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Resultados das Modalidades e da Formação

por Miguel Martins, em 17.11.15

 

Durante o fim-de-semana, as nossas equipas de futebol estiveram mais uma vez em bom nível, conseguindo vitórias em todos os escalões. A única derrota acabou por acontecer nos Benjamins B, onde perdemos contra o Sporting.

Em Futsal, a semana foi positiva, com destaque para o apuramento da nossa equipa sénior para a Final Four da UEFA Cup. Um apuramento épico, com um golo a 2 segundos do fim.

Em Judo, tivemos boas participações no Open da ADJL, com destaque para os diversos primeiros lugares que conseguimos.

 


No Basquetebol, o destaque vai para a vitória da nossa equipa sénior nos Açores, frente ao Lusitânia. Uma vitória arrancada a ferros. Realce também, para a da equipa feminina.

No Andebol, a nível de formação continuamos na senda do bom trabalho e os resultados foram mais uma vez muito positivos. Nota negativa para a derrota da nossa equipa principal frente ao Sporting, fora de casa. Este jogo será abordado mais profundamente no próximo artigo a sair brevemente.

Em Rugby, a nossa equipa sénior masculina foi derrotada pelo Évora e este é o destaque desta semana. Uma derrota ainda assim normal e esperada. A equipa feminina continua em grande.

 

 

No Hóquei em Patins, destaque para a grande vitória das nossa meninas frente ao Stuart Massamá. A equipa sénior masculina também não facilitou, vencendo os dois jogos que disputou na semana passada.

O Voleibol teve um fim-de-semana normal, onde a nossa equipa sénior masculina continuou a sua senda vitoriosa.

Na secção de Bilhar, alguns resultados que não foram satisfatórios.

 

 

No Ténis de Mesa, destaque para a derrota categórica frente ao Sporting. Depois boa vitória contra o Sanguedo.

Em Atletismo, o fim-de-semana foi muito bom. Destaque para o 7º lugar de Vanessa Fernandes na Maratona de Valência, tendo conseguido os mínimos para os Jogos Olímpicos. Está de parabéns a nossa Vanessa, mas tem de continuar a tentar melhorar pois apesar de ter os mínimos, apenas 3 atletas portuguesas poderão participar.

 

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publicado às 22:10

Resultados das Modalidades e Formação

por Miguel Martins, em 10.11.15

 

Este foi um fim-de-semana positivo em todos os escalões no futebol. Conseguimos a vitória em todos os jogos, exceptuando a derrota da Equipa B nos Açores, perante o Santa Clara.


No Futsal tivemos um fim-de-semana 100% vitorioso, tanto em femininos como em masculinos. Destaque para as juniores femininas que bateram o Sporting por 6-2 e a equipa sénior que foi ganhar por 2-3 a casa do CR Golpilheira. 

No Pólo Aquático, a nossa equipa feminina bateu o Gondomar Cultural, conquistando assim uma importante vitória e a segunda em outros tantos jogos, liderando a tabela classificativa.

 

 

A nossa equipa sénior de Basquetebol feminino teve uma derrota caseira frente ao Lousada, num jogo bastante renhido. Em sub16, as nossas meninas foram também derrotadas fora, frente ao Quinta dos Lobos. Acabam por ser resultados normais, mas temos de evoluir. No sector masculino tivemos um fim-de-semana perfeito, com vitórias em todos os escalões. Destaque para as vitórias dos nossos juniores e dos nossos sub16.

 

Em Andebol, a nossa equipa B foi derrotada, sendo esse o maior destaque desta semana na secção. No entanto, realce para o facto de continuarmos a apostar nos nossos jovens, sendo esse o rumo certo.


Em Rugby, a nossa equipa feminina teve uma vitória clara frente ao RC Loulé. Na vertente masculina, a nossa equipa sénior foi derrotada em casa num jogo muito equilibrado, mantendo mesmo assim as suas aspirações intactas.

 

 

Em Hóquei em Patins, tivemos um fim-de-semana perfeito, tanto na vertente masculina como na feminina. Destaque para a vitória europeia da equipa sénior masculina.

Em Voleibol, tivemos igualmente um fim-de-semana perfeito. Esta é uma secção que pese as dificuldades que tem para encontrar competitividade nos escalões de formação a sul, continua o seu trabalho com vista a formar jogadores para a equipa sénior no futuro. Merecem os parabéns pela sua perseverança.

