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Análise ao 4º jogo do Benfica

por R_9, em 29.07.15

 

Naquele que foi o 4º jogo da pré-época do Benfica, os jogadores de Rui Vitória defrontaram hoje os mexicanos do América. Para este jogo, o treinador do Benfica escolheu um 11 titular muito perto daquilo que deverá ser a equipa para o primeiro jogo oficial. Júlio César na baliza, André Almeida, Luisão, Jardel e Eliseu na defesa, Fejsa e Pizzi no meio-campo, Gaitán e Carcela nas alas, estando Talisca no apoio a Jonas na frente de ataque.

 

A equipa do Benfica entrou bem no jogo, mostrando desde cedo que queria ter bola, circulando de pé para pé, mas aos 4 minutos depois de uma perda de bola de Gaitán, a equipa mexicana quase se adiantou no marcador, saindo a bola perto do poste esquerdo da baliza de Júlio César. Foram 15 minutos bons do Benfica. Equipa com muita posse, a recuperar muito cedo a bola, e a ter segurança na troca de bola. Mesmo não criando muito perigo, a equipa ia chegando perto da baliza adversária. Aos 15 minutos teve mesmo uma grande penalidade a favor, mas Jonas permitiu a defesa ao guarda-redes do América.

 

Nos primeiros 20 minutos o Benfica pressionou muito a equipa adversária e bastante alto. Pizzi e Fejsa muito adiantados a pressionar, e o sérvio estava mais subido do que é normal. Com isto, o Benfica recuperou muitas bolas mas também deixou muito espaço entre a defesa e o meio-campo. A partir dos 20 minutos o jogo do Benfica começou a cair de qualidade. A equipa continuava a ter bola, mas agora muito longe da área adversária. Os mexicanos começaram também a soltar-se, e iam chegando mais perto da área do Benfica.

 

O jogo começou a ficar feio, com os mexicanos a fazerem muitas entradas duras, algumas a roçar a violência. Aos 35 minutos o Benfica conseguiu voltar a chegar perto da baliza do América, mas Jonas atirou ao lado.

 

O jogo ia aproximando-se do intervalo e pouco de interessante se passava. Continuava a equipa do Benfica com alguma bola, mas depois de chegar ao meio-campo adversário isso não dava em nada. Aos 43 minutos e após um lançamento longo de Luisão, Jonas ganha a bola e quase marca. O jogo acabou por chegar ao intervalo empatado a 0.

 

Esta primeira parte e como já disse, teve uns bons primeiros 15/20 minutos por parte do Benfica, com a equipa a ter posse e segurança de bola e a chegar perto da baliza adversária. Apesar de pouco se ver de trabalho ofensivo, a equipa lá ia chegando perto e criando algum perigo, dominando o jogo. A partir dos 20 minutos isso deixou de acontecer.

 

Neste jogo, o Benfica assim como tinha feito no anterior, nas saídas a jogar deixou praticamente de usar o 3º central. Um dos médios ou tentava receber a bola na linha, ou era através dos centrais que se tentava jogar. Algumas vezes, e mais do que o normal nos jogos anteriores, Luisão bateu a bola para a frente, mesmo podendo arriscar a saída a jogar. Fejsa é um monstro defensivamente, mas tem dificuldades em dar à equipa segurança a sair a jogar e com Pizzi mais adiantado e não ajudando nas saídas, ainda teve mais dificuldade. Gaitán procurou muitas vezes o jogo interior nesta 1ª parte, ao contrário de Carcela que esteve quase sempre aberto na ala. Mais uma vez, o jogo ofensivo dos laterais foi praticamente nulo, e não deram quase nada à equipa.

 

Jonas sentiu-se muito sozinho na frente, e Talisca não deu muito apoio. Todos tentavam sair do lugar para vir buscar jogo e bola, faltando depois presença no ataque, afunilando muito. O Benfica esteve bem na capacidade de posse de bola, mas depois como nos outros jogos, faltou muita verticalidade. Os jogadores conseguiam levar a bola até ao segundo terço do campo, mas depois não se passava daí e nada se criava. Não se vê muito trabalho nessa vertente, é tudo muito básico e sem se ver nada delineado. Pizzi continuou a ser mais do mesmo, bom no ataque e em enormes dificuldades quando a equipa tem de defender, e nem Fejsa que é muito bom a ocupar aquele espaço, consegue disfarçar isso. Carcela voltou a demonstrar bons pormenores, mas não teve o apoio necessário. Nesta primeira parte voltou a estar demonstrado que o Benfica não pode ir à luta com estes laterais.

