita num espaço de terreno muito recuado e com pouca qualidade. A equipa falhou também muitas saídas a jogar, mas evitou ao máximo recorrer ao pontapé para a frente. Voltou a existir a tentativa de saída a jogar com o 3º central, mas depois as outras linhas estavam quase sempre muito longe.
O meio-campo não funcionou bem. Fejsa nota-se que ainda não está em grande forma física, apesar de ser enorme a defender, e Pizzi foi mesmo o pior jogador do Benfica. Se a defender sabemos todos que é muito sofrível, desta vez também o foi a atacar. Gaitán foi o melhor da equipa na 1ª parte, enquanto que Ola John pouco fez, apenas se notou mais a defender que a atacar. O extremos voltaram a fazer muitos movimentos interiores, deixando as alas para os laterais, e durante a 1ª parte já se viu os laterais do Benfica com mais acutilância ofensiva.
Jonas mostrou o que ainda não tinha mostrado este ano, jogando muito melhor e aparecendo entre linhas. Mitroglou teve uma boa oportunidade que acabou por falhar. Notou-se que ainda está longe da melhor forma e longe de se entender com os companheiros.
Neste lance podemos ver as dificuldades posicionais de Lisandro e como ele muitas vezes joga demasiado baixo. Acabou por cortar o lance, porque é rápido e depois consegue recuperar, mas tem de estar muito mais atento a isto e posicionar-se melhor.
Aqui dois lances em que Pizzi está muito mal. No primeiro não vai fechar o espaço nem recua, mostrando grande passividade defensiva, e valeu Gaitán a ir cortar a bola. No segundo tem uma abordagem ao lance digna de um iniciado.
Duas situações do Benfica a sair a jogar, mas com muito espaço entre o portador da bola e os companheiros de equipa. Ninguém desce para receber a bola entre as linhas do Estoril, ficando ali aquele enorme espaço no meio do campo, e assim fica muito difícil para quem leva a bola encontrar uma linha de passe.
Boa transição ofensiva do Benfica, com Eliseu a dar largura ao ataque, com Mitroglou e Jonas com superioridade numérica na área. Pena o passe ter saído com força a mais.
Os muitos jogadores que o Benfica coloca junto à bola, encurtando o campo e tentando fazer com que a equipa adversária não consiga sair a jogar dali.
O que Nélson Semedo consegue dar à equipa ofensivamente é isto. É um lateral com grande capacidade ofensiva.
Grande infantilidade por parte do Benfica. Luisão vai bater um livre e faz mal o passe. Jogadores mal posicionados. Lisandro poderia por exemplo estar mais perto de Luisão e mais recuado, dando assim uma linha de passe ao capitão. Depois a equipa perde a bola e o jogador do Estoril isola-se completamente.
Para a 2ª parte, Rui Vitória não mexeu na equipa, e entraram os mesmos jogadores em campo. Aos 47 minutos e após uma perda de bola do Benfica, Júlio César evita miraculosamente o golo do Estoril. Os primeiros 10 minutos da 2ª parte foram iguais ao que foi a 1ª parte, muita luta e pouco futebol. Aos 55 minutos e após uma boa jogada de ataque do Benfica, Jonas aparece numa situação de um para um com um defesa, mas a bola acaba por ser cortada para canto.
Rui Vitória mexe na equipa aos 60 minutos. Saem Pizzi e Ola John e entram Talisca e Victor Andrade. Os jogadores que entraram foram fazer as posições dos que saíram, nada mudou. A equipa mostrava a cada minuto que passava ainda mais ansiedade. Se na 1ª parte ainda se viram algumas ideias de jogo, por esta altura já se começava a jogar mais com o coração. Já se enviavam muitas bolas directas para a frente de ataque, em vez das tentativas de sair a jogar. Aos 67, minutos bom entendimento entre Jonas e Mitroglou, em que o avançado grego falha o golo depois de uma grande assistência de Jonas.
Chega o minuto 73 e chega a tão esperada explosão de alegria no Estádio da Luz. Boa saída a jogar por parte do Benfica, Gaitán com um grande cruzamento e Mitroglou a finalizar muito bem de cabeça na área. Com este golo, o Benfica quebrou um jejum de 428 minutos sem marcar.
A equipa empolgou-se com o golo, a pressão e a ansiedade diminuíram muito e o futebol começou a fluir. Grande penalidade a favor do Benfica aos 77 minutos e Jonas a marcar o seu primeiro golo no campeonato 15/16.
Poucos minutos depois, e após jogada de entendimento entre Nélson Semedo e Victor Andrade, o extremo brasileiro cruza para Jonas, que com um belo cabeceamento faz o 3-0. Aos 84 minutos, última substituição no Benfica, sai Mitroglou e entra Gonçalo Guedes. O jovem português foi jogar para o lado esquerdo do ataque, juntando-se assim Gaitán e Jonas na frente.
O Estoril foi abaixo no jogo e nunca mais conseguiu criar verdadeiro perigo para a baliza de Júlio César. Aos 89 minutos e após uma grande jogada do Benfica, Nélson Semedo marca o 4-0 para o Benfica. Que estreia do menino no Estádio da Luz.
O Benfica dominou a posse de bola até o jogo acabar e nada de mais importante se passou, acabando assim o jogo.
Esta 2ª parte e até ao golo, mostrou uma equipa do Benfica ainda mais ansiosa. Se na 1ª a equipa tentou sempre ou quase sempre sair a jogar e tentar chegar na frente com a bola controlada, na 2ª e com o passar dos minutos começou a jogar-se muito mais directo, o que também se percebe pelo passar dos minutos e com o jogo empatado.