Em Bilhar, tivemos um fim-de-semana positivo, onde apenas a equipa B perdeu na Carambola. Nas restantes vertentes, vencemos todos os jogos.

 

 

A nossa secção masculina de Atletismo durante o fim-de-semana venceu o Circuito de Meetings de Portugal (pleno no pódio), o Crosse de Torres Vedras, a Prova de Sub23 (pleno no pódio) e os 15km da prova paralela à 12.ª Maratona do Porto. Em femininos, apesar de não termos vencidos as provas, tivemos boas prestações.

 

Em Natação, tivemos boas prestações, com destaque para Cláudia Borges com um 2º lugar nos 50 metros bruços e um terceiro lugar nos 100 metros bruços. E claro, as vitórias nas estafetas.

 


 

Desde que este blogue foi pensado, uma das coisas que esteve sempre no topo das nossas prioridades foi dar atenção às modalidades e escalões de formação do Sport Lisboa e Benfica. Não tem sido conseguido da maneira que queríamos, mas temos estado a trabalhar para mudar isso.

 

A partir de hoje, no princípio de todas as semanas, vamos colocar um artigo como este no nosso blogue, onde nas imagens estarão  todos os resultados das modalidades do Benfica e de todos os escalões de formação. Também, brevemente, vamos tentar colocar na página do blogue, links para a classificação das diversas modalidades e escalões. 

O nosso habitual artigo com maior ênfase aos jogos de determinadas modalidades séniores, irá continuar a sair a meio da semana. 

 

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publicado às 22:50

Renato Sanches o 8 do futuro

por R_9, em 22.08.15

 

Renovou ontem contrato com o Benfica, aquele que pode ser no futuro - ou até no presente - o grande médio centro do Benfica. Após ter feito 18 anos recentemente, ainda ser júnior e ser titular na equipa B, Renato Sanches renovou contrato até 2021.

 

Renato é um jogador que não tem passado despercebido a quem acompanha as camadas jovens do Benfica. Desde cedo deu nas vistas e sempre houve alguma gente - pouca - a defender que Renato deveria saltar escalões. Deveria estar num escalão acima do que a idade dele corresponde, porque a qualidade dele era bem superior às dificuldades que encontrava, num nível superior e com dificuldades maiores ele evoluiria mais.

 

Recorde-se que quando Luís Norton de Matos era treinador do Benfica B, quis levar o Renato para essa mesma equipa B, sendo ele ainda juvenil de 1º ano, mas isso não foi possível. Também, os responsáveis dos escalões de formação da Alemanha, disseram um dia que Portugal deveria ter jogadores muito bons na 1ª Liga, para o Renato ainda não estar a jogar lá. A ideia normalmente denominada de queimar etapas, era muito criticada em Portugal, mas parece que finalmente as pessoas começam a perceber que em muitos casos isso é o melhor, e só tem de ser feito para o bem de alguns jogadores.

 

Olhando mais para aquilo que é o jogador, ele é o protótipo quase perfeito do que é o médio centro do futebol moderno, aquele 8 evoluído e que enche o campo. É capaz de jogar num meio-campo com 2 ou 3 jogadores, sem grandes problemas. Tem uma capacidade física fantástica, capaz de dividir lances com jogadores muito mais velhos que ele, andando o jogo todo em alta rotação, subindo ou descendo no terreno vezes sem conta. Uma das suas melhores capacidades, é a forma como é capaz de progredir em velocidade com a bola, queimando as linhas adversárias. É um jogador criativo, e que gosta de chegar à área adversária, criando desequilíbrios.

 

É bastante agressivo - no bom sentido - na forma como reage quando perde a bola. Por vezes ainda falha alguns passes, mas este ano até apareceu melhor nesse capítulo nos dois jogos que disputou. Chuta bem de longe, tendo um remate forte. Tem boa capacidade posicional no campo, e a forma como faz a transição defensiva é bastante assinalável.

 

Onde precisa de melhorar é na tomada de decisão. Algumas vezes ainda demora demasiado tempo a pensar e depois acaba por não tomar a melhor opção. Com esta chegada ao futebol sénior, isso tem de melhorar, pois já percebeu que tem de ser muito mais rápido a pensar e decidir-se, ao contrário do que acontecia na formação.