 

O problema que o Benfica tem tido na linha defensiva. Aqui temos os dois centrais a fazer uma linha e os laterais a fazer uma mais atrás. A bola entrou no avançado, que estava realmente fora-de-jogo, mas só estava porque ele não foi inteligente e demorou a recuar um pouco, ficando ali estático. Caso estivesse atento, tinha ficado isolado na cara de Júlio César. 

 

 

O Benfica continua a tentar evitar ao máximo que as equipas saiam a jogar nos pontapés de baliza, obrigando sempre o guarda-redes a bater a bola. Pizzi é quem sobe mais no terreno, colando mesmo nos avançados a fim de evitar as saídas.

 

 

Pizzi a pressionar muito alto, mais uma vez. Depois notou-se que rebentou fisicamente. 

 

 

O tal problema do buraco entre a defesa e os médios quando a bola ultrapassa a linha de médios do Benfica. 

 

 

Um movimento que o Benfica tem feito nas saídas. Gaitán a vir buscar e Pizzi a sair para fazer a posição do argentino. Enquanto isso, Carcela bem aberto na ala, e não a fazer o jogo interior que os outros extremos têm feito. 

 

 

A defender, a equipa tem colocado mais gente e mais perto da bola. Podemos ver aqui nesta imagem, os 10 jogadores do Benfica perto da bola e num curto espaço de campo. 

 

 

O problema que aconteceu no jogo anterior, voltou a acontecer agora. Adversário com bola a partir para a baliza do Benfica, e ninguém sai ao jogador, tendo ele continuado sempre com a bola até entrar na área. 

 

 

Para a 2ª parte, Rui Vitória fez entrar Marçal e Nuno Santos, tendo saído Eliseu e Carcela. Os dois jogadores que entraram formaram a ala esquerda, Gaitán foi para junto de Jonas, indo Talisca para o lado direito do ataque. O jogo manteve-se igual ao que tinha sido no final da 1ª parte. Benfica tentava criar algum perigo, mas pouco ou nada conseguia. Já se notava em muitos jogadores o cansaço.

 

Marçal e Nuno Santos tentavam dar mais acutilância ao lado esquerdo do Benfica, enquanto que Talisca e André Almeida do outro lado eram praticamente uma nulidade. Começava a ser desesperante a falta de ideias por parte do Benfica na parte ofensiva. Os jogadores também deixaram de conseguir sair a jogar com segurança a partir da defesa. Ou se perdia a bola ou se batia a bola para a frente. Nem com Gaitán junto a Jonas algo mudou na frente de ataque, e o brasileiro continuava sem bola, sem jogo e sem apoio. Também a pressão já não era a mesma, não era tão alta e tinha muito menos qualidade e eficiência.

 

Aos 64 minutos, Rui Vitória fez entrar Sílvio, Samaris, Cristante e Jonathan, para os lugares de André Almeida, Fejsa, Pizzi e Jonas. Sílvio foi para lateral direito, Cristante e Samaris formaram a dupla de médios centro e Jonathan foi colocar-se como o homem mais adiantado da equipa. Talisca trocou com Gaitán, vindo ele apoiar Jonathan no meio.

 

Nada mudou com as substituições, o jogo continuava a ser mais do mesmo, piorando a cada minuto que passava. Aos 69 minutos uma quebra na monotonia, com uma entrada gravíssima sobre Samaris, que valeu a expulsão a um jogador do América. Esperava-se que a partir daqui o Benfica fosse assumir e dominar mais o jogo.

 

O Benfica voltou a ter mais bola, mas mesmo assim isso foi a única coisa que mudou. Oportunidades de perigo e jogo ofensivo continuaram a ser nulos, e até foi o América que chegou com mais perigo à baliza de Júlio César.

 

Aos 81 minutos, os mexicanos quase marcam. Falta de comunicação e muita passividade na equipa e o América consegue entrar na área com a bola controlada ficando o avançado a centímetros do golo. Depois desse lance, Rui Vitória faz entrar Ederson, João Teixeira e Ola John, para os lugares de Júlio César, Luisão e Talisca. Samaris voltou a jogar a central com a saída de Luisão.

 

O jogo caminhou para o fim, o Benfica mais nada fez, não criando uma única oportunidade de golo, nem rematando à baliza. O América até foi melhor e mais perigoso que o Benfica nos últimos minutos. O jogo acabou 0-0, tendo o Benfica vencido nas grandes penalidades por 4-3.