As substituições foram muito importantes para a vitória do Benfica e vieram dar mais dinâmica à equipa. O Estoril também se foi abaixo fisicamente na 2ª parte, e depois do primeiro golo do Benfica eles quase que acabaram para o jogo. A equipa conseguiu ter muito mais presença na área do que aquilo que nos habituou até agora durante esta época. Júlio César foi determinante para a vitória, aparecendo a evitar dois golos feitos do Estoril.
Mais uma vez, a equipa do Benfica a encurtar muito o campo com muitos jogadores. Normalmente estes lances acontecem sempre em lançamentos laterais da equipa adversária.
Mais uma saída do Benfica a jogar com o 3º central. Gaitán tem feito sempre movimentos interiores, deixando a ala para o lateral. Jonas também a vir buscar a bola entre linhas, mas a distância é grande entre o portador da bola e os companheiros.
O muito tráfego que há no jogo interior do Benfica. Neste lance ninguém a dar jogo exterior à equipa, com todo este espaço para aproveitar.
A movimentação de Mitroglou no golo. Faz que vai para a frente e volta a dar dois passos atrás. O central também devido à movimentação de Jonas tenta fechar mais e depois já não tem hipótese de cortar a bola.
O lance do 3º golo do Benfica. Arrancada de Nélson Semedo que dá para Victor Andrade cruzar. Podemos ver na área o Benfica com superioridade em zona de finalização.
O último golo do Benfica. Bonita jogada com futebol apoiado e movimentos de ruptura na defesa contrária. A genialidade de Gaitán fez o resto, com Nélson Semedo a antecipar o que Nico ia fazer.
Esta acabou por ser uma boa vitória do Benfica, mas por números bem enganadores. Nem tudo está bem, nem tudo está mal, mas nota-se perfeitamente que a equipa precisava de um golo, e estava muito ansiosa não se conseguindo soltar. A equipa mostrou melhores ideias neste jogo, não recorreu tanto ao chutão que nos tinha habituado anteriormente. A pressão não foi tão boa, e o Estoril conseguiu sair várias vezes a jogar. Notei também a equipa pouco agressiva – no bom sentido – na disputa de lances e a perder vários bolas divididas e segundas bolas. A circulação de bola foi também muito baixa e muitas vezes com pouca qualidade e Rui Vitória tem de arranjar maneira de conseguir com que a equipa ultrapasse com mais qualidade a pressão e linhas dos adversários. Com os laterais tão projectados ofensivamente nas saídas a jogar, o Benfica não pode falhar tantos passes nessas saídas, pois aí a equipa estará muito descompensada. Equipa finalmente conseguiu ter mais presença na área, e isso acabou por fazer a diferença.
A defesa não esteve mal, apesar do Benfica ter passado por vários calafrios e ter dificuldades no controlo da profundidade. Luisão é muito importante para a equipa. Lisandro fez um bom jogo, é um central que dá muito nas vistas, faz inúmeros cortes e isso faz com que pareça que está sempre bem no jogo. No entanto, o seu posicionamento tem de ser melhorado, já que está inúmeras vezes mal posicionado e tem a tendência de jogar muito baixo e recuar a linha defensiva. É melhor tecnicamente que Jardel, e com isso sai a jogar com mais facilidade e qualidade. Eliseu também fez um jogo razoável, mas o Benfica precisa de um verdadeiro lateral esquerdo. Nélson Semedo brilhou, apesar de ainda mostrar várias lacunas defensivas e de posicionamento - não tantas como seria de esperar já que grande parte das vezes que foi apanhado fora da posição se deveu a estar avançado no terreno nas saídas a jogar do Benfica - , mas isso é normal que ainda está a crescer e aprender. É um lateral que dá muito à equipa ofensivamente, é um desequilibrador. É também um poço de forças, aos 93 minutos ainda andava a atacar pelo seu corredor como se fosse aos 5 minutos de jogo. Mereceu o golo que marcou.
Fejsa e Pizzi não funcionaram bem, e a equipa precisa de um número 8 que entre de caras na equipa. Entre Samaris e Fejsa não há grande diferença, na posição 6 o Benfica pode dormir descansado. Gaitán voltou a mostrar que é o jogador mais genial do campeonato, fazendo um enorme jogo e Ola John notou-se mais pelo trabalho defensivo que ofensivo.
Mitroglou e Jonas ainda não se entenderam muito bem, apesar de ter havido várias boas indicações. O grego ainda está em má forma e sem ritmo, mas fez aquilo que tão bem sabe, marcar golos, apesar de duas falhas em que devia ter marcado. Jonas já foi parecido ao Jonas da época passada que tanta magia espalhou pelo campeonato.
Talisca a Victor Andrade entraram muito bem. Quem vê Victor Andrade e quem o viu. O jogador cheio de limitações que mostrou ser no ano passado, mudou completamente, e eu que fui grande crítico dele, visto o que mostrava no ano passado na equipa B. Fez no ano passado um dos piores jogos que vi um jogador profissional fazer ao vivo, mas este ano está completamente diferente e espero que me continue a deixar sem palavras. Talisca também esteve bem, mas acho que não serve para a posição 8.
Palavra para Rui Vitória, não teve medo em apostar em Victor Andrade, e em Talisca para a posição 8. Estes dois jogadores vieram revolucionar um pouco o jogo. Muito bem nas substituições. Ainda há muito para melhorar, precisa de dois reforços - número 8 e lateral esquerdo - e que a equipa agora com esta vitória se liberte e comece a jogar verdadeiramente. Esta semana há mais, todos a Aveiro.
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