 

Já se diz que Renato Sanches vai passar a fazer parte do plantel da equipa A. Eu ainda acho que o Benfica deve contratar um número 8, mas um jogador que entre de caras na equipa e que não venha para fazer número. Se isso não acontecer, eu não vejo ninguém com melhor capacidade no plantel do Benfica que o Renato para fazer a posição que foi desempenhada por Pizzi na abertura da Liga. Por tudo o que descrevi em cima, é o jogador mais capaz para assumir esse lugar na equipa principal. Sim, sei que ele ainda é júnior, mas a idade futebolística que ele tem, está bem acima da sua idade real. Por exemplo, comparando com Pizzi que foi o titular, só o vejo a perder na capacidade de passe e nas bolas paradas, nas funções do número 8.

 

Acho-o parecido a Enzo Pérez, quando o jogador argentino fazia aquele lugar no Benfica. Aquela capacidade de recuperação, de progredir com a bola, de jogar entre linhas, de aparecer a desequilibrar, faz lembrar muito o que Enzo fazia. Para os que ainda se lembram daquele rapaz chamado Manuel Fernandes que apareceu no Benfica, também terão aqui uma boa medida de comparação, porque são jogadores com algumas características em comum.

 

Passemos a alguns lances de Renato Sanches nestes dois jogos e que demonstram o que ele é como jogador.

 

Capacidade de recuperar a bola, de percorrer muitos metros com ela em progressão, dividindo depois fisicamente o lance e ganhando ao seu adversário.

 

 

Lance em que vai buscar a bola perto da linha, consegue progredir com a bola no pé, tirando depois o adversário da frente e entregando ao colega.

 

 

Capacidade de pressão e recuperação. Entrega a bola ao colega fazendo logo o movimento para receber e dar continuidade à jogada. Cabeça levantada e passe para o extremo que se desmarcava. Esta jogada deu golo.

 

 

O tal problema que ele às vezes ainda enfrenta na tomada de decisão, mas repare-se que não fica parado, tentando recuperar logo a posição.

 

 

Neste lance vemos como é rápido a perceber que o seu lateral está sozinho na ala. Parte logo em velocidade, passando pelas costas dele e criando a dúvida no defesa, entre sair na bola ou fazer a contenção para um possível passe. O lateral adversário acabou por ir recuando, dando espaço para o remate. 

 

 

Um exemplo do forte remate de que ele é capaz.

 

 

Boa capacidade de passe longo demonstrado nesta jogada.

 

 

Recuperação de bola, bom passe para o colega, e depois a velocidade com que progride no terreno para criar desequilíbrios, a uma velocidade superior a todos os restantes.

 

 

Aos 89 minutos, ainda consegue fazer este sprint para tentar pressionar o guarda-redes após perder uma bola.

 

 

Caso jogue pela equipa A, vai errar algumas vezes, mas vai aprender com os erros e tornar-se um jogador melhor. Não se pense que ele vai chegar lá, fazer tudo bem e resolver os problemas todos da equipa, porque não vai. Irá é ajudar e dar mais soluções. Na posição que ocupa, Renato é um dos melhores do mundo com a sua idade, ainda com margem para crescer mais e mais. Não tenho dúvidas que caso corra tudo dentro do normal, o Benfica terá aqui um jogador que será dos melhores jogadores do país e até bem mais que isso. 

 

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publicado às 13:39

Talento renovado

por R_9, em 13.07.15

 

O Benfica anunciou hoje que ia haver uma grande novidade sobre o futebol profissional. Quando todos pensavam em contratações, a novidade foi a renovação de 4 jovens jogadores. Nélson Semedo, João Teixeira, Raphael Guzzo e Nuno Santos renovaram os seus contratos até 2021, com cláusula de rescisão no valor de 45 M de euros.

 

Destes 4 jogadores, creio que Nélson Semedo e João Teixeira serão aqueles que mais oportunidades terão esta época na equipa principal do Benfica. Gonçalo Guedes e Lindelöf serão outros dois jogadores que também poderão ter lugar no plantel de 25 jogadores do Benfica.

 

Nélson Semedo é um lateral que chegou ao Benfica em 2012, proveniente do Sintrense. É um jogador que pode fazer outras posições, mas é a lateral direito que se tem fixado e rendido mais. Rui Vitória disse que tem soluções internas para substituir Maxi Pereira, essa solução no imediato parece ser Sílvio, com Nélson Semedo a servir de reserva. É um jogador que fez uma grande época no Benfica B, um lateral que ataca muito bem, conseguindo constantemente ganhar duelos individuais aparecendo embalado pela ala. Defensivamente ainda tem vários problemas, que precisam de ser corrigidos para dar mais garantias. Não acho que dê garantias para ser já o titular do Benfica, mas está aqui um jogador que pode ser útil ao Benfica no futuro, caso seja aproveitado.