 

Três exemplos da falta de presença na área, os dois últimos com o Benfica a jogar com mais um jogador em campo. No último lance podemos ver que Jonathan é mesmo o jogador mais recuado do Benfica dos 4 que estão na jogada.

 

 

 O grande afunilamento no jogo interior, com 7 jogadores no centro do terreno neste lance.

 

 

Os lances de bola parada ofensivos têm sido de uma nulidade completa. Nos livres só houve uma solução até agora, que é a bola para Jardel aparecer ao 2ª poste. 

 

 

Um dos poucos bons movimentos do Benfica na 2ª parte. Ola John com bola, Sílvio a aparecer e dois homens perto da área. Linha de passe fácil para Ola John meter a bola e Sílvio aparecer para desequilibrar, mas não, o extremo holandês preferiu parar e voltar para trás. 

 

 

A 2ª parte foi péssima, foi de uma nulidade absoluta. O Benfica não demonstrou nada de bom. Este jogo, começou bem, a equipa fez uns bons primeiros 20 minutos, mas depois quase que acabou para o jogo. Nota-se que a equipa quer ter bola, ter segurança de posse, e jogar mais pelo interior e encurtar o campo, mas até ver, isso não está a resultar bem.  Segurança na posse de bola até tem aumentado e apesar de tudo, a segurança defensiva não tem estado muito mal, apesar de algumas dificuldades na elaboração da linha defensiva. Também as saídas a jogar perderam qualidade neste jogo, isso foi muito visível, fazendo a equipa bater muitas bolas para a frente.

 

Com este jogo tão interior, não percebo o que quer Rui Vitória ao dar tanto tempo de jogo a Eliseu e André Almeida, principalmente a André Almeida. Para isto resultar, os laterais têm de dar muita largura ao jogo ofensivo da equipa, e André Almeida é muito sofrível nisso, não tendo qualidade ofensiva para tal. Depois também existem inúmeras trocas de posições, se por um lado poderia ser bom se houvesse bons mecanismos ofensivos, mas não tem sido porque não sai nada dali. Gaitán fez quase todas as posições do ataque, andando sempre a mudar de um lado para o outro, não rendendo em nenhum. Jonas tem sido outro jogador que não está a conseguir meter o seu futebol em prática, estando sempre muito sozinho no ataque. Neste jogo, quase todos os jogadores estiveram abaixo do esperado, mesmo aqueles de quem se espera mais. Nuno Santos entrou bem no jogo, e os minutos que Ola John teve até agora deveriam ter sido para ele. Marçal deu uma boa ajuda ao ataque, mas defensivamente comprometeu. Em 4 jogos, a equipa ainda não conseguiu criar um único lance de perigo nas bolas paradas ofensivas.

 

A equipa precisa de começar a mostrar mais, este jogo não foi bom, e a Supertaça está quase aí. O jogo ofensivo tem de começar a aparecer, o colectivo também, e há que começar a retirar o melhor de cada jogador. A equipa precisa também de uma vitória, para aumentar os niveis de confiança dos jogadores. Isto ainda não é o fim do mundo, Rui Vitória pode muito bem dar a volta à situação, mas não consigo não ficar preocupado com algumas coisas que vejo, principalmente com a competição a doer a tão poucos dias de começar. Reforços também se precisam urgentemente. 

 

Mais uma vez, falar no planeamento do Benfica para esta pré-época. Foram atrás do dinheiro e de algum prestígio, em vez de se ir fazer o estágio para onde está a equipa B, com umas excelentes condições. Depois anda a equipa a fazer um jogo nos Estados Unidos e passadas 48 horas já está a jogar no México. Isto em horários que nada têm a ver com a realidade que vamos ter durante a época, e ainda por cima a jogar em altitude. Isso no entanto foi bem pensado, não vá a equipa do Benfica apanhar uma equipa na Europa que faça da altitude dos Alpes a sua maior força, ou ir jogar ao Santos Pinto na Covilhã para o campeonato.

 

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publicado às 16:50


6 comentários

De Chama eterna a 31.07.2015 às 14:38

Off Topic

Estão a pensar fazer uma análise à pré-época da equipa B? Estaria bastante interessado em ler

De R_9 a 31.07.2015 às 18:16

Seria interessante falar do que se tem passado com a equipa B na pré-época, mas infelizmente não temos possibilidade de visualizar os jogos. A única coisa que existe é os resumos com os golos, e pouco mais, o que torna impossível analisar algo.

De chama eterna a 31.07.2015 às 19:52

Uma coisa é certa, o estágio da B teve melhores condições que o da A

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