 

João Teixeira foi um jogador que brilhou na pré-época do Benfica do ano passado, mas que depois e inexplicavelmente, não teve oportunidades a sério na equipa principal durante a época, jogando apenas 3 minutos num jogo da Champions que já para nada contava. Isto é explicado pelo grande complexo que o anterior treinador do Benfica tinha com os jogadores da formação benfiquista, quer muitos queiram ou não ver, foi uma realidade. Não é o único culpado, mas o principal. João Teixeira é um jogador muito refinado com a bola, tem boa técnica, e que pode actuar em qualquer das posições do meio-campo, sendo a 8 que mais pode render. Precisa de ganhar mais alguma intensidade e perder alguns tiques que ainda tem.

 

Raphael Guzzo é um jovem jogador formado no Benfica, que desde cedo deu nas vistas na formação, mas depois foi-se um pouco abaixo. Renasceu no Chaves, onde esteve emprestado na época passada, sendo um dos melhores jogadores da 2ª Liga. É um 8 com qualidade técnica, grande capacidade de passe, mas fisicamente e tacticamente precisa ainda de crescer para ser melhor sucedido a nível sénior. Fez um grande Mundial de Sub-20, sendo provavelmente o melhor jogador de Portugal, ficando inexplicavelmente no banco no jogo dos quartos-de-final. É um jogador que precisa de jogar, ficar na B alternando com a equipa A, ou ser emprestado a uma equipa de 1ª Liga, o que até acho que seria uma boa solução. O mesmo pode acontecer com Nuno Santos, pois a concorrência é muita neste momento no plantel do Benfica e talvez lhe fizesse bem um ano de empréstimo (sem opção obrigatória de compra). Nuno Santos é um extremo que pode jogar em ambos os lados, com um grande pé esquerdo, capaz de tirar grandes cruzamentos e com uma assinalável veia goleadora. Foi dispensado do Porto quando subiu a júnior, brilhando depois no Rio Ave, clube ao qual o Benfica o contratou.

 

Agora é ir apostando nestes jovens, claro que não estou a pedir que sejam titulares, e que a equipa seja feita apenas com jogadores da formação, pois isso não é viável numa equipa que quer ganhar. Só têm de ter a oportunidade de se mostrar, e caso agradem devem ser opções para o Benfica assim como se faz com outros. Há que tentar criar um equilíbrio, não contratar 10 jogadores onde apenas dois são verdadeiros reforços até porque o talento não nasce só nas árvores dos outros clubes. 

 

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publicado às 22:49

A Formação (d)e um Benfica Europeu

por MonstroDasCuecasRotas, em 25.06.15

         

Ver o Benfica ser campeão deixa-me imensamente feliz, com um sorriso parvo que passeio pela rua nos dias seguintes, massaja-me o ego, envaidece-me, mas... não me realiza totalmente. Não faço parte do grupo de adeptos que parece perder a ambição e o sentido crítico se o título estiver nas nossas mãos. Não consigo dizer que ninguém faz falta só porque somos campeões nacionais, ou porque fizemos a dobradinha, ou o triplete. Como se tivéssemos concretizado tudo aquilo que o potencial do Benfica poderia permitir, como se nada restasse para ganhar. Não encerro aí o potencial ganhador do Benfica. Não empequeneço o Benfica a esse ponto.

         

O primeiro Benfica que conheci, aquele que fez de mim benfiquista, que fascinava mais do que qualquer outro, era uma potência europeia. Uma verdadeira equipa de topo europeu, de Meias-Finais e Finais de Liga dos Campeões. Uma potência europeia na verdadeira acepção da palavra, na história passada, mas também na recente, no estádio, na qualidade da equipa, na mística, na alma, na cultura e identidade do clube. Esse Benfica, por razões várias, foi-se desvanecendo com os anos. Felizmente e pouco a pouco, tem recuperado muito do que foi perdendo, mas acaba sempre a pairar no ar um certo derrotismo antecipado relativamente a outros voos, algo que me incomoda bastante. O destino parece ter-se cumprido, batemos no tecto dos sonhos.

         

O Futebol mudou bastante desde a Lei Bosman, todos sabemos, prejudicando sobretudo os clubes de futebóis periféricos, como o nosso. Quer isto dizer que o Benfica jamais poderá jogar o mesmo jogo que os outros grandes europeus que têm a sorte de fazer parte de ligas de topo? Sim, quer. Quer dizer, então, que o Benfica jamais poderá recuperar o seu histórico estatuto europeu? Não, não quer. Qual será então o segredo para dar a volta ao estado de coisas actual, para nos reinventarmos?

         

 O segredo será precisamente o de não jogar o mesmo jogo que esses clubes, ser criativo, inverter a estratégia. A criatividade aqui necessária não reside em encontrar outras soluções, reside no absoluto comprometimento com que se deve colocar em andamento a única solução possível: a Formação. À qual junto os valores nacionais em geral, que nasceram a aprender o significado e a importância do Benfica, em inúmeros casos tão benfiquistas como nós, desde tenra idade. Noutros, cedendo ao benfiquismo já em idade adulta, como Carlos Manuel ou Simão, mas sendo parte integrante da consciência colectiva portuguesa, desde que nasceram.

         

Antes de mais, para que não me interpretem mal e porque nenhuma mensagem sobreviverá ao preconceito se não o disser, devo deixar bem claro que quero, como sempre quis, qualidade no Benfica, venha ela de onde vier. Não quero que deixemos de apostar nos Gaitan's, Salvio's, Samaris's, Jonas's ou Júlio César's, não deve estar aí a janela de oportunidade dos jovens da casa, deve estar sim no lugar de outros jogadores de qualidade mais duvidosa, que continuam a chegar todos os anos em quantidades inaceitáveis.

         

Falar de formação é, hoje em dia, cada vez mais complicado. Pelo preconceito e pelas frases feitas, cujo sentido real é diminuto. Existe uma espécie de lei universal do futebol, que inexoravelmente determina não se poder ganhar apostando na formação. Afinal de contas, repete-se, o clube português que nas últimas décadas mais tem apostado nos jogadores da casa não tem conquistado grande coisa. Diz-se uma vez, duas, dez, e, quando damos por ela, nem o questionamos. Criamos automaticamente um quadro mental a que recorremos sem pensar: Formação = Perder. Como se o Sporting tivesse ganho apenas 2 campeonatos nos últimos 33 anos porque foi apostando nos Figo's, Ronaldo's, Quaresma's, Moutinho's, Viana's ou William's. Terá sido realmente esse o problema do Sporting? Não terá sido a falta de qualidade, sobretudo de quem vinha de fora, que acabou por obrigar o clube à aposta excessiva em jogadores da casa, mesmo quando não tinham qualidade para tais andanças? Como se a pior classificação da história do clube não tivesse ocorrido num dos períodos em que mais se gastou dinheiro para trazer jogadores estrangeiros “feitos”. Criou-se o mito de que a culpa é da formação, quando, em todos estes anos, foi o último dos problemas do Sporting. Foi, antes, inúmeras vezes a única solução para compensar de algum modo a falta de qualidade generalizada dos plantéis.

         

É bom lembrar que o futebol português venceu quatro Taças/Ligas dos Campeões e que nesses quatro triunfos predominavam jogadores da casa/nacionais. Eram equipas que incoporavam na perfeição a cultura do clube que representavam. Tudo aquilo tinha um significado que os jogadores vindos de fora não poderiam conhecer e/ou respeitar na sua total dimensão. O último Benfica europeu, o de 88 e 90, mesmo não ganhando, repousou no mesmo princípio.

         

Depois temos o exemplo moderno supremo que prova definitivamente aquilo que uma aposta sustentada na formação pode fazer por um clube. O Barcelona. De todos os gigantes europeus é aquele que mais aposta na formação e é tão só o clube mais vitorioso do século XXI. O mito de que "ninguém ganha nada a apostar na formação" ganha toda uma nova dimensão de ridículo quando pensamos no Barça. É escandaloso o número de jogadores da casa com os quais os catalães acabaram a vencer múltiplas vezes a prova máxima de clubes do futebol mundial, os quais custaram valores irrisórios ao clube, comparativamente aos respectivos titulares dos seus rivais directos.

         

E é chegando aqui que cada palavra deve ser usada com todo o cuidado, os diversos preconceitos já fazem fila para ridicularizar tudo isto. Como é óbvio, jamais poderemos lutar de igual para igual com o Barça, seria idiota da minha parte achar que sim. Por muito que se apostasse nos maiores talentos da casa, faltaria sempre a capacidade financeira para os complementar com os Dani Alves’s, Rakitic’s, Neymar's e Suarez's. A questão aqui é que a única forma de, pelo menos parcialmente, pelo menos nalgumas posições, nos equipararmos à qualidade dessas equipas é apostando nos jogadores que hoje custam pouco mais que zero e são nossos até decidirmos que sejam nossos e que amanhã teriam um valor de mercado insuportável se tivéssemos que os ir buscar fora de portas. Depois há outro impossível, claro: poderíamos segurar esses talentos anos suficientes para ganhar quatro títulos europeus? Não, num mercado periférico seria impossível. Mas não deve nem pode ser impossível segurar uma geração os anos suficientes para que se faça uma gracinha uma vez, pelo menos. Não digo, duas, três ou quatro. Digo uma.

         

A juntar a isso, que já não é pouco, há um detalhe fundamental: a identidade, a mística, a alma. É humano e não há volta a dar, só um jogador que ama um clube desde a infância poderá senti-lo ao ponto de colocar nalgumas ocasiões os objectivos e projectos desportivos do clube acima do seu estatuto de "profissional", termo que hoje, na minha opinião, tantas vezes utilizamos para encobrir o que não passa de meras lacunas morais. Da formação pode sempre sair um Paulo Sousa ou Manuel Fernandes, os tais “profissionais”, mas só da formação poderá sair um Rui Costa ou Bernardo, jogadores a quem os olhos brilhavam só de falarem no Benfica, porque a isso estavam habituados desde crianças, porque iam para a cama sonhando que o terceiro anel os idolatrava. Só a formação nos pode oferecer talentos desta qualidade, virtualmente a custo zero, sem que acabem por fazer os possíveis para deixar o clube à primeira proposta que tenham de um clube mais poderoso. O David Luiz ou o Enzo, por exemplo, gostavam muito do Benfica, até ao dia em que se lembraram que eram “profissionais” e não olharam a meios para nos deixar. Não há projectos desportivos a médio prazo que resistam com este tipo de mentalidade.

         

O Futebol é um negócio, mas não é só um negócio, urge compreender-se isto de uma vez por todas. Ou melhor, poderá ser um negócio tanto mais rentável quanto mais tiver como objecto central a identidade, a mística, o emblema, o sentimento... Uma equipa plena de identidade benfiquista trará necessariamente para o clube um capital desportivo-financeiro superior àquele gerado por uma equipa de meros profissionais, sem a devida ligação às bancadas. A noção de identidade deve andar de mão dada com a noção de profissionalismo. Não devem substituir-se, devem complementar-se. A equipa e a bancada não podem viver em mundos separados. Só assim um clube sem os meios dos tubarões europeus poderá fazer-lhe frente de alguma maneira.

         

E aqui regresso ao início do texto. Enquanto este Benfica não se realizar, o seu potencial continuará inexplorado. É um clube demasiado grande, que gera demasiado sentimento, para que um projecto deste tipo possa ficar guardado numa gaveta, sob o pretexto de que competir internamente nos sacia e a Liga dos Campeões serve apenas para participar ou, no máximo dos máximos, ser eliminado nos Oitavos ou Quartos-de-Final, não estando nem aí para isso, pois os maiores da nossa aldeia contiuamos a ser nós. Não foi com esse tipo de pensamento, pequeno e amedrontado, que nos tornamos outrora num colosso europeu. Ganhar internamente não é um sonho, é um objectivo claro, quase uma obrigação. Ganhar, ou perto disso, externamente, isso sim, é um sonho. E para os sonhos não se deve procurar desculpas para não os concretizar, deve encontrar-se o caminho para lhes dar vida. E depois por lá ficar, não apenas passar por lá. Devemos criar condições para que se torne um hábito e o clube já só consiga, para estar bem consigo mesmo, viver nesse patamar, com gerações de talentos a sucederem-se umas às outras, continuando a obeceder às leis do mercado, mas sobrevivendo às mesmas, renascendo constantemente sob a mesma forma, a única forma que sempre caracterizou as maiores equipas da história do Benfica.

 

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publicado às 14:14